‘Amigas Pero no Mucho’, com André Gonçalves, estreia no Teatro Manauara

Amigas, Pero Mucho, no Teatro Manauara/Foto: Divulgação

Pela pouca maquiagem, figurino minimalista e certa dificuldade de se manter sobre o salto, o espectador vai perceber logo de cara, que são homens interpretando personagens femininas. Não é por falta de apuro estético, é de propósito. Assim defini-se a comédia “Amigas Pero No Mucho”, nova montagem da Fred Soares Produções, que volta a realizar um espetáculo baiano depois de 10 anos e que entra em turnê nacional a partir dese mês de julho de 2015.
Em Manaus, a peça será apresentada nos dias 18 e 19 de julho, às 21h00 e às 19h00, no palco do Teatro Manauara. Os ingressos estão à venda pelo site www.ingresse.com e na bilheteria do teatro, do Manauara Shopping.


“Amigas Pero no Mucho”, que tem texto da paulista Célia Forte, não tem a intenção de ser realista. Não é um drama, é uma comédia de costumes, que tem a direção de José Possi Neto e traz o ator André Gonçalves no papel principal, que junto com os atores baianos Lucio Tranchesi, Widoto Áquila e Agnaldo Lopes, apresentam as amigas Débora, Fram, Sara e Olívia respectivamente.

Sobre a nova montagem

Para Possi Neto, também é a oportunidade de ver surgir uma nova versão do trabalho, que está na quarta montagem sob sua direção. Desde a estreia, em 2010, a peça já passou por teatros de São Paulo e do Rio de Janeiro, sempre com diferentes atores se revezando no palco a cada temporada.

A única coisa que não muda é o texto escrito pela dramaturga  Célia Regina Forte. A história mostra o encontro de quatro amigas, entre 35 e 55 anos, que destilam veneno e lavam roupa suja, ao mesmo tempo em que revelam delicadezas e expõem suas fragilidades.

Mas, vale lembrar, o tempo todo está claro que são homens vestindo a carapuça. “Os atores não se obrigam nem a fazer voz de mulher, a não ser quando a própria situação pede um falsete. O mais importante é o universo feminino”, reitera o diretor Possi Neto.

As personagens

Vamos às apresentações. Na peça estão Fram (Lúcio Tranchesi), ninfomaníaca que gosta de meditação e tem uns tiques nervosos. Débora (André Gonçalves) é a divorciada, inteligente e irônica, embora ainda sonhe com o príncipe encantado.

Sara (Widoto Áquila) é a executiva reservada e bem-sucedida que fuma descontroladamente e não tem papas na língua. E Olívia (Agnaldo Lopes) é a ex-rica desiludida que hoje dirige uma van escolar para sustentar marido e filhos.

Saltos e intrigas

Lúcio Tranchesi, que recentemente interpretou um travesti na peça Salmo 91, fala de sua Fram. “Ela é a mais velha e a mais louca de todas, é uma delícia. Apesar da idade, tem uma feminilidade muito evidente. E fantasia muito as intrigas”, resume.

“A primeira vez que li o texto, confesso que fiquei um pouco preocupado, não achei verossímil. Mas percebi que conheço mulheres assim. Sempre tem aquela inveja da mais jovem, da mais rica, da mais bonita”, avalia o ator.

Widoto Áquila interpreta justamente essa figura invejada que, além de tudo, ainda é a mais alta – o ator tem 1,84 e ganha mais uns 15 cm depois de subir num salto agulha. Mas tem um detalhe: Sara carrega a cruz de ser filha de um político corrupto.

“O calcanhar de Aquiles dela é a história do pai, mas ela garante que o dinheiro dela não é sujo”, defende o ator. A moça também carrega o ímpeto dos mais jovens: “Ela é a sincera, que esfrega na cara. É bem o retrato dessa geração que qualquer coisa aperta o botão do f…!”, completa.

Para se colocar no lugar de Olívia, Agnaldo Lopes só fez uma exigência. “Só pedi que o sapato não fosse muito alto porque nunca andei de salto”, revela o ator, habituado a encarnar personagens másculos como cangaceiros e delegados.

Para fazer sua primeira mulher, ele conta que pescou elementos da televisão e das ruas, principalmente no que diz respeito ao gestual. Mas a surpresa maior foi em relação ao comportamento.

“É claro que o texto teatral é pintado com cores berrantes, mas mesmo assim fiquei intrigada (sic) com esse hábito de destilar veneno. É assim mesmo?”, questiona o ator, deixando escapar um adjetivo no feminino. “Tá vendo como pega?”, brinca.

Haja Ventilador!

Completa o quarteto a Débora de André Gonçalves, convidado especialmente para a temporada baiana. “O texto de Célia Forte é universal, poderia ser apresentado em qualquer lugar”, elogia o ator, que compara a situação a algo bem conhecido do espectador: “Parece festa de Natal em família, sabe?”.

É na casa dela que a trama se desenrola, com revelações de fazer arrepiar até os cabelos das perucas. Um dos babados vem da própria anfitriã, que resolve contar pra todo mundo que o pai é gay. E é ela também quem diz uma frase que resume bem aquele momento: “Haja merda, haja ventilador!”.

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