A notícia de que uma eventual candidatura do ex-senador João Pedro (PT) ao governo do Amazonas nas eleições de 2022, estaria sendo discutida por um ‘expressivo movimento’, soou como uma imensa desconfiança no seio da militância e na direção estadual e municipal do Partido. Muitos, sequer haviam cogitado essa possibilidade.
“João Pedro é candidato dele próprio”, afirmam membros da militância ligados aos movimentos sindicais, sociais, indígenas, meio-ambiente e, acrescentam: “mostre um único projeto do ex-senador suplente, que tenha favorecido os trabalhadores e os movimentos no Estado”.
Pacote pronto
Mas não é só a candidatura sem discussão na base, que está preocupando a militância, mas a intenção do João Pedro de querer, novamente, aproveitar a onda de crescimento do PT, com a candidatura Lula e se lançar como ‘único articulador das decisões no Amazonas’, sem se dirigir às bases no Estado e se apresentando como off-boy de entrega de pacotes prontos da direção nacional.
PT sem rótulo
As decisões do partido no Amazonas, não passam por João Pedro e nem dependem dele para acontecer. As articulações são feitas hoje, pelos presidentes dos Diretório Estadual e Municipal da legenda, além de sindicalistas, movimentos sociais que seguraram a ‘onda cinza’ do período pós golpe de 2016.
Para o tesoureiro do diretório estadual, Thiago Medeiros, o PT não tem rótulos, não tem pessoas rotuladas que se lançam candidatos, sem sequer, discutir com o Partido. “Não temos pessoas maior que o PT no Amazonas”, afirma.
Ou seja, o ex-senador pode até ser candidato, mas terá, como os outros membros do partido, que passar pelas prévias, depois de ampla discussão interna e no meio da militância. Ao contrário do que tem feito o João Pedro e o deputado federal José Ricardo, que lançaram pré-candidaturas ao governo e ao Senado, respectivamente, sem conversar com o partido.
“O que dá a entender com estas candidaturas, é que eles tentam deixar toda a direção municipal e estadual ‘comendo moscas’, sem saber do que se trata a decisão, que nem sequer, foi ventilada na Direção Estadual”, lamenta.
A estrada para chegar à condição de pré-candidato no PT é bastante longa, depende de muito jogo de cintura e poder de convencimento, como tudo que é discutido e aprovado dentro e fora das tendências internas. E, ponto final, até que se discuta novamente.
George Cúrcio – jornalista