Carcereiros forneceram armas para rebelião no Acre, diz governo

Dois carcereiros foram presos após rebelião em presídio de Rio Branco/Foto: Divulgação

Dois carcereiros foram presos sob suspeita de fornecer armas para presos atuarem na rebelião no Complexo Penitenciário Francisco D’Oliveira Conde, em Rio Branco. A identidade dos carcereiros não foi divulgada. A ação, que está relacionada a uma briga entre facções criminosas, ocorreu nesta quinta-feira (20) e deixou três mortos e 20 feridos.


A Secretaria de Segurança Pública (Sesp-AC) não divulgou as identidades dos detentos mortos nem dos feridos, tampouco a quantidade de armas apreendidas dentro do presídio.

A rebelião, nos pavilhões J, K e L, começou por volta de 18h30 e foi controlada às 21h30. Parentes de presos foram para o local e relataram pânico nas celas. Agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) foram destacados para retomar as áreas afetadas.

“A ação da PM foi muito eficiente. A ação foi contida e muito provavelmente impediu uma chacina maior. Reforçamos todas as áreas, as patrulhas retornaram ao patrulhamento normal após a situação ser contida”, disse o comandante da Polícia Militar (PM) do Acre, coronel Júlio César.

Onze feridos foram levados para o Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb).

Dois carcereiros foram presos após rebelião em presídio de Rio Branco/Foto: Divulgação
Dois carcereiros foram presos após rebelião em presídio de Rio Branco/Foto: Divulgação

O secretário de Segurança Pública, Emylson Farias, salientou que ao contrário do que ocorreu após a invasão da Unidade Prisional 4 (UP-4), conhecida como “Papudinha”, não vai haver liberação de presos. “Os presos vão continuar no presídio e deve haver um endurecimento em relação até mesmo as visitas”, afirmou.

Onda de violência

Durante a rebelião no presídio, outras ocorrências foram registradas pela PM. O governador Tião Viana (PT-AC) disse que as situações estão relacionadas com a disputa entre criminosos. “As facções vem do Rio de Janeiro e outros estados. Hoje houve um maior momento de tensão onde pessoas se mataram. Não se sabe de onde vêm os ataques e o objetivo é pegar os autores. Estamos avançados nessa investigação”, disse.

O governador afirmou também que aguarda a liberação de um recurso de R$ 3 milhões do Ministério da Justiça para ações de enfrentamento à criminalidade. Ele ainda salientou que as execuções registradas no estado são todas de pessoas ligadas ao crime. “Não tivemos nenhum cidadão de bem afetado. Nenhuma pessoa que não tem ligação com o crime morreu. O que não pode é haver um ambiente de terrorismo, estão espalhando muitos boatos. Hoje tivemos uns seis incêndios que não foram verdade”, disse.

Pânico

Parentes de presos foram para frente do presídio aguardar por notícias. Houve pânico entre eles. A irmã de um preso do Pavilhão H, que não quis se identificar, disse que recebeu uma ligação dele de dentro do presídio relatando a situação no local. “Ele ligou de lá no maior desespero, estava uma gritaria, disse que estavam atirando para matar e que já haviam matado alguns presos”, disse.

Já a mulher de outro detento disse que a situação se repetiu no Pavilhão K. “Meu marido pediu ajuda para não deixar ele morrer sozinho”, contou, chorando.

A secretária de Comunicação do Acre, Andréa Zílio, informou que dois agentes penitenciários chegaram a serem feitos reféns, porém, foram liberados posteriormente.

Princípio de motim
Essa é a segunda ação violenta de presos da unidade em menos de 48 horas. Na manhã de quarta-feira (19), um princípio de motim foi registrado, porém, nenhum preso foi ferido, de acordo com o Iapen-AC.

O motim iniciou no pavilhão I, conhecido como “Chapão”, onde ficam os sentenciados. A assessoria do Iapen confirmou que um grupo de presos começou a bater nas grades e a gritar, mas garante que a situação foi contida a tempo.

A PM e o Bope foram acionados. Além disso, um helicóptero sobrevoou o complexo. Devido ao tiroteio na unidade onde ficam os detentos do semiaberto, as visitas foram suspensas na FOC. Porém, o Iapen não confirmou se a ação foi um protesto contra esse cancelamento.

Briga de facções

Na terça (18), presos da UP4 sofreram uma emboscada na entrada da unidade. Quatro detentos ficaram feridos e todos foram encaminhados ao Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb). Não foram registradas mortes.

A Sesp-AC chegou a montar um gabinete de crise no local e destacou agentes do Bope, Corpo de Bombeiros e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A situação foi controlada após a entrada de agentes do Bope.

O governo do estado anunciou, na quarta, que o Exército vai reforçar a segurança nas áreas de fronteira do estado.

Durante uma reunião, realizada também na quarta, entre a juíza da Vara de Execuções Penais, Luana Campos, o secretário de Segurança Pública do Acre, Emylson Farias, o secretário de Polícia Civil, Carlos Portela, e representantes do Ministério Público e da Defensoria Pública ficou definido que os 380 detentos da UP4 só vão retornar à unidade prisional na sexta-feira (21).

Execuções
Um levantamento feito pelo G1 mostrou que, entre 18 de setembro até a última terça-feira (18), ao menos 21 pessoas foram executadas em Rio Branco. Para intensificar os trabalhos na capital, a PM recebeu 20 fuzis de longo alcance do Exército Brasileiro.

A quantidade de execuções ocorridas no estado acreano, intensificada esta semana, tem ligação com brigas de facções criminosas, de acordo com o secretário Sesp-AC, Emylson Farias. Duas unidades prisionais de Rio Branco passaram por problemas na terça e na quarta (19).

Fonte: Portal Guandu

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