Florestas e agropecuária são destaques na Conferência do Clima da ONU

Foto: Recorte

Na primeira semana da Conferência Climática das Nações Unidas em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, houve a aprovação do fundo de Perdas e Danos para nações mais vulneráveis, que há anos patinava nas negociações. Nos dias seguintes, foi a vez das florestas e da agropecuária, onde o Brasil tem proeminência internacional.


Porém a contradição em relação aos combustíveis fósseis – responsáveis por dois terços das emissões globais dos gases que estão causando o efeito estufa – permanecem. Natalie Unterstell, do Instituto Talanoa, lembra que os combustíveis fósseis causam 75% das emissões globais de GEE.

“Eles são o principal problema. Sem resolver quando serão eliminados os fósseis da matriz energética”, destaca.

Para ela, é uma contradição o Brasil tentar ser um líder nos esforços mundiais para limitar o aquecimento global a 1,5ºC e ao mesmo tempo se aproximar de produtores de petróleo. “Como o ‘paladino do 1,5 grau’ pode gerenciar a liderança dentre os maiores produtores de petróleo do mundo?”, questiona.

Outro destaque da primeira semana das negociações foi o lançamento de uma declaração sobre sistemas alimentares, que contou com 134 endossos, incluindo o Brasil. Para Alexandre Prado, líder em Mudanças Climáticas do WWF-Brasil, “lançar uma declaração sobre sistemas alimentares é um avanço positivo, já que são a segunda maior fonte global dos gases que estão causando a mudança do clima, depois dos combustíveis fósseis.

O Instituto Talanoa analisou o documento: ele sugere uma visão compartilhada para transformar comida e agricultura em solução, não em causa, das crises climáticas, naturais e alimentares. Tem foco em 500 milhões de agricultores e 75% das emissões dos sistemas alimentares globais. Mais de 150 Atores Não Estatais assinaram um chamado à ação para transformar sistemas alimentares para pessoas, natureza e clima. Natalie Unterstell, ressalta que as definições ficaram para as futuras conferências climáticas: o compromisso com metas globais, holísticas e alinhadas até a COP29 e o trabalho em ações prioritárias, incluindo agricultura e sistemas alimentares na nova rodada de NDCs, até a COP30 em Belém, no Brasil

Também na primeira semana da COP28 o Brasil apresentou o rascunho da proposta de um fundo global para preservar florestas em todo o planeta, que pode beneficiar mais de 80 nações. Para Maurício Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil, essa proposta recolocou na mesa dos líderes internacionais a importância do combate ao desmatamento de uma perspectiva pragmática. “Se bem executado, esse fundo pode direcionar importantes recursos aos países de florestas tropicais, em especial aos povos indígenas e comunidades locais, que têm sido os grandes guardiões destas florestas”, destaca.

Atualmente a tendência de destruição das florestas é planetária: apenas nos trópicos a perda de florestas primárias em 2022 foi 10% superior ao registrado no ano anterior, quando foi firmada a Declaração Global de Florestas na COP de Glasgow, na Escócia.

Artigo anteriorCoreia do Sul lança seu primeiro satélite espião militar
Próximo artigoBares e estabelecimentos de Manaus são alvos de ação de combate à poluição sonora

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui