Incompetência visceral(Por Paulo Figueiredo)

Advogado Paulo Figueiredo(AM)
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A incompetência no governo Dilma é visceral, a tal ponto, que ninguém consegue identificar quem é mais ou menos incompetente. No geral, há um certo nivelamento rasteiro, que alcança todas as áreas e setores da administração.
Veja-se agora o que acontece com a nomeação do petista Edinho Silva, novo ministro da Secretaria de Comunicação Social – Secom, com gabinete privilegiado no coração do Palácio do Planalto. Ex-deputado estadual e ex-tesoureiro da última campanha presidencial de Dilma, com ligações perigosas e umbilicais com Lula, já assume seu posto rateando diante da verdade dos fatos.


Ao ser perguntado sobre o caos político denunciado no relatório Thomas Traumann, ex-secretário de sua pasta, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, disse simplesmente que não o leu e nem o lerá, porquanto não tem o menor interesse no texto. Como se sabe, o documento explodiu como bomba no seio do governo, ao revelar a realidade, manobras escusas e entraves no sistema de comunicação oficial, como fruto de decisões e dificuldades orquestradas pelos principais atores da administração federal.

Traumann, sem meias palavras, recomendou o pagamento da rede suja do PT na internet, que atua via robôs devidamente amestrados, e propôs que os petistas deixassem de mentir sobre o petrolão e a inflação. Em outras palavras, que assumissem suas responsabilidades no gigantesco imbróglio de corrupção e desarrumação da economia, como partido no governo. O ex-secretário atropelava, não tinha limites, como no caso da jornalista Rachel Sheherazade, pressionada e obrigada a deixar a cadeira de comentarista nos jornais televisivos do SBT de Sílvio Santos. O jogo praticado pelo ex-ministro sempre foi pesado, como ocorreu com a Voz do Brasil e a EBC, transformadas em instrumentos colocados a serviço do partido e do governo, em contraposição aos interesses permanentes do Estado brasileiro.

Muito bem, com tudo isso, com Dilma Rousseff obrigada a aceitar o “pedido de demissão” de Traumann, com aspas obrigatórias, vem o atual ocupante do cargo e diz que nem sequer tomou conhecimento do que foi relatado pelo jornalista e companheiro que o antecedeu nas mesmas funções. É muita impudência, convenhamos, que vai além da irresponsabilidade. Como alguém que pretende inaugurar um projeto diferente de comunicação oficial e social do governo pode agredir a verdade com tamanha desfaçatez. É claro que até os guardas da rampa do Palácio do Planalto tiveram ciência do relatório Traumann, antes de seu vazamento para o jornal O Estado de São Paulo. No entanto, o atual senhor das comunicações insiste em não dar a menor importância às graves narrativas de seu antecessor, com a justificativa, pasmem os leitores, de que não se deve nunca olhar pelo retrovisor, forma vulgar e repetitiva de fugir de ocorrências incômodas. Como se vê, trata-se de um simplório, do qual pouco ou nada se pode esperar nos processos de inter-relação entre o poder e a mídia livre e independente. Ao tomar posse, de pronto, acenou com apoio aos jornalecos de fundo de quintal, blogueiros e outros agentes infiltrados na rede de computadores comprometidos, financiados e pagos pelo PT.

Como é que um ministro com tantas deficiências, desde logo expostas, pode gerir um orçamento de cerca de 200 milhões de reais? É pouco, considerando-se que alguns estados e municípios da Federação vão além ou se aproximam desses gastos. Manaus, por exemplo, despendeu em publicidade oficial em 2014 algo em torno de 70 milhões de reais, verdadeiro escândalo, diante das enormes carências do município.  Ainda assim, deve-se ressaltar que no orçamento da Secom do governo federal não estão incluídas as fantásticas verbas publicitárias das estatais – Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica etc., embora sujeitas à supervisão e controle indireto do ministro. A única credencial de Edinho Silva para ocupar o cargo de dirigente da pasta, pelo menos aquela que veio a público, é sua condição de petista e de ex-gerente de finanças da campanha de Dilma.

Assim, o aparelhamento incerimonioso do Estado tem curso e tudo indica que jamais será contido, como política partidária irrenunciável. Também sinaliza com a possibilidade de um entendimento maior entre o metalúrgico e sua pupila. Depois, os empedernidos do lulopetismo e suas expressões laterais, conscientes ou não, não sabem ou fingem ignorar as razões que levam o governo Dilma ao descrédito da população brasileira, com índices quase absolutos e vergonhosos, somente igualados nos piores anos da administração do inesquecível José Sarney. Pelo andar da carruagem, a vaca continua tossindo, cada vez mais alto.

O nome do novo titular, Edinho, em si mesmo, no diminutivo, pequenininho, tratamento especial que lhe é dado pela companheirada, como se tornou conhecido entre seus pares, também é emblemático.(Paulo Figueiredo – advogado, escritor e comentarista político –
[email protected])

NR: Coluna publicada, excepcionalmente, hoje.

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