Governo Bolsonaro bancou integrante do grupo de extremistas de Sara Geromini

Sant'ana, bolsista selecionado pelo governo Bolsonaro Foto: Reprodução

Um integrante do protesto do grupo extremista ‘300 pelo Brasil’ em frente ao STF, com tochas e máscaras em 31 de maio, estava em Brasília custeado pelo governo Bolsonaro.


Desde abril, Melquisedeque Sant’ana é monitor do Sistema Nacional de Juventude (Sinajuve), ligado à Secretaria Nacional de Juventude, do Ministério dos Direitos Humanos.

O contrato foi assinado no Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, do Ministério de Ciência e Tecnologia.

O bolsista tem 23 anos, mora em Campo Grande (MS) e cursa Gestão Pública em uma faculdade particular.

Sant’ana tem recebido bolsas mensais de R$ 1,2 mil para “levantar dados sobre as unidades de juventude que aderirem ao Sinajuve no Mato Grosso do Sul” e “disseminar informação sobre o Sinajuve no Mato Grosso do Sul”. O contrato vai até março de 2021.

Por vezes, o estudante vai a Brasília para cumprir expediente na Secretaria Nacional de Juventude. Uma delas foi naquele fim de maio, quando o grupo chefiado pela extremista Sara Geromini se postou em frente ao STF com tochas e máscaras.

Geromini ficou presa por dez dias, por ordem de Alexandre de Moraes.
“Estive sim na manifestação das tochas no Supremo, junto com os 300 e a Sara. Não foi nada nazista como o pessoal falou. Não foi para confrontar, mas para mostrar nosso luto pelo país. Até onde eu sei, não sou alvo do STF. O processo corre em segredo judicial. A gente não sabe, né?”, disse Sant’ana, afirmando ter estado em Brasília na ocasião para fazer o cronograma das adesões ao Sinajuve.

Secretária da Juventude (de preto), assessores e bolsista Melquisedeque Sant’ana, que participou de protesto com tochas no STF Foto: Reprodução

Como é de praxe no Portal da Transparência para dados recentes, esses pagamentos de passagens e diárias ao monitor ainda não foram publicados.

O portal registra apenas que Melquisedeque recebeu R$ 2.700 para ficar 11 dias na capital federal em fevereiro e ir à Conferência Nacional de Juventude. O valor foi pago pelo Ministério dos Direitos Humanos.

Sant’ana nega ser um integrante dos 300, mas admite que já foi à chácara onde o grupo acampava e deu “apoio” ao movimento.

“A chácara não tinha nada demais, era só um local para o pessoal tomar banho. Estive lá uma vez. Eu dava apoio mais no acampamento em frente ao Ministério da Agricultura”.

Ele afirma que concorrerá a vereador de Campo Grande neste ano pelo Republicanos, “partido da família Bolsonaro”, que abriga Flávio e Carlos Bolsonaro.

Nas redes sociais, Sant’ana prega o impeachment de Alexandre de Moraes e xinga o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, que proibiu os acampamentos de manifestantes na Esplanada dos Ministérios.

Em um protesto pró-Bolsonaro em frente ao Palácio do Planalto, tirou fotos acompanhado da cúpula da Secretaria Nacional da Juventude, incluindo a secretária, Jayana Nicaretta, e a chefe de gabinete, Flaviane Agustini.

Questionado se não vê conflito de interesses por participar de protestos enquanto recebe diárias do governo, Sant’ana negou, mas afirmou que se afastará do serviço por causa da campanha eleitoral.

“Não vejo problema nenhum. Vou me afastar daqui a uns dias do Sinajuve, para me dedicar à campanha eleitoral”.

Procurada para responder se sabia ter financiado um dos participantes do ato, a Secretaria Nacional de Juventude não comentou, mas afirmou que a concessão da bolsa ocorreu “dentro da regularidade e atendeu a critérios técnicos”.

O Ibict declarou que avalia apenas a “entrega das atividades propostas no prazo estabelecido”.

Fonte: Época

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