Comunitários participam de oficina de criação de abelhas da Amazônia

Oficina reuniu comunitários da região do município de Fonte Boa - Foto: Carlos Gonçalves

Curso de meliponicultura mostrou manejo de abelhas nativas sem ferrão como opção de fonte de renda para populações ribeirinhas.


Jandaíra, mandaçaia, uruçu, jataí… são muitos os nomes das mais de 400 espécies de abelhas nativas sem ferrão brasileiras catalogadas, das quais cerca de 130 são da Amazônia. Remete-se a milhares de anos atrás a utilização dos produtos dessas espécies na alimentação e em tratamentos caseiros pelas populações amazônicas. Diferentemente da conhecida Apis mellífera, a maior parte dessas abelhas não possui ferrão, o que facilita o manuseio das colmeias. Com o objetivo de instruir os comunitários sobre os benefícios do manejo das abelhas nativas, o Instituto Mamirauá realizou nos dias 1 e 2 de abril uma oficina de meliponicultura, nome dado à criação dessas espécies.

O curso aconteceu na Comunidade Remanso no município de Fonte Boa, localizado no entorno da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, região do Médio Solimões, estado do Amazonas.

Comunitários aprenderam confecção de caixas de abelhas nativas – Foto: Carlos Gonçalves

Cerca de 25 participantes da oficina aprenderam aspectos teóricos e práticos sobre a criação das abelhas. Na parte prática, foi realizada a confecção de caixas e a transferência da colônia para a caixa, importantes passos iniciais do manejo.

Para o ministrante da oficina e técnico do Programa de Manejo de Agroecossistemas, Jacson Rodrigues, a capacitação ofereceu aos comunitários e técnicos de instituições locais mais uma opção viável de fonte de renda. “Temos uma variedade muito grande de abelhas nativas na região e eles já tem um contato muito próximo com essas espécies, mas precisam desse impulso inicial”, constata. A espécie da colônia transferida para a caixa durante oficina foi a Jandaíra preta (Melipona seminigra pernigra).

Participantes realizaram transferência de colmeia para caixa – Foto: Carlos Gonçalves

Outra espécie comum da região é a abelha mirim (Plebeia sp. Aparatrigona impunctata), um dos insetos responsáveis pela polinização do cupuaçuzeiro. Jacson afirma que, ao ser apresentado na oficina a importância das abelhas como polinizadores eficientes na manutenção das florestas e das culturas agrícolas, os comunitários se sentem ainda mais incentivados a darem início ao manejo.

Alternativa de fonte de renda

A proposta de oficina aconteceu após demanda dos próprios comunitários interessados em aprender técnicas e conhecimentos sobre as abelhas regionais. O participante Rivelino de Carvalho foi um deles. “Era um sonho criar abelha e agora estou realizando. Vai mudar a vida da gente, a vida da comunidade. Muita gente ficou otimista, aprendemos muito e vimos que é valioso e rico o conhecimento. Isso só tem a fortalecer. Daqui para frente nós não vamos deixar essa oportunidade abandonada”, afirma.

Amazônia tem mais de 130 espécies de abelhas sem ferrão catalogadas – Foto: Jacson Rodrigues

De acordo com o técnico do Instituto Mamirauá, os conhecimentos compartilhados causaram grande entusiasmo. “O que parecia tão complicado, a gente mostra que é possível e acessível a partir da metodologia e didática trabalhada no curso”, diz. Um dos objetivos da oficina foi mostrar como a comunidade pode utilizar das próprias ferramentas para iniciar o manejo, sem grandes custos de investimento inicial.

O curso promovido pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), foi possível através de financiamento do Fundo Amazônia, cujus recursos são geridos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Curso teve conteúdo teórico e oficinas práticas – Foto: Carlos Gonçalves
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