Famílias de vítimas do Palace II vão dividir indenização de R$ 30 milhões

Edifício Palace II - Foto: Reprodução

A decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que decidiu que 120 famílias que foram vítimas do desabamento do Edifício Palace II vão dividir uma indenização de cerca de R$ 30 milhões deixou os antigos moradores do prédio felizes, mas a disputa continua. A defesa das vítimas busca receber ainda R$ 150 milhões em indenizações em outros processos que tramitam na Justiça.


Segundo Rauliette Barbosa, que vivia no edifício, muitas pessoas que viviam no local ainda encontram dificuldades para reconstruir a vida.

“Eu fiquei muito feliz. Não só eu, mas todos os moradores. Todo mundo chorando, alegre, feliz. Tem gente com muita dificuldade, passando problemas sérios com a vida e sem poder recomeçar. Mesmo depois de 24 anos, ainda tem muita gente sofrendo”, afirmou Rauliette.

Ex-moradores do edifício Palace II, no Rio de Janeiro — Foto: Reprodução/ TV Globo

Atualmente, um outro prédio ocupa o lugar onde esteve o Palace II, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Os sinais da tragédia que aconteceu no lugar não estão visíveis. Mesmo assim, o coronel aposentado do Corpo de Bombeiros Marcos Aurélio da Silva não gosta de ir ao local onde ficava o apartamento onde vivia com a família, no sétimo andar do edifício.

“É a segunda ou terceira vez que eu volto aqui. Não me faz bem. Isso mexeu muito comigo e com a minha família. Eu perdi tudo. Não morri pela bondade divina. Isso só me dá lembranças ruins”, disse Marcos Aurélio.
Ele ajudou a evacuar o prédio antes do desabamento. Com a decisão, ele busca manter a esperança.

“Agora vou poder dizer que está solucionando. O braço da Justiça é longo, tarda mas não falha”, destacou o bombeiro aposentado.

Edifício Palace II após desabamento em 1998. Dias depois, o que restava do edifício foi implodido — Foto: Reprodução/ TV Globo

Indenização

As famílias que viviam no prédio só receberam, até hoje, uma parte da indenização, cerca de 40%. Vinte e quatro anos depois do desabamento, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que elas vão dividir uma indenização de cerca de R$ 30 milhões.

O dinheiro vem da venda de um terreno em Brasília, leiloado em 2017, que pertencia a uma das empresas de Sérgio Naya.

Depois da decisão do STJ, o processo volta ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ). O dinheiro não será entregue imediatamente. Um perito contador vai dividir o valor proporcionalmente para as 120 famílias. Fora isso, ainda há processos tramitando na Justiça. A defesa das vítimas busca receber cerca de R$ 150 milhões em indenizações.

“Em 24 anos, nós conseguimos apenas fazer nove leilões. Ele tem muito patrimônio ainda. Nós continuamos a luta. Não vamos parar aqui”, afirmou Eduardo Lutz, advogado das famílias das vítimas.

O desabamento

Parte do Palace II desabou no domingo de carnaval de 1998, destruindo 44 apartamentos. A maioria dos moradores já tinha saído de casa, mas alguns voltaram para pegar objetos pessoais e foram surpreendidos pelo desabamento dos imóveis. Oito pessoas morreram soterradas e 120 famílias ficaram desabrigadas. Dias depois, os 22 andares do prédio foram implodidos e foram para o chão.

As investigações mostraram que o edifício, construído pela empresa de engenharia Sersan, tinha graves defeitos de estrutura e acabamento. O laudo da perícia indicou o uso de materiais de construção de baixa qualidade e falha no detalhamento da armação de dois pilares.

O dono da construtora, Sérgio Naya, foi condenado a indenizar as famílias e teve os bens bloqueados. Ele morreu em 2009, sem cumprir as exigências da Justiça. Os inventariantes responsáveis pelo espólio também entraram com vários recursos na Justiça para adiar os pagamentos.

Marcos Aurélio da Silva não gosta de ir ao local onde ficava o apartamento onde vivia com a família — Foto: Reprodução/ TV Globo

O RJ1 procurou o advogado que representa os inventariantes do espólio de Sérgio Naya, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.

g1

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