A notícia de que Michel Temer “enquadrou” o ex-ministro Marcelo Calero para que ‘construísse uma saída’ para a liberação do empreendimento imobiliário desejada por Geddel Vieira Lima faz os impressos amplificarem o discurso oposicionista pelo impeachment.
*‘Identificado o crime de responsabilidade, o caminho é a abertura de um processo de impeachment de Temer. O governo Temer derrete’, declarou o líder do PT na Câmara, Afonso Florence ( BA).*
A Coluna do Estadão assinala que, ‘a uma semana de completar um ano da abertura do impeachment de Dilma Rousseff, Michel Temer vê seu governo desmoronar’.
O Estadão e o blogueiro Kennedy Alencar (iG) confirmam que as conversas de Calero com Temer, Geddel e Eliseu Padilha foram gravadas e repassadas à Polícia Federal.
Especificamente sobre o PT, o Estadão menciona Rui Falcão entre os participantes de um seminário que, hoje e amanhã, discutirá a criação de um novo bloco para se contrapor ao Muda PT.
De acordo com os repórteres Ricardo Galhardo e Juliana Granjeia, a corrente Novo Rumo deve manifestar apoio à candidatura de Lindbergh Farias para a presidência do partido, enquanto a Construindo um Novo Brasil deve insistir na tentativa de que Lula aceite comandar o PT temporariamente.
MANCHETES
*Folha*: ‘Sofri pressão de Temer, diz Calero’.
*Estadão*: ‘Ex-ministro diz à PF que Temer o pressionou para atender Geddel’.
*O Globo*: ‘Acuado por Calero, Temer agora quer tirar Geddel’.
*Correio Braziliense*: ‘Calero depõe, complica Geddel e envolve Temer’.
*Valor Econômico*: ‘Acordos da Petrobras nos EUA custam menos que o esperado’.
*PRINCIPAIS MATÉRIAS*
*PT – 2018*
Em suas versões online e impressa, o Estadão reporta que Lula tem defendido que o partido adote a estratégia de priorizar a eleição de deputados federais.
Assim, os principais quadros deveriam deixar projetos individuais de lado e se candidatarem em 2018, puxando votos para outros correligionários.
Os repórteres Ricardo Galhardo e Juliana Granjeia observam que o assunto ainda não foi discutido formalmente pela legenda e que as estratégias eleitorais devem ser definidas apenas durante o 6oCongresso, em abril.
Calero x Temer
Pelo que narrou o ex-ministro à Polícia Federal, Michel Temer o convocou para uma reunião no último dia 17.
Na ocasião, disse-lhe que o embargo do Iphan ao prédio de Geddel Vieira Lima havia criado ‘dificuldades operacionais’ no Planalto. Por isso, pediu a Marcelo Calero que encontrasse uma solução junto à Advocacia-Geral da União.
Segundo o ex-ministro, o peemedebista lhe advertiu que ‘a política tem dessas coisas, esse tipo de pressão’.
Calero disse ainda que Temer ‘demonstrava insistência’ em fazer com que ele ‘interferisse indevidamente’ no processo do edifício La Vue.
A transcrição do depoimento foi enviada ao Supremo Tribunal Federal e à Procuradoria-Geral da República, que podem abrir inquérito.
*Na tevê, o Jornal Nacional dedicou 6 minutos ao assunto.*
Resposta de Temer
Em nota, o peemedebista admitiu ter conversado duas vezes com Calero sobre a divergência, porém negou que o tenha pressionado a reverter o embargo do Iphan.
Seu objetivo no diálogo, alegou, foi ‘solucionar impasse na sua equipe e evitar conflitos entre seus ministros’.
Temer disse também que apenas sugeriu uma ‘avaliação jurídica’ da AGU sobre o caso.
Impeachment de Temer
Na Folha, a coluna Painel reproduz o trecho da lei do impeachment pinçado pelo PT para enquadrar Michel Temer: ‘Servir-se das autoridades sob sua subordinação imediata para praticar abuso de poder, ou tolerar que essas autoridades o pratiquem sem repressão sua’.
*Ação da PGR*
Um desdobramento do depoimento de Marcelo Calero à PF é o possível pedido da Procuradoria-Geral da República para que o Supremo Tribunal Federal autorize a abertura de inquérito contra o ministro Geddel.
Segundo a Folha, a inclusão dos nomes de Michel Temer e Eliseu Padilha neste pedido ao STF é cogitada, mas dependerá de uma análise mais profunda.
*Reações no PT*
Entre as fontes petistas que repercutiram o assunto na imprensa, Lindbergh Farias classificou como ‘absurda’ a revelação de Marcelo Calero. ‘No nosso entendimento, Temer vai ter que responder processo por crime de responsabilidade para ser julgado pelo Congresso’,
declarou o senador, em matéria na Folha.
Na cobertura do Estadão, o deputado *Paulo Pimenta fala em desvio de finalidade, uso do cargo de presidente da República para objetivos privados e crime de responsabilidade.*
*A coluna Painel, da Folha, acrescenta que os deputados Afonso Florence e Paulo Teixeira pedirão à PF cópia do depoimento de Calero e vão fazer novo pedido de convocação para que o ministro Geddel dê suas explicações na Câmara.*
Repercussão no Planalto
Painel traz a confirmação de auxiliares diretos de Michel Temer de que Marcelo Calero procurou colegas de Esplanada antes de pedir demissão – e que parecia estar ‘angustiado’.
A coluna da Folha ressalta a preocupação de Planalto e aliados com a possibilidade de o escândalo se somar à delação da Odebrecht.
O Estadão noticia que uma reunião de emergência foi convocada no Planalto.
