Erro médico mata mais pacientes do que câncer, diz pesquisa

Erro médico mata mais pacientes do que câncer/Foto: Divulgação

Um estudo inédito realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) revelou que, a cada três minutos, mais de dois brasileiros (2,47) morrem em hospitais públicos e privados, em decorrência de falhas que matam mais que câncer e doenças cardiovasculares.


As incorreções, que também são chamadas de eventos adversos, vão desde erros na dosagem e aplicação dos medicamentos ao uso incorreto de equipamentos e complicações hospitalares.

Segundo o estudo, no ano passado os óbitos provocados por essas falhas foram estimados em 434 mil, um total de 1 mil mortes por dia.

“No pior cenário essas falhas matam mais que o câncer no Brasil. Isso não é um fato novo, mas só agora a sociedade está tomando conhecimento. Estamos comunicando isso para que ela fique à par e discuta como pode colaborar para que esse processo seja melhorado”, afirma o professor de Medicina da UFMG e um dos autores do estudo, Renato Couto.

Mas na visão dele os números não significam negligência ou mesmo falta de qualidade nos serviços prestados a pacientes hospitalizados. “Para se ter bons resultados nos atendimentos é preciso dois componentes, um é a estrutura, que é a instalação do hospital e os equipamentos que ele possui, outro são as pessoas com suas competências. Se temos isso, mas não organizamos o trabalho, criando uma relação entre pessoas, equipamentos e instalações não conseguiremos bons resultados”, assinala.

Erro médico mata mais pacientes do que câncer/Foto: Divulgação
Erro médico mata mais pacientes do que câncer/Foto: Divulgação

Indicadores de qualidade transparentes são, na opinião de Couto, uma das principais formas de evitar falhas. “A partir deles se fazem intervenções nos processos e nas estruturas das unidades. É complexo, mas executável.”

Uma das causas apontadas por ele para as falhas é a superlotação nos hospitais. “Mas a principal causa é a incapacidade de montar redes hierarquizadas”, diz.

O estudo ainda denunciou que, no Brasil, a estrutura física, os equipamentos, a qualidade e o controle de processos assistenciais, o correto dimensionamento do quadro assistencial, as características e dimensão do hospital e o atendimento à legislação sanitária de grande parte da rede hospitalar não atendem aos requisitos mínimos necessários para a segurança assistencial.

CRM quer rigor nos hospitais

O presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM-ES) Carlos Magno Pretti Dalapícola, defende que a melhor forma de acabar com as falhas é a criação de comissões de segurança dentro dos hospitais.

“Existe em alguns Estados uma comissão de segurança dentro dos hospitais que são acreditados. Os hospitais privados da Grande Vitória em sua maioria têm o nível máximo de acreditação e todos os processos de segurança estão amadurecidos, pois existem comissões que avaliam esses hospitais para evitar que essas situações aconteçam”, explica.

Segundo ele, pacientes internados em hospitais da rede pública estão mais propensos a sofrerem com as falhas. Carlos Magno acredita que a superlotação é um fator que reforça esse fato.

“Se há pacientes sendo atendidos em locais inadequados, a chance de erros é muito maior, por isso, vejo a superlotação nos hospitais como um dos fatores para que ocorram falhas”, afirma o presidente do CRM.
Quem compartilha da mesma opinião é o presidente do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes), Otto Baptista.

“As péssimas condições de trabalho, o sucateamento e o subfinanciamento da saúde contribuem diretamente para essas falhas. O médico para salvar vidas se debruça em situações caóticas”, critica Baptista.

Sesa: rede tem Comissão de Segurança

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou, por meio de nota, que possui uma Comissão Estadual de Segurança que acompanha o desenvolvimento e implantação do Plano Estadual de Segurança dos Pacientes, com implantação dos protocolos validados pelo Ministério da Saúde para identificação dos pacientes corretamente, melhoria na comunicação entre as equipes e no gerenciamento de medicamentos de alto risco, e redução dos riscos de infecções.

A nota diz ainda que cada hospital possui uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), cuja função é realizar inspeções rotineiramente e adotar medidas para garantir a segurança de pacientes e profissionais.

Outro ponto destacado pelo órgão é que os profissionais que atuam nos hospitais da rede pública estadual recebem treinamento e capacitação. “Com a premissa de implantar políticas que minimizem erros diminuindo significativamente os riscos assistenciais aos pacientes”, acrescenta.

Fonte: GAZETA ONLINE

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