Indústrias do DI estão burlando as Leis do trabalho no Amazonas, aponta Metalúrgicos

Valdemir Santana no Distrito Industrial do Amazonas - foto: Sindimetal

O Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas listou 20 empresas do Distrito Industrial do Amazonas como detentoras de 70% do faturamento, que gira em torno de R$ 160 bilhões/ano no Polo Industrial de Manaus (PIM)


Para o Sindicato da categoria, 20 empresas do Distrito Industrial do Amazonas são as que mais faturam e as que mais burlam, mais enganam a classe trabalhadora e a fiscalização, com as terceirizações, a mão-de-obra irregulares, com a alimentação de péssima qualidade, com a carga de trabalho excessiva e a imposição de lucros astronômicos, mesmo que para isto tenham que atropelar a Lei.

A relação das piores indústrias do Amazonas, foi feita pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos e da Central Única dos Trabalhadores (CUT-AM), Valdemir Santana, diante dos inúmeros casos de internações de trabalhadores ocasionadas pelas doenças ocupacionais (LER).

Carro chefe

Valdemir lista as indústrias Samsung, LG, Philco, Honda, Flextone (Motorola), Tectoy, instaladas no Polo Industrial de Manaus (PIM), como carro chefes das irregularidades fiscais e trabalhistas no Estado. “São várias empresas que investem neste erro, com o propósito de burlar as Leis do Trabalho e aumento os seus lucros individuais”, complementa.

O Distrito Industrial tem 660 empresas, que faturaram próximo de R$ 160 Bilhões/ano, empregando algo em torno de 107 mil trabalhadores diretos, com uma média de 20 empresas embolsando mais de 70% do bolo. Só a Samsung, é dona de R$ 32 bilhões/ano, dos R$ 160 Bilhões do faturamento de todas as empresas.

Laranja

Como exemplo mais gritante, o sindicalista cita a manobra da Samsung, que dispensou três empresas de componentes para criar outra de nome ‘Fama’ (uma espécie de Laranja), e levou um de seus diretores para dirigir a nova fornecedora de componentes. “A intenção, claro, é a de burlar a fiscalização, contratar trabalhadores irregularmente, sem direito aos benefícios trabalhistas e fazer contratações com salários reduzidos”, informa.

A Fama é beneficiada com os mesmos incentivos fiscais do governo, igual à Samsung, LG, Philco, Honda. Mas, não favorece em nada ao Estado, aos trabalhadores. Do final de 2022 para janeiro de 2023, as empresas de componentes Salcomp, Flextronics, Inventus Power, Flextone demitiram mais de 1.000 trabalhadores. Grande parte deles, foram contratados pela Fama/Samsung, mas com salários reduzidos, terceirizados, temporários, sem direitos e com péssimas condições de trabalho.

Novo governo

Com o novo governo, novos ministros, novo Presidente da República, o Amazonas terá meios aprimorados para evitar as manobras destas empresas. Elas terão de pagar os impostos estaduais e federais devidamente e, acabar com as tentativas constantes de burlar as Leis brasileiras.

Santana também confirma que o Sindicato dos Metalúrgicos dispõe de recurso capaz de denunciar os constantes danos causados por estas empresas, às Leis. Como presidente do Sindicato dos Metalúrgicos e da CUT, ele vai denunciar a discrepância entre faturamento e obrigação trabalhista, fiscal.

Incentivos abertos

Mesmo com o número de empregos, que elas poderiam criar, o presidente dos Metalúrgicos diz que não fará falta nenhuma elas irem embora do Brasil. “Tem uma média de 10 empresas, para cada uma, a quererem vir ao Brasil, implantar suas indústrias e com disposição de cumprirem as Leis do País.

“As regras para os incentivos fiscais administrados pela SUFRAMA, concedidos a projetos industriais, com vistas à industrialização de produtos na Zona Franca de Manaus (ZFM) e geração de empregos, estão abertos”, sustenta Santana.

Quintal da Coreia 

O que não é compreensível, na opinião do Metalúrgico, é que uma Samsung, por exemplo, que faturou R$ 32 Bilhões em 2022, com a folha de pagamento não atingindo a 0,5% do faturamento e ao mesmo tempo recebendo 5,0% de incentivo para Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), continue agindo como se o Polo Industrial de Manaus, fosse o quintal da Coreia.

Ou seja, os incentivos de  P&D que a Samsung recebe é 4,5% maior que os salários pagos pela fábrica do PIM e, ainda assim, tem o disparate de enganar os trabalhadores, com suspeita de comprar prédios com o dinheiro que deveria ser investido em pesquisa.

A Samsung mantém mais de 600 trabalhadores terceirizados, algo em torno de 10%, que não tem direito a nenhum dos incentivos previsto em Lei e na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). “Não vamos permitir que a Samsung e nenhuma outra empresa instalada no Distrito Industrial do Amazonas continue praticando a semi-escravidão, nem que seja preciso fechar elas de vez”, avisa.

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