Como impedir que um paraíso tropical seja dominado por ratos

O atol de Palmyra é a prova de que é possível reconstruir um meio ambiente (Foto: Island Convervation via BBC)

Durante a 2ª Guerra Mundial, militares americanos basearam milhares de marinheiros no atol de Palmyra, um anel de ilhotas intocadas no Oceano Pacífico. Mas os navios também levaram uma série de passageiros clandestinos para as ilhas: ratos-pretos.


Os roedores prosperaram, se multiplicando rapidamente e se alimentando de pequenos caranguejos, mudas de árvores, ovos e filhotes de aves marinhas. E a invasão de coqueiros em plantações abandonadas trouxe mais problemas para os pássaros, privando-os de seu habitat natural.

No fim do século, os ratos e as palmeiras haviam transformado todo o ecossistema do atol. Oito espécies de aves marinhas que perambulavam pela área mais ampla desapareceram — de acordo com conservacionistas, possivelmente porque os ratos provocaram sua extinção local.

Algumas espécies de caranguejos estavam diminuindo ou até mesmo sumindo completamente.

Em outras ilhas tropicais, foram encontradas evidências de que invasões de roedores estavam afetando espécies supostamente distantes como os recifes de coral, ao interromper seu suprimento de excrementos de aves marinhas, ricos em nutrientes.

Os ratos mudaram não apenas a vida em terra, mas também nas águas ao redor de Palmyra (Foto: Island Convervation via BBC)

Os coqueiros também prejudicaram a delicada cadeia de nutrientes que sustentava a vida em Palmyra e em seus arredores. Eles ocuparam metade do atol. As aves marinhas evitavam fazer ninho nas palmeiras, preferindo árvores nativas robustas com galhos.

À medida que o suprimento de excrementos dos pássaros diminuía, o impacto se espalhou por todo o ecossistema. Em ilhotas com florestas de palmeiras, o solo era mais pobre em nutrientes do que naquelas com florestas nativas, assim como a água ao longo delas.

O plâncton presente no litoral das florestas de palmeiras era menos abundante, e havia menos arraias manta, que se alimentam do plâncton, do que ao longo da costa de floresta nativa.

Os efeitos em cascata mostram como uma intrincada rede ecológica pode ser quebrada por uma única espécie invasora. Mas agora também há evidências de que essa rede pode ser reparada.

“As ilhas nos oferecem esta oportunidade de esperança e restauração, porque você pode remover espécies invasoras das ilhas e ver uma recuperação dramática”, afirma David Will, gerente de programa da Island Conservation, organização sem fins lucrativos especializada na remoção de espécies invasoras.

As ilhas desempenham um papel descomunal na biodiversidade do planeta. Elas correspondem a apenas 5% da área terrestre global, mas abrigam cerca de 19% das espécies de pássaros e 17% das plantas com flores.

Os ratos se multiplicam ainda mais rápido quando aquecidos e bem alimentados nos trópicos (Foto: Graham Garroll/USGS via BBC)

Ratos na copa das árvores

“Quando cheguei a Palmyra, os ratos estavam em todos os lugares”, lembra Alex Wegmann, diretor científico de Palmyra na The Nature Conservancy, organização ambiental sem fins lucrativos que comprou o atol de proprietários privados em 2000.

O atol é hoje um Refúgio Nacional de Vida Selvagem administrado pelo Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos, que inclui uma reserva natural administrada pela The Nature Conservancy. Wegmann estuda o ecossistema de Palmyra desde 2004, quando os ratos dominaram a ilha.

“Eles estavam na copa das árvores, estavam no chão, estavam debaixo da terra.” Cerca de 20 mil ratos viviam em Palmyra, com uma densidade populacional cerca de 10 vezes maior do que em climas mais frios, graças ao ambiente tropical. Os ratos nos trópicos equatoriais se reproduzem o ano todo, porque está sempre quente e há bastante comida.

Confira a matéria completa aqui.

BBC

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