Especialistas e moradores defendem aterro como modelo para descarte de lixo em Iranduba

Foto: Reprodução

“Ao contrário dos lixões, os aterros sanitários são a saída mais sustentável, ambientalmente responsável e socialmente viável para assegurar o descarte correto de resíduos e preservar a integridade da fauna e flora, especialmente em nossa região, um ecossistema único no planeta”.


A afirmação é do professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), doutor em Economia Ambiental e Finanças Públicas pela The University of Tennessee System e presidente do Instituto Piatam, Alexandre Rivas, ao defender a implantação de um aterro sanitário no município de Iranduba, que caso construído, será o primeiro da região Norte a operar de acordo com todas as normas sanitárias e ambientais determinadas pelos órgãos públicos do setor.

Alexandre Rivas – Foto: Reprodução

Rivas, um dos consultores técnicos do projeto proposto pela empresa Norte Ambiental, destaca ainda, que apesar das três audiências públicas realizadas no município sobre o tema, muitas informações falsas sobre o projeto continuam sendo divulgadas por um grupo que é contrário ao aterro e favorável a manutenção do lixão irregular que existe quilômetro 6, do Ramal dos Caminhoneiros, desde a década de 1990.

“Como está no Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima), o aterro sanitário não é lixão, se fosse nem precisaria de projeto porque o lixão já existe. Com o aterro não há contaminação do solo, da água, nem da fauna, flora e muito menos ameaça a saúde dos moradores. Todos os argumentos usados pelos manifestantes contrários é falso como atesta o estudo feito por profissionais multidisciplinares baseado em fatos científicos e não em ‘achismos’ sem nenhuma comprovação”, afirmou o especialista.

Também professor da Ufam e doutor em Ciências da Engenharia Ambiental pela Universidade de São Paulo e mestre em Biologia de Água Doce e Pesca Interior pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Carlos Freitas, ressalta que o aterro é planejado para evitar que o chorume seja recolhido e não contamine o solo e ainda, evitar o surgimento de animais como urubus, ratos e insetos.

“Ao contrário do lixão, no aterro os materiais são processados, selecionados e depositados em camadas impermeabilizadas e cobertos para não ficar ao ar livre. Todo o processo, do transporte ao destino final, é fiscalizado e acompanhado pelos órgãos públicos e pela própria sociedade”, destacou Freitas, ao acrescentar que os municípios brasileiros tem, segundo o Novo Marco Legal do Saneamento, até 2024 para acabar com os lixões irregulares.

Abaixo-assinado

Foto: Reprodução

Enquanto alguns moradores querem a continuidade do lixão, aqueles que residem próximo ao depósito irregular no Ramal dos Caminhoneiros sofrem com as consequências de conviver diariamente com a inconsequência e a insensibilidade destas pessoas.

Moradora de uma casa ao lado do lixão, a comerciante Erica Soraia Guimarães afirma que além dos ratos e urubus, a quantidade de moscas atraídas pelo lixo é tão grande que se torna impossível fazer uma refeição saudável em toda a região.

“Na hora do almoço ou da janta fechamos as janelas de casa porque as moscas tomam conta. E ainda tem a questão do mau cheiro que se espalha por toda a comunidade”, lamentou a moradora que há um ano, recolhe assinaturas para fechar o lixão.

Também moradora das proximidades do lixão, Rosane Correia, também é favorável ao aterro sanitário e alerta que o depósito irregular já está contaminando as águas do balneário do Sagui Mirim e os poços da comunidade São José, inclusive de uma escola pública.

Foto: Reprodução

“Queria que as pessoas que são contrárias ao aterro me respondessem uma pergunta simples: Para onde elas acham que vai o lixo que produzem nas suas casas todo dia? Eu respondo: uma parte vai para um lixão no Cacau Pirêra e a maior parte é jogada aqui (no Ramal dos Caminhoneiros). Por isso defendo o aterro como única solução para esses problemas”, afirmou Rosane.

Outro morador da comunidade São Sebastião, que pediu para não ser identificado por temer represálias de empresários e manifestantes que são contrários ao aterro, criticou a atitude daqueles que defendem a continuidade do depósito irregular.

“Essa gente faz manifestação em Manaus mas nunca pisou aqui para ver a nossa realidade com o lixo deles. Só estão pensando no dinheiro da venda dos seus terrenos, mas esquecem que também temos direito a uma vida saudável sem lixão, e com um aterro descente que não prejudica a vida de outras pessoas”, afirmou o morador.

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