Pesquisa aponta desestruturação do transporte fluvial misto no Amazonas

Transporte fluvial desestruturado no AM/Foto: Divulgação Sindarma

A desestruturação do transporte fluvial de cargas e passageiros (misto), nos rios que banham o Amazonas, é um dos principais problemas apontados em pesquisa. O estudo foi desenvolvido pelo Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas (Sindarma), em parceria com o Instituto de Pesquisa em Transportes (Intra), mostrando um diagnóstico do transporte fluvial misto nas rotas estaduais do Amazonas e ligações interestaduais.
O coordenador geral da pesquisa e especialista em transporte hidroviário de interior, José Teixeira, disse que o objetivo do estudo é desenvolver um conjunto de ferramentas que permita a avaliação do setor com foco no transporte de passageiros e cargas, na perspectiva operacional e comercial.


“O estudo é importante tanto no sentido de resultados práticos como acadêmico. Já havia estudos básicos, mas sem exploração dos resultados devido à carência de mecanismos de análise, ou seja, levanta-se informações e não sabem a maneira de analisá-las para apontar conclusões”, comentou.

O estudo foi iniciado no final de 2013 e concluído no primeiro semestre de 2015. A pesquisa está dividida em quatro etapas: estudos básicos, dados sobre passageiros e cargas, banco de dados e diagnóstico operacional.

As duas primeiras etapas da pesquisa reúnem dados de estudos já existentes do setor, mas que não tinham sido explorados totalmente. As demais fases do estudo trazem levantamentos inéditos com dados coletados nas embarcações.

“Há percepção do sistema a partir das visitas de coleta de dados nas embarcações e temos a percepção de um grupo de especialistas. A primeira etapa é uma alternativa para identificar o êxodo de transporte, que envolve as características das embarcações e das cargas transportadas. Conseguirmos perceber a real condição do sistema de transporte que está desestruturado com a comparação de rotas estaduais e interestaduais”, explicou Teixeira.

A ausência de mecanismo de planejamento e de regulação preocupam os especialistas. A recomendação estrutural sugerida no estudo é tentar transferir atividades logísticas e econômicas para fora da cidade de Manaus, concentrando novos polos de desenvolvimentos em localidades de médio porte, tais como: Coari, Tefé, Tabatinga e Parintins.

“Percebemos o quanto é necessária a busca da regulação do transporte hidroviário de interior no Amazonas porque o setor está desestruturado. Ficamos chocados com a relação de carga e distância. Tem embarcações de maior porte disputando distâncias longas com embarcações menores, o que gera divergência na economia de escala”, justificou o pesquisador.

O estudo é pioneiro ao calcular um índice global para determinar a relação entre o número de passageiros e a quantidades de cargas por quilometro chamado IPCK, percorrido nas rotas hidroviárias dos estados do Pará e Amazonas. O índice ideal seria menor distância com maior volume de cargas.

“Na maioria das rotas o índice é baixo. Isso significa que existe um grande número de embarcações percorrendo longas distâncias com desbalanceamento expressivo entre cargas e passageiros. Existem pouquíssimas rotas que vão de regular à alta”, informou o coordenador da pesquisa.

A pesquisa observou que a movimentação de passageiros no transporte fluvial do Amazonas foi de, aproximadamente, 1.3 milhões no ano de 2014. A média de movimentação dos trechos é de 17 mil toneladas. Já a quantidade de carga movimentada nos 73 trechos com origem/destino o Amazonas, no ano de 2014, foi de aproximadamente, 1.8 milhões de toneladas. O estudo foi desenvolvido por uma equipe técnica composta por nove pesquisadores, além da colaboração de alunos de mestrado e graduação. O Sindarma apoiou o projeto.

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