Longa ressaca em 2016 (Por Paulo Figueiredo)

Advogado Paulo Figueiredo(Am)

Encerramos o ano de 2015 embriagados pela crise política e econômica. Em 2016 o que nos espera é uma longa e dolorosa ressaca. Nada além do que um ano sem perspectivas, ainda que sob a ótica favorável de analistas panglossianos ou comprometidos com o lulopetismo.
Dilma e o PT quebraram o país, destruíram as finanças públicas e foram condenados pelo Tribunal de Contas da União. No rastro do cometa da incompetência e da corrupção, as instituições em frangalhos. Com Renan Calheiros e Eduardo Cunha, no Legislativo, e Ricardo Lewandowski, no Judiciário, tem-se a dimensão do desastre, sepultadas as possibilidades de impedimento da presidente faltosa.


O lulopetismo conseguiu transformar o jogo do impeachment em luta polarizada entre Eduardo Cunha e Dilma Rousseff, entre o diabo e o coisa ruim, como diria Brizola, agora muito citado por Lula. A população, ciente de que não lucraria nada com o confronto entre figuras tão deploráveis, para dizer o mínimo, alheou-se indiferente ou descrente das ruas e praças da Nação. E sem a participação do povo não há projeto de cassação que possa prosperar, especialmente quando se tem no Supremo Tribunal Federal um firme aliado dos interesses do Palácio do Planalto. De mais a mais, não h&aac ute; o menor entusiasmo na substituição de Dilma por Michel Temer, um contrabalanço com todos os vícios históricos do PMDB e de seus expoentes na vida pública, somados ao lulopetismo predador.

Na outra ponta, os chamados movimentos sociais, CUT, UNE, UBES, MST, MTST, Via Campesina, sindicatos e outras siglas, verdadeira salada, é que agora tomam conta dos espaços públicos em defesa do mandato de Dilma, alimentados com fartos recursos do erário federal. Com evidência, o lulopetismo traz para o proscênio das manifestações o dístico do “Fora Cunha”, que realmente não tem mais condições de continuar presidindo a Câmara Federal. E, de forma lateral, postam-se no combate à política econômica do governo, como se dele não participassem, e conseguem ver rolar a cabe& ccedil;a do ministro Levy. Em ambos os casos, apropriam-se do discurso que deveria ser exclusivo da oposição, que se encontra completamente perdida, com lideranças atabalhoadas e sem rumo.

Tudo indica que amargaremos o governo Dilