Campanha da Fraternidade/17: biomas brasileiros e a defesa da vida – Por Raimunda Gil Schaeken

Professora Raimunda Gil Schaeken (AM)

Continuemos com o assunto sobre os biomas brasileiros. Hoje, vamos falar sobre o bioma Mata Atlântica.
A Mata Atlântica apresenta uma variedade de formações, engloba um diversificado conjunto de ecossistemas florestais com estrutura e composições florísticas bastante diferenciadas, acompanhando as características climáticas da região onde ocorre.


Cerca de 70% da população brasileira vive no território da Mata Atlântica, as nascentes e mananciais abastecem as cidades, esse é um dos fatores que tem contribuído com os problemas de crise hídrica, associados à escassez, ao desperdício, à má utilização da água, ao desmatamento e à poluição.

Professora Raimunda Gil Schaeken (AM)

A biodiversidade da Mata Atlântica é semelhante à da Amazônia. Os animais mais conhecidos da Mata Atlântica são: Mico-Leão-Dourado, onça-pintada, bicho-preguiça e capivara.

Este bioma ocupa uma área de 1.110.182 Km², corresponde 13,04% do território nacional e que é constituída principalmente por mata ao longo da costa litorânea que vai do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. A Mata Atlântica passa pelos territórios dos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina, e parte do território do estado de Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe.

Além da exploração predatória dos recursos florestais, houve também um significativo comércio de exportação de couros e peles de onças (que chegou ao preço de um boi), antas, cobras, capivaras, cotias, lontras, jacarés, jaguatiricas, pacas, veados e outros animais, de penas e plumas e carapaças de tartarugas.

Ao longo da história, personagens como José Bonifácio de Andrada e Silva, Joaquim Nabuco e Euclides da Cunha protestaram contra esse modelo predatório de exploração.

Hoje, praticamente 90% da Mata Atlântica em toda a extensão territorial brasileira está totalmente destruída. Do que restou, acredita-se que 75% está sob risco de extinção total, necessitando de atitudes urgentes de órgãos mundiais de preservação ambiental às espécies que estão sendo eliminadas da natureza de forma acelerada.

Os remanescentes da Mata Atlântica situam-se principalmente nas Serras do Mar e da Mantiqueira, de relevo acidentado, além de pequenos trechos, contudo, consideráveis, no Sul da Bahia, destacando-se a cidade de Ilhéus, citada constantemente nos romances do escritor brasileiro Jorge Amado.
Exemplos claros da destruição da mata são a Ilha Grande, Serra da Bocaina e muitas regiões do estado do Rio de Janeiro.
Entre 1990 e 1995, cerca de 500.317 ha foram desmatados. É a segunda floresta mais ameaçada de extinção do mundo. Este ritmo de desmatamento é 2,5 vezes superior ao encontrado na Amazônia no mesmo período.

Em relação à exuberância do passado, poucas espécies sobreviveram à destruição intensiva. Elas se encontram nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Paraná, sendo que existe a ameaça constante da poluição e da especulação imobiliária.

CONTEXTUALIZAÇÃO POLÍTICA

A ganância capitalista, conivência do poder público e falta de consciência ecológica tem provocado a degradação do meio ambiente e a expulsão de diversas comunidades. A ausência do saneamento básico é outra grave ameaça. Grande parte dos esgotos das residências de áreas urbanas e rurais é despejada diretamente nos rios, no mar e nos mangues.

A falta do comprometimento político em relação ao uso e ao cuidado da água tem gerado consequências sentidas pela população nestes últimos anos com a baixa do espelho d´água em muitos reservatórios (represas) e consequente racionamento do líquido da vida.

CONTRIBUIÇÃO ECLESIAL

Com a chegada dos primeiros missionários jesuítas, Padre Manoel da Nóbrega, José de Anchieta e outros, deu-se início ao processo de aldeamento, a construção de conventos e colégios. Também outras ordens religiosas e congregações deram a sua contribuição: os franciscanos, beneditinos, carmelitas e outros.

Não podemos deixar de lembrar também das pastorais sociais, com atuação nos diversos seguimentos da sociedade, defendendo a vida, nas várias instâncias em que ela é ameaçada pelo modelo econômico em desenvolvimento.

A luta pela terra constitui um caminho de cuidado e reponsabilidade com a criação. Os frutos destas conquistas são os alimentos que hoje chegam na maioria das mesas brasileiras, eles são os resultados do trabalho dos pequenos produtores, camponeses e comunidades ribeirinhas que se mantêm vivas com a agricultura familiar, e a Igreja muito contribuiu e contribui para isso.

Algumas ações de cuidado e cultivo que são propostas na Campanha da Fraternidade 2017:
•    Exigir do poder público a recuperação das áreas degradadas.
•    Defender a demarcação dos territórios indígenas, quilombolas e demais comunidades tradicionais.
•    Exigir que as políticas de saneamento básico sejam implantadas em toda área urbanizada e rural do bioma Mata atlântica.
•    Cuidar das nascentes dos rios.
•    Denunciar os projetos econômicos imobiliários em Áreas de preservação permanente.
•    Incentivar o consumo de produtos agroecológicos e sustentáveis provenientes da Economia Solidária.(Raimunda Gil Schaeken é Tefeense, professora aposentada, católica praticante, membro efetivo da Associação dos Escritores do Amazonas – ASSEAM e da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas –ALCEAR).

OBS.: No próximo domingo falaremos sobre o bioma CAATINGA.

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