França supera Honduras e quebra tabu com brilho de Benzema

Benzema comemora o segundo gol/Foto: Reuters
Benzema comemora o segundo gol/Foto: Reuters
Benzema comemora o segundo gol/Foto: Reuters

Com ajuda da tecnologia e excelente desempenho do atacante Karim Benzema, do Real Madrid, autor de dois gols e mentor de outro, a seleção francesa venceu uma estreia de Copa do Mundo pela primeira vez em 16 anos. Neste domingo, no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, a França fez 3 a 0 na frágil e truculenta Honduras para começar bem sua caminhada no Mundial disputado no Brasil.

A boa estreia francesa não chega a ser surpreendente, mas quebra um tabu incômodo: a última vez que começou uma Copa com vitória foi em 1998, ano em que acabou campeã. Depois, perdeu para Senegal em 2002 e empatou com Suíça e Uruguai em 2006 e 2010, respectivamente. Desta vez, contou com a estrela de Benzema, que fez dois gols e participou de outro, definido com auxílio de tecnologia.


Mais cedo pelo Grupo E a Suíça estreou com vitória sobre o Equador por 2 a 1, em partida disputada no Estádio Mané Garrincha, em Brasília. Na próxima rodada, ambos os times voltam a campo na sexta-feira. Os suíços enfrentam os franceses às 16h (de Brasília), na Arena Fonte Nova, em Salvador. Já os hondurenhos encaram os equatorianos na Arena da Baixada, em Curitiba.

Pressão francesa e pênalti polêmico

Os hondurenhos ameaçaram complicar o jogo para a França no Beira-Rio, mas embora tenham começado bem, logo ficou claro que as limitações técnicas eram severas demais para causar uma “zebra”. Os franceses, aos poucos, foram crescendo de desempenho. Chegaram, por exemplo, a acertar a trave duas vezes no primeiro tempo. Primeiro aos 15min, em chute de Matuidi desviado pelo goleiro Valladares.

Gol “tecnológico” e show de Benzema

Logo após o reinício do segundo tempo, o atacante apareceu bem mais uma vez: recebeu cruzamento de Debuchy e, dentro da área e em velocidade, tocou para o gol. A bola acertou a trave e voltou em direção ao goleiro Valladares, que não teve reflexos rápidos o suficiente: a bola tocou em sua mão e entrou no gol antes de ser retirada. Poderia ser uma nova polêmica.

Essa Copa do Mundo, no entanto, é a primeira com uso da tecnologia para determinar se a bola entrou ou não. No telão, todos os presentes no Beira-Rio puderam ver o tira-teima que mostra que, realmente, a bola cruzou a linha depois de tocar na mão do goleiro. A Fifa, no entanto, negou o gol ao atacante francês e deu gol-contra de Valladares, já que a bola saía do gol quando resvalou em sua mão e entrou.

Os hondurenhos, que jogavam com apoio maciço da torcida, passaram a abusar da truculência em campo e não chegaram a ameaçar a reação. A França chegou ao terceiro gol aos 27min, mais uma vez com Benzema. O lance começou em jogada ensaiada de escanteio, com a bola sendo tocada para chute de Mavuba na entrada da área. A bola desviou na zaga e sobrou na direita para o atacante, que chutou forte, cruzado e alto para ampliar.

Não faltaram oportunidades para os franceses transformarem a primeira vitória em estreia desde 1998 em goleada. O final da partida, no entanto, foi de ritmo mais lento, com muitos erros de finalização e, principalmente de passe. De forma tranquila e satisfatória, a seleção de Didier Deschamps concretizou o triunfo enquanto tentava escapar as entradas duras dos jogadores hondurenhos.

Suiça vence com um gol do final do jogo

Parecia correr debaixo das camisas vermelhas da Suíça o sangue vermelho latino. Sua torcida, minoria no Mané Garrincha, era abafada pelos sul-americanos que torciam pelo Equador. Mas a os europeus tiveram mais garra até o último minuto. Calaram o estádio, e fizeram isso aos 47 minutos do segundo tempo. Mehmedi havia empatado o jogo após Enner Valencia abrir o placar. Coube a Seferovic, outro que saiu do banco de reservas, decretar o triunfo suíço por 2 a 1 num contragolpe fulminante, logo após o Equador ter a chance da vitória. Calou o estádio. Mudou o jogo. O primeiro empate na Copa do Mundo aconteceria neste domingo, em Brasília, mas os europeus foram mais empolgados em campo, e largaram na frente do Grupo E.

