Ao mestre, minha eterna admiração – por Sérgio Giacomelli

Sérgio Giacomelli é escritor, engenheiro eletricista e um apaixonado por pesquisas - Foto: Reprodução

A palavra professor inspira conhecimento, sabedoria, referencia, experiência de vida e tantos outros adjetivos. Platão, em “A República”, já alertava para a importância do papel do professor na formação do cidadão. Uma influência que vai além de temas acadêmicos ou pedagógicos, exerce um poder subliminar sendo um dos principais agentes de transformação social.


Todos devem ter um docente que marcou a vida acadêmica. O meu é o professor Silveira, que lecionava a disciplina de automação no curso técnico em Eletrônica do CEFET, em Curitiba. Era a referência da nossa turma e em toda aula passava uma lição, um exemplo de superação. Enfim, a classe apreciava aquelas doses diárias de experiência de vida. Uma conduta homeopática, positiva e bem-humorada que estimulava o aprendizado.

Certa aula ele chegou apático e desolado e, “sincerão” como era, não conseguiu esconder de nós as frustrações, e nem conseguiria. Percebendo isso, perguntamos se havia algo errado. Naquele dia, nos contou uma experiência negativa que havia lhe acontecido na profissão, dias antes. Seu depoimento foi como uma janela aberta em um dia gélido de inverno. Apesar do testemunho nos servir de experiência para o futuro, lembro que argumentei: todas as aulas tínhamos uma palavra de vencedor e que o relato impassível não se assemelhava em nada ao professor que estávamos acostumados a conviver. Como, o nosso exemplo, havia proferido duras palavras naquele dia? Poderíamos desacreditar a sua pregação até então?

Não lembro de como tudo terminou, mas recordo que, dois dias depois, o professor Silveira chegou na sala com o mesmo entusiasmo de sempre. Antes da chamada, sentou na lateral da escrivaninha e disse o quanto estava feliz. Ele rememorou a aula anterior e falou sobre as palavras que eu havia dito para ele. Ao chegar em casa, naquele dia, se deu conta de como havia nos influenciado positivamente e que aquele discurso conciliador a ele por mim era fruto de sua constante fala sobre positivismo. Certamente, nunca mais esqueci aquelas duas aulas. O professor Silveira foi o homenageado de turma em nossa formatura e se emocionou com as palavras de nosso orador, que fez um discurso positivo ao exemplificar aquele mestre.

Depois da família, a figura mais importante na formação de um cidadão é o professor. Seu importante ofício como referência que transcende os saberes pedagógicos por imposição da profissão é a ponte construída com conhecimento e experiência que fortalece a conexão entre o aluno e a sociedade por meio da verdade, da ética, do entusiasmo e da generosidade. Atitudes como essas marcam a vida de muitos estudantes, assim como o professor Silveira tatuou em minha mente conselhos que levarei por toda a vida. Sempre que olho para a fotografia de formatura vejo com admiração aquele mestre que me agradeceu por ter-lhe dito o que ele mesmo me ensinou.

Sérgio Giacomelli é escritor, engenheiro eletricista e um apaixonado por pesquisas. Descendente de italianos escreveu o romance de época D’Angelo – O Viajante de Conca.

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