

A semana registra fatos que merecem destaque. Tivemos o recurso do ex-presidente Lula à ONU, a perícia feita no sítio de Atibaia, o discurso de Nancy Pelosi, ex-presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, em convenção do Partido Democrata, e a apresentação das alegações finais da defesa de Dilma Rousseff, no processo de impeachment em curso no Senado Federal. Num ou noutro sentido, há uma linha entre os acontecimentos e seus personagens.
Lula contratou Geofferey Robertson, advogado de Julian Assange, do caso WikiLeaks, e do boxeador Mike Tyson. Com o famoso patrono, bateu às portas do Comitê de Direitos Humanos da ONU, com denúncias contra o juiz Sérgio Moro. O procedimento foi proposto contra o Estado brasileiro, com acusações de abuso de poder e de violação do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos. Faltaria imparcialidade ao magistrado da Lava-Jato, que teria praticado atos ilegais ao longo das investigações, especialmente em relação ao vazamento de gravações de conversas de Lula com Dilma. Ainda segundo o a dvogado, o ex-presidente teme ser preso a qualquer momento, de forma arbitrária e com ofensa a direitos elementares, como já ocorreu com réus que fizeram delação premiada, sem que tivessem oportunidade de apresentar pedidos de habeas corpus.
Há uma indagação que precisa ser logo respondida: quem pagou ou está pagando os vultosos honorários do célebre advogado? Será que os lulopetitas estão providenciando uma vaquinha pelas redes sociais, exatamente como fizeram com Dilma, a fim de que a presidente afastada pudesse viajar pelo país em jatinhos fretados? Ou o ex-metalúrgico está finalmente metendo a mão no bolso, gastando a fortuna que amealhou com suas palestras internacionais (?), o que não vinha fazendo até então, com os custos altíssimos da reforma do sítio de Atibaia, bancados pelas empreiteiras Odebrecht e OAS ?
Lula, como sempre, insiste no engodo e na mentira, envergonha o Brasil, trata o país como republiqueta de banana, expõe a Nação e seus filhos, ao reclamar perante as Nações Unidas contra o não funcionamento de instituições que constituem as instâncias superiores do Judiciário brasileiro. Num só lance, agride o Tribunal Regional Federal de Porto Alegre, o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal, que não estariam dando resposta a recursos interpostos ou a serem ajuizados contra as transgressões apontadas. Seus advogados omitem, como convém, que os tribunais têm revogado algumas decisões do juiz Sérgio Moro, embora em percentuais mínimos, diante do acerto amplamente majoritário das decisões bem fundamentadas do magistrado paranaense.
Coincidência das mais infelizes e comprometedoras para o ex-metalúrgico, dá-se com a conclusão do laudo pericial que o incrimina e o deixa sem saída sobre crimes de ocultação de patrimônio e outros referentes ao sítio de Atibaia, no exato momento em que procurou a ONU. Agora não há mais como negar a propriedade do imóvel, cujas obras foram orientadas pelo ex-presidente e sua mulher, Mariza Letícia, conforme denúncia do arquiteto Paulo Gordilho, com quem Lula dividiu o consumo de uma boa garrafa de cachaça Havana e mais algumas outras tantas de cerveja.
Fatos são fatos, ele que se defenda, com fortes elementos de convicção, que possam absolvê-lo da prática de tantos ilícitos, o que não conseguirá, em cotejo com provas tão evidentes e incriminadoras. Assim, com carga tão pesada sobre os ombros e com o país em pleno funcionamento de suas instituições de Estado, de nada adiantará acionar a ONU, que levará ao merecido arquivo a representação de Lula, até por falta de competência para adoção das medidas requeridas em petitório absolutamente inepto.
Com o oferecimento das razões finais de defesa de Dilma Rousseff cumpre-se uma das fases do julgamento do processo de impeachment. Até os últimos dias de agosto, haverá de consumar-se a decisão de afastamento definitivo da presidente, evidenciando-se com todas as tintas a falência da gestão da pupila de Lula, expressão da incompetência administrativa e da tolerância com a corrupção e o aparelhamento do Estado, para dizer o mínimo. As palavras de Nancy Pelosi – “quando as mulheres têm sucesso, o país tem sucesso”, proferidas na convenção dos democratas americanos, soam como verdadeiras no mundo contemporâneo e civilizado. No entanto, é lamentável constatar que no Brasil não tivemos êxito. A mulher presidente, que fazia questão de intitular-se presidenta, como se bastasse feminizar o termo, não teve o menor sucesso, foi um desastre. Mais grave, comprometeu a luta heroica das mulheres brasileiras, ao ser apeada do poder como incapaz, fazendo triste figura na história recente do país.
P.S. Lula acaba de virar réu em ação penal por tentativa de obstrução da Lava-Jato, em decisão do juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10a. Vara da Justiça Federal de Brasília. Como se vê, não se trata do juiz Sérgio Moro. E agora Lula?( Paulo Figueiredo é Advogado, Escritor e Comentarista Político – [email protected])