As arquibancadas avermelhadas sugerem uma predileção à camisa dos suíços. Mas nem mesmo o atraso para a entrada das torcidas por conta de longas filas permitiu que a maioria das cadeiras do Mané Garrincha logo fossem pintadas em amarelo. Um amarelo que lembra e se confunde com o das camisas da seleção brasileira, também espalhadas pelo estádio. O pequeno vermelho ficou concentrado num canto, espremido, quase na bandeira de escanteio, e em um bloco perto da área central. Apesar da variedade de línguas dos suíços, era possível traduzir apenas o espanhol, sílaba por sílaba: “Vamos, equatorianos! Essa tarde, nós temos que ganhar.” E insistiam: “Sí, se puede.”

 Quem com ferro fere…

Os equatorianos foram acreditando, acreditando. Até Caicedo roubar a bola de Von Bergen com quatro minutos. Os primeiros “óóó”, deram lugar ao “aaah” quando o atacante não deu seguimento à jogada. Bola pela linha de fundo. Mas a Suíça sabe se comportar. É fria. É a número seis do ranking da Fifa. Acalmou os ânimos. Como se cada um tivesse um fone de ouvido para esquecer o que se passava nas arquibancadas, abaixaram a poeira e ficaram com a posse de bola.

O Equador, ou “La Tri”, se encolheu na defesa. Estava no script. O técnico Reinaldo Rueda, um dia antes, avisara: é preciso explorar os contra-ataques. Ele sabe que seus convocados têm pouca experiência em Copas – apenas três dos titulares já disputaram uma – apesar da média de idade ser de 27 anos. Deixou Montero encarregado de ser o motorzinho na ligação da defesa para o ataque. Tentou duas vezes. Em vão.

Aí veio a ironia do destino: o treinador equatoriano, que tanto falou sobre atenção à bola parada na defesa, viu Ayovi cobrar falta na cabeça de Enner Valencia, que não é o famoso do Manchester United, abrir o placar. A gélida Suíça deu de ombros. Pressão, bola parada, chutes de fora, defesas do goleiro adversário. Deu 10 chutes contra quatro de “La Tri”, encerrou a etapa inicial com 60% de posse de bola. Mas com um gol sofrido, algo não muito comum, já que, nas duas últimas Copas, sofrera apenas um em sete jogos.

 Dedo do técnico

Bastou começar o segundo tempo para a preocupação prévia do técnico Reinaldo Rueda se justificar. A bola parada suíça realmente funciona. No tabuleiro da partida, Ottmar Hitzfeld soube manejar melhor suas peças. Um pouco de sorte, é verdade. Trocou Stocker por Mehmedi. Ganhou um escanteio com dois minutos de jogo. No mesmo canto esquerdo das tribunas de imprensa onde sofrera o gol de Enner Valencia, saiu a cobrança, e gol de quem? Mehmedi, de cabeça. Os pontuais torcedores europeus já estavam em seus devidos lugares para comemorar. Enquanto isso os fãs sul-americanos pareciam ainda em clima de intervalo, voltando lentamente para a arquibancada.

Shaqiri, atleta do Bayern de Munique e principal nome suíço, era o encarregado por pensar o jogo e achar alternativas para a virada. Recebeu algumas faltas. Fruto da vontade de voltar à frente do placar dos adversários. Sem muitas alternativas, os equatorianos acordaram. Enner Valencia mandou bem rente ao travessão. Os números de posse de bola foram se equiparando. Voltava o canto de fé: “Sí, se puede”. O que não “puede” é invalidar lance legal. E o gol de Drmic, que daria a virada para a suíça, foi anulado por impedimento duvidoso.

E toma lá, toma cá. Shaqiri desceu em contra-ataque, quase marcou. O goleiro Benaglio sai mal do gol, Enner Valencia por pouco não aproveita. Santo Von Berger, que estava no lugar certo para salvar. Numa falta que desviou na barreira, os equatorianos voltaram a assustar. Mas o desfecho estava guardado para o último lance. O Equador teve a chance da virada com Arroyo. Demorou, tentou o drible, e foi desarmado por Behrami. O suíço não se contentou e foi ao ataque. Levou a falta, caiu, levantou e seguiu no lance. Armou o contragolpe mortal que acabou no gol da virada, marcado por Seferovic, após cruzamento de Rodríguez. Festa vermelha em Brasília.

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