
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou dois homens e uma mulher por tentativa de latrocínio no caso de um assalto ocorrido em dezembro que tinha o objetivo de roubar 47 quilos de ouro ilegal em Manaus. Avaliado em R$ 15 milhões, o material não foi levado pelos assaltantes porque os policiais chegaram ao local do crime muito depressa, num episódio que ficou registrado como a maior apreensão de ouro ilegal da história do Amazonas.
A denúncia é de autoria de procuradores da República que integram o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPF no Amazonas e atuaram em cooperação com os ofícios da Amazônia Ocidental em Manaus. A mulher e um dos homens denunciados também vão responder por comunicação falsa de crime.
O crime aconteceu na manhã do dia 9 dezembro de 2023. Os dois responsáveis pelo transporte do ouro proveniente de garimpo ilegal saíram do Aeroclube do Amazonas num carro, com as barras acondicionadas em malas. Quando percorriam a Avenida Professor Nilton Lins, uma das principais da Zona Norte da capital amazonense, passaram a ser perseguidos por dois outros veículos, um deles com a placa adulterada. Vários tiros foram disparados contra o carro que transportava o ouro ilegal, e um dos ocupantes foi atingido no abdômen. Com o ataque, os dois homens deixaram o carro na pista e se esconderam dentro de uma loja.
O objetivo, segundo o MPF, era que saíssem ilesos da investigação. A partir daí, a apuração comprovou que o veículo não havia sido roubado (o que caracteriza comunicação falsa de crime), assim como a participação dos dois na tentativa de latrocínio. Após testemunhos, cruzamentos de dados, análise de câmeras de vigilância da cidade e do histórico dos carros, entre outras providências de investigação, foi possível localizar o veículo usado na fuga e comprovar a participação do terceiro envolvido no crime.
Na denúncia, o MPF destaca que a origem ilegal do ouro ficou demonstrada pela investigação e por meio de laudos periciais. Por esse motivo, os dois homens que transportavam o material foram presos em flagrante no dia do ataque, processados e condenados por usurpação de patrimônio da União.
Os procuradores explicam que o crime de latrocínio tentado atinge não só os ocupantes do veículo perseguido, mas também a União, verdadeira dona do ouro apreendido.
De acordo com o MPF, embora os tiros não tenham sido suficientes para matar os dois ocupantes do veículo que transportava o ouro ilegal, a morte deles e o roubo do mineral eram os propósitos dos criminosos. Os três denunciados agiram “com consciência e vontade, cientes da ilicitude e reprovabilidade de suas respectivas condutas, tentaram subtrair coisa móvel alheia (ouro), mediante violência, que não resultou em morte por circunstâncias alheias às vontades deles”.