Segundo o Valor Econômico, o governo está em ‘alerta máximo’.
O Globo afirma que Temer já mandou recados para Geddel de que quer a saída dele.
*Anistia a caixa 2*
Em impressos e no Jornal Nacional, a principal notícia sobre o assunto é o adiamento, para a próxima terça-feira, da tentativa da Câmara votar a questão em plenário.
O motivo foi a falta de consenso e a polêmica em torno da proposta.
A edição da Folha mostra os petistas Vicente Cândido e Afonso Florence entre os deputados que ‘participaram das discussões sobre a manobra’.
Ao Estadão, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, chama de ‘falsa polêmica’ a celeuma criada em torno da ideia: ‘Porque você não pode anistiar um crime que não existe. Você tem que criar algo que puna daqui para frente’.
Sergio Moro
*Segundo Painel (Folha), advogados da Lava Jato vão pedir uma sanção ao juiz federal por ter se manifestado sobre a Operação fora dos autos – ele reprovou ontem publicamente o projeto de anistia a caixa dois.*
Moro x Lula
No caderno Poder, a Folha reporta que, em nova audiência da ação contra o petista, o juiz federal desdenhou da tese de elo entre a Lava Jato e os EUA.
‘A relevância disso me escapa completamente’, minimizou.
Delação da Odebrecht
Por causa de um feriado nos EUA e da falta de consenso sobre o valor da multa a ser paga pela construtora, a assinatura do acordo deve ficar para a semana que vem, noticiam os impressos.
Banco do Nordeste
Pautado por nota da PF, o Estadão veicula que a corporação apurou que o deputado José Guimarães teria recebido dinheiro do colaborador Alexandre Romano no valor de R$ 97,7 mil em troca de sua intervenção junto ao ex-presidente do Banco do Nordeste, seu apadrinhado político’.
Segundo a investigação, encaminhada ao STF, ‘em troca dessa atuação foi facilitada e viabilizada a concessão de financiamento de R$ 260 milhões pela instituição financeira às subsidiárias de uma empresa responsável pela construção de usinas eólicas no Estado da Bahia’.
Repatriação de recursos
Outra notícia relevante nos cadernos de política é o fato de o texto que trata da regularização de recursos não declarados no exterior permitir o benefício a parentes de políticos na nova rodada de repatriação.
Apesar de o Senado ter tirado o trecho que autorizava a participação dos familiares, não há uma proibição clara – chicana que foi articulada por Romero Jucá, frisa o Estadão.
Senadores da oposição esperam que a Câmara barre a possibilidade.
*Empresariado x Temer*
A colunista Denise Rothenburg, do Correio Braziliense, reitera que há um consenso entre os empresários de que a ‘lua de mel’ com o peemedebista está chegando ao fim e, até agora, não há resultados contundentes na economia.
COLUNISTAS E OPINIÃO
*Temer x Geddel*
Em box de opinião editado no caderno País, O Globo afirma que Michel Temer não tem outra alternativa a não ser demitir o ministro da Secretaria de Governo, já que ‘tudo tem limites’.
Crise no Planalto
Realçando o recrudescimento da instabilidade política, Eliane Cantanhêde (Estadão) salienta que, em vez da ‘pacificação nacional’ prometida, o governo Temer trouxe ‘várias guerras simultâneas’ a Brasília.
*Repatriação de recursos*
A Folha resume que o projeto aprovado no Senado terminou por ‘oferecer benefícios indevidos a acusados de corrupção’.
O editorial afirma que a manobra para permitir a inclusão de parentes de políticos entre possíveis beneficiários ‘afronta a opinião pública’.
*Anistia a caixa 2*
Em O Globo, o alerta é de que os acordos de delação da Odebrecht estão levando políticos a tentar a anistia de crimes eleitorais ‘a qualquer custo, e isso deteriora ainda mais a imagem do Congresso’.
Já Hélio Schwartsman minimiza o impacto da proposta, citando que outros tipos penais seguem intactos – como corrupção, lavagem de dinheiro e peculato, crimes, em regra, pelos quais políticos são enquadrados. O colunista da Folha lembra ainda que o Supremo Tribunal Federal pode agir para impedir eventuais abusos.
Para o Valor Econômico, ‘a desmoralização própria que deputados e senadores promovem à luz do dia para salvar a pele é um espetáculo vexaminoso’.
Também no Valor, Raymundo Costa escreve que Michel Temer apoia veladamente a ideia e que está ‘jogando a sorte de sua coalizão’ na aprovação da anistia.
Lava Jato
Reinaldo Azevedo se defende das críticas que tem recebido por passar a atacar a Operação.
Após sustentar que ‘sempre apostou na luta política’ para combater o PT, o colunista da Folha discursa que seu ‘liberalismo não admite um período de autoritarismo profilático’.
*BLOGS E PORTAIS*
Calero x Temer
Kennedy Alencar (iG) confirma que o Ministério da Justiça recebeu da Polícia Federal a informação de que o ex-ministro da Cultura entregou ao órgão gravações das conversas que teve com Michel Temer e os ministros Geddel Vieira Lima e Eliseu Padilha.
No G1, Gerson Camarotti posta a avaliação do Planalto de que o depoimento de Marcelo Calero à PF ‘deixou em situação difícil toda a cúpula do governo’.
Pimentel x ajuste
Lauro Jardim relata que o governo federal faria anteontem a transmissão via NBR, ao vivo, da reunião dos governadores, mas desistiu quando se soube que Fernando Pimentel faria uma crítica ao vivo contra a proposta de uma reforma da Previdência conjunta.(*Assessoria de Imprensa Dep. Fed. Dionilso Marcon PT/RS)
