
“A Amazônia é um potão de vírus”, afirma o cientista David Lapola. Segundo ele, o desmatamento gera o desequilíbrio ecológico e altera as cadeias, facilitando a propagação do coronavírus.
Formado em Ecologia, Lapola lembra que em décadas anteriores o mundo já sofreu com o HIV, o ebola e a dengue. “Foram todos vírus que acabaram ou surgindo ou se disseminando de uma maneira muito grande a partir de desequilíbrios ecológicos”.
Lapola diz que essa transmissão ocorre com mais frequência no sul da Ásia e na África, onde se encontram majoritariamente certas famílias de morcegos, mas que a biodiversidade da Amazônia poderia caracterizar a região como “o maior repositório de coronavírus do mundo”. “A culpa não é dos morcegos, não é para sair matando morcego por ali. É mais uma entre ‘n’ outras razões para não fazermos esse uso irracional que agora está aumentando ainda mais da Amazônia, a nossa maior floresta”, ressalta.
“Quando você gera esse desequilíbrio ecológico, você altera essas cadeias e nessa hora pode acontecer esse pulo do vírus [dos animais para os humanos]”, explica, em entrevista à AFP.
Lapola adverte que a conjuntura atual, com o avanço do coronavírus, que já provocou 12.400 mortes no Brasil, dificulta ainda mais a vigilância da floresta tropical, já ameaçada. Nos primeiros quatro meses de 2020 foram desmatados 1.202 km2 de floresta, segundo dados de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).