Linha de crédito, habitação, títulos de terra, bandeiras dos ruralistas

Izete Rodrigues, deixa o cargo mas, garante continuação da luta/Foto: Zeferino Netto

Izete Rodrigues, deixa o cargo mas, garante continuação da luta/Foto: Zeferino Netto


Desburocratizar os trâmites bancários, para que os trabalhadores rurais tenham facilidade de acesso à linha de crédito; maior celeridade na entrega do título de terras, aquisição de casas rurais para os trabalhadores; construção da sede própria e continuidade à política de formação de lideranças são bandeiras de lutas que devem continuar na próxima gestão da diretoria da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Amazonas (Fetagri- Am), a ser eleita hoje, domingo (23).

A exposição é da atual presidente Izete Rodrigues Rabelo que entregará o cargo no dia 25 de março próximo, mas com a consciência do dever cumprido. Estas questões segundo ela, foram as que ficaram pendentes mas, que vão continuar sendo prioridades na próxima gestão.

Linha de crédito

A questão da facilidade à linha de crédito, segundo Izete Rabelo, constitui, ainda, um “gargalo” para os trabalhadores. Isso porque, para que o eles obtenham crédito, é  necessária a apresentação do título de definitivo de terra, processo que é muito demorado, chegando até a um prazo de dois anos. Diante disso, os bancos se recusam a aceitar o título provisório que é fornecido ao trabalhador rural, criando dificuldades para que ele possa levar adiante o seu trabalho.

“ O programa Terra Legal ( do Ministério do Desenvolvimento Agrário-MDA) está trabalhando o título de terra, já fez muito, mas  é complicado, é muito caro.  O Estado também já fez muito, por meio do Iteam (Instituto de Terras do Amazonas), então agora  estão entregando título já definitivos para os trabalhadores, porque o mesmo gasto que tinham com o provisório é o mesmo do definitivo”, explica Izete, ao acrescentar que com muito “malabarismo” os trabalhadores estão tendo acesso mais fácil à instituição de terras e que o documento está sendo liberado através de grupos de pessoas.

Crédito emergencial e cheia

Segundo dados da Federação, 147 mil pessoas ficaram desabrigadas na enchente do ano passado. E foi exatamente o crédito emergencial que ajudou os ribeirinhos agricultores. Porém, só foi possível, segundo Izete , porque a federação juntamente com o Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural, conseguiram “quebrar muita burocracia que havia dentro do banco”.

Nas enchentes os trabalhadores rurais desabrigados são encaminhados para escolas, quadras esportivas, vem para Manaus e casas de parentes. Para amenizar estes transtorno,  há meses a entidade vem participando de reuniões onde são discutidas medidas alternativas de ajuda aos ribeirinhos durante a enchente deste ano.  

Izete Rabelo discorda da posição da presidenta Dilma Roussef que, segundo ela,  em recente declaração disse que este ano não haverá mais crédito emergencial. Segundo Rabelo, a cheia é um fenômeno regional que impõe longos prejuízos aos agricultores. “ Quando eles perdem a produção ficam sem qualquer condição de sobrevivência. Passam de quatro a seis meses sem ganhar nada e acabam provocando inchaço junto as prefeituras quando vão até lá pedir ajuda”, explica .

Segundo a presidente da Fetagri,  desde o ano passado vem sendo feita uma campanha junto as prefeituras para que lotem o povo na terra firme. Izete alerta, entretanto para uma particularidade desta situação vivida pelos ribeirinhos e que torna-se o contraponto da situação difícil vivida por eles todos os anos.  “Há uma vantagem na várzea. Eles gostam de trabalhar nesta fase  porque quando a água da enchente deixa a terra,  a terra fica fértil,  ou seja, a natureza tira quando deixa as pessoas sem trabalhar mas devolve logo depois, quando a enchente baixa”, reflete.

Crescimento das filiações

Um dos destaques de sua administração, segundo Izete Rabelo foi o fato de ter conseguido aumentar o número de filiados .Quando assumiu a direção da Fettagri-Am, os filiados eram apenas 25 e hoje somam 59. “A gente  fez um bom trabalho e ainda tem mais dois para trabalhar”, explica ao apontar como um dos obstáculos para maiores conquistas as dificuldades de locomoção e acesso as localidades do interior. “ Nossa região ainda é muito difícil de se trabalhar. É cheia de altos e baixos.  Tem alguns municípios que agente precisa ir para outro Estado para voltar para o nosso. Por exemplo,  para ir para Guajara e Ipixuna eu tenho que ir primeiro para Cruzeiro do sul, no Acre”.

Lideranças sindicais

Em relação a formação de lideranças sindicais,  a presidente conta que foi realizado um trabalho  nas regiões do Baixo Amazonas, em torno de Manaus e na região do Médio Solimões. No entorno de Manaus  13 localidades receberam o curso de formação de liderança sindical ( Manaus, Manacapuru, Careiro-Castanho-; Careiro-Manaus-Iranduba; Silves ,Itapiranga, Itacoatiara, Urucurituba, Rio Preto da Eva e Nova Olinda do Norte).

No Baixo Amazonas: Silves, Itapiranga , Urucurituba, São Sebastião do Uatumã,  e Itacoatiara.  No médio Solimões : Tefé , Alvarães, Uarini, Maraã e Fonte Boa.

Segundo Izete Rabelo, em uma nova proposta para formação de lideranças para 2014, serão contemplados 9 municípios do Alto Solimões ( Fonte Boa, Jutaí, Santo Antonio do Içá, Amaturá, São Paulo de Olivença; Tabatinga, Benjamin Constant e Atalaia do Norte.

Este trabalho, segundo a presidente, tem como objetivo fortalecer os sindicatos da área rural. “Nos  tivemos também educação do campo, com duas turmas, sendo privilegiados os municípios de Manaquiri, Iranduba, careiro castanho, Autazes, e Careiro da Várzea” .

Habitação

Um dos trabalhos que deverá continuar será o convênio junto ao Banco do Brasil para a construção de casas  para os trabalhadores. Segundo a presidente sindical, já está sendo finalizado uma demanda de 1.800 casas nos municípios, construídas nas próprias comunidades onde moram.

Construção da sede

Um dos objetivos para a próxima gestão será a  construção da sede localizada  na Avenida Tarumã 866, na Praça 14, Centro-sul. Izete considera ca construção da sede um déficit, mas por outro lado diz que conseguiu reestruturar a federação em termos de documento dando condições para que a entidade consiga realizar convênios.

Atualmente são 272 mil trabalhadores rurais cadastrados no Amazonas. “Estamos fazendo um novo levantamento para vê se aumentou ou diminuiu”, conta Izete, ao acrescentar que um dos grandes avanços de sua administração é que 70% dos 59 sindicatos filiados à federação possuem declaração de aptidão ao Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar ).

“A gente costuma dizer que esse documento é a carteira de identidade do agricultor, porque o ajuda num financiamento, a vender seus produtos à Conab ( Companhia Nacional de Abastecimento), à Preme (Programa de Regionalização da Merenda Escolar) e para o Merenda Escolar”, observa.

 

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