Polícia Civil desarquiva investigação do desaparecimento de Marco Aurélio após 36 anos

Foto: Divulgação

Era 8 de junho de 1985 quando o escoteiro Marco Aurélio Simon e mais três amigos tentavam alcançar, na companhia de um líder, o cume do Pico dos Marins, que fica em Piquete (SP), a 2.420 metros de altitude. Durante o trajeto, um dos meninos torceu o pé, o que fez o líder autorizar que Marco Aurélio, então com 15 anos, voltasse para buscar ajuda. Mas o garoto nunca retornou — e também nunca mais foi visto. As buscas duraram 28 dias e o inquérito foi encerrado sem conclusão.


36 anos depois, agora, em julho de 2021, a investigação do caso foi reaberta pela Polícia Civil. Encerrado em 1990 sem conclusão, o inquérito foi retomado após autorização da Justiça, com novos indícios sobre o que pode ter acontecido — inclusive a possibilidade de que Marco Aurélio esteja vivo.

O delegado responsável pelo caso a partir de agora, Fábio Cabett, solicitou à Justiça o desarquivamento do inquérito no mês passado, após o pai do escoteiro, o jornalista Ivo Simon, de 82 anos, ter procurado a polícia com informações. Segundo os novos indícios, o filho dele teria sido morto e enterrado em um local onde hoje fica uma pequena casa, na área em que os escoteiros haviam acampado à época, na zona rural de Piquete.

“Temos duas vertentes a serem trabalhadas: de que o Marco Aurélio estaria enterrado nessa área e a outra de que teriam visto um morador de rua em Taubaté, com os mesmos traços dele. Já oficializei as penitenciárias, fiz contato com a polícia da cidade e a técnica que projetou um cronograma de ações em três etapas, com reconhecimento de área, equipamentos e a escavação de fato”, disse o delegado.

As primeiras diligências tiveram início na última quinta-feira (15), quando o delegado esteve com o pai do escoteiro na propriedade para reconhecimento de campo. Além de novos depoimentos, as próximas ações deverão contar com policiais e peritos de cidades da região e de São Paulo, além de cães farejadores, escavações e derrubada de árvores do local. Não há prazo para conclusão dos trabalhos.

Na próxima semana, o delegado deve ir até Minas Gerais, onde vivem as duas filhas do antigo proprietário do imóvel apontado como possível local de um suposto crime. Uma delas teria visto uma área semelhante a uma cova, onde acreditava que poderia haver alguma relação ou pista ligada ao caso. Ela teria tentando escavar à época, mas não obteve sucesso.

O Pico dos Marins é um ponto turístico importante de Piquete. Montanhistas de todo o mundo vão até a cidade para escalar o cume, o segundo mais alto do estado de São Paulo.

Entenda o desaparecimento

O escoteiro Marco Aurélio Simon desapareceu na manhã do dia 8 de junho de 1985. Ele e outros três amigos, todos com 15 anos à época, estavam acompanhados de um líder e tentavam alcançar o cume do Pico dos Marins, a 2.420 metros.

No caminho, um deles torceu o pé e o líder autorizou que Marco Aurélio voltasse sozinho ao acampamento para pedir ajuda. O grupo se perdeu e, quando chegou ao local, encontrou a mochila de Marco Aurélio, mas o adolescente não estava lá.

Foram 28 dias de buscas com policiais de diferentes corporações, além de mateiros, alpinistas, especialistas e aeronaves. Até hoje, nenhuma pista do escoteiro foi encontrada.

Mais de 30 anos à espera de respostas

Mesmo após mais de três décadas, o pai de Marco Aurélio nunca desistiu de obter respostas.

“Ninguém admite o erro que o líder escoteiro cometeu, autorizar o meu filho a buscar socorro sozinho. É algo estranho, que nunca foi bem explicado”, analisa.

Nas falas, ele se traduz como um obstinado e diz que não vai morrer antes de saber o que aconteceu com o filho.

“Sou imortal, não vou morrer enquanto não tiver essas repostas. Tenho 82 anos e a saúde melhor que a sua. Vou procurar até ter uma resposta. Não sei qual seria a minha reação de encontrar meu filho hoje. Mas, se descobrirem as ossadas e comprovar que são dele, consegue imaginar o meu choque? Aí, seria outro problema: quem matou meu filho?”, disse Ivo.

Fonte: G1

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