Eleições municipais 2020 – por Osíris Silva

Escritor e economista Osíris Silva/Foto: Divulgação

Cortando pela metade o número de candidatos às próximas eleições municipais (mais de 500 mil) e o total de recursos destinados ao fundo partidário (mais de 2 bilhões de reais) faria alguma diferença? Alguém sentiria falta com a redução do número de pretendentes a cargos de vereadores, prefeitos e vices em quase 5.600 municípios em todo o Brasil?


O número de candidatos inscritos nas eleições municipais de 2020 (533.097) superou o de 2016, de 498.302, até então o ano com a maior quantidade de candidaturas.

O desperdício de recursos é monumental. Segundo o TSE, o total distribuído entre as 33 agremiações partidárias foi de R$ 2.034.954.823,96. Com o novo cálculo, o Partido dos Trabalhadores (PT) receberá o maior montante, com mais de R$ 201 milhões, seguido pelo Partido Social Liberal (PSL), com cerca de R$ 199 milhões, e pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), com aproximadamente R$ 148 milhões.

Apenas dois partidos comunicaram à Justiça Eleitoral a sua decisão de abrir mão dos recursos do FEFC para financiar as campanhas políticas de seus candidatos a prefeito e vereador: o partido Novo e o Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB).

Decepcionante constatar que expressivo número de chefes partidários usam parte importante desses recursos para o custeio de suas despesas pessoais, partidárias ou não. Do lado dos candidatos, muitos deles fazem das eleições meios de aumentar sua renda pessoal. Além do quinhão no fundo partidário, quando se trata de funcionário público, ainda ganha licença remunerada, creio que de 90 a 120 dias.

Há outro renomado absurdo por trás de tudo. Imensa maioria dos eleitos, por outro lado, simplesmente desaparecem após o pleito. Apenas se locupletam dos polpudos subsídios e verbas de representação de gabinete. Em Manaus cada vereador custa aos cofres municipais mais de 100 mil reais por mês, cerca de 1,2 milhão anualmente. Um tremendo disparate.

Afinal, o que o Brasil, os estados e os municípios ganham com essa caricatura de exercício de democracia? R$ 2 bilhões não seriam melhor empregados na educação de nosso povo, tão carente e tão distante de escolas informatizadas?

No país do carnaval, entretanto, quem liga para isso tudo?

Manaus, 27 de setembro de 2020.

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