Presidente do Peru é destituído e preso após tentar dissolver Congresso

residente do Peru é destituído e preso após tentar golpe. Foto: Presidencia Perú/Flickr

O presidente do Peru, Pedro Castillo, foi preso e destituído pelo Congresso nesta quarta-feira (07/12) após anunciar a dissolução da Casa e o estabelecimento de um “governo de exceção”.


Tudo aconteceu depois que Castillo fez o anúncio inesperado – que foi descrito como um “golpe de estado” por representantes de todo o espectro político – poucas horas antes de uma sessão do Congresso em que seria votada uma moção de vacância, algo similar a um impeachment, contra ele.

Após o anúncio, o Congresso acabou declarando com 101 votos a favor a vacância do presidente, ou seja, sua exoneração. O argumento do Parlamento, que é unicameral, foi a sua “permanente incapacidade moral” para exercer a Presidência.

A Casa determinou que a vice-presidente Dina Boluarte assumisse a Presidência.

Foi a terceira vez que o Congresso votou a destituição de Castillo, mas desta vez a votação superou os 87 votos necessários, que não tinham sido alcançados nas sessões anteriores.

Segundo a mídia local, após a sua destituição, Castillo compareceu à delegacia de polícia de Lima, onde foi preso.

A Polícia Nacional confirmou sua detenção.

O analista Alfredo Torres, do instituto Ipsos Peru, afirmou que “fracassou a tentativa de golpe de Estado por parte de Castillo e ganhou a democracia. Todas as instituições rejeitaram o golpe, incluindo a Justiça, o Ministério Público e o Tribunal Constitucional e as Forças Armadas e a Polícia Nacional”.

“O golpe de Castillo foi uma manobra desesperada para tentar conservar o poder porque existem várias denúncias, com depoimentos, de corrupção contra ele”, disse Alfredo Torres, da Ipsos, de Lima.

Pronunciamento à nação

Algumas horas antes, de terno e gravata, com a faixa presidencial e sem o chapéu que o caracterizou durante sua campanha presidencial, Castillo, em mensagem à nação, assegurou que sua decisão de dissolver o Congresso foi uma resposta ao “obstáculo” imposto pelo Poder Legislativo ao seu governo.

“Em resposta à reivindicação cidadã em todo o país, tomamos a decisão de estabelecer um governo de emergência visando a instauração do Estado de direito e da democracia”, afirmou antes de anunciar as medidas que a sua decisão implicava.

Eram elas:

    • Dissolução temporária do Congresso;
    • Convocação para eleições de um Congresso Constituinte;
    • Governo baseado em decretos-lei até que haja uma nova Constituição;
    • Toque de recolher em todo o país das 22:00 às 04:00 a partir de 7 de dezembro;
    • Reorganização do Judiciário e demais órgãos judiciais;
    • Confisco de armas em posse ilegal de civis.

“O modelo econômico baseado em uma economia social de mercado será escrupulosamente respeitado”, afirmou o presidente. “A propriedade privada será respeitada e garantida.”

Os portais peruanos de notícias também qualificaram o gesto de Castillo como um golpe de Estado. “Golpe de Estado: Pedro Castillo anuncia fechamento do Congresso”, publicou o El Comercio, de Lima, crítico da gestão presidencial. Na mesma linha, o La República publicou: “Pedro Castillo dá golpe de Estado”.

Castillo assumiu a Presidência em julho de 2021. Desde então, enfrentou diversas acusações de corrupção e foi obrigado a substituir seus ministros em diversas ocasiões.

Após o anúncio do presidente, os ministros da Economia, Justiça, Trabalho e Relações Exteriores, bem como o embaixador do Peru na ONU, anunciaram sua renúncia. O advogado de Castillo também anunciou que estava renunciando ao cargo de representante de seu cliente.

Pouco depois, as Forças Armadas e a Polícia Nacional emitiram um comunicado conjunto no qual anunciavam: “Qualquer ato contrário à ordem constitucional estabelecida constitui uma violação da Constituição e gera descumprimento por parte das Forças Armadas e da Polícia Nacional do Peru. “.

A Corte Constitucional, entre outras instituições, qualificou o governo Castillo como “usurpador”.

bbc

Artigo anteriorProduções científicas do Amazonas são selecionados em encontro da Rede CIEVS
Próximo artigoPirâmides do Egito podem desaparecer em 100 anos devido às mudanças climáticas

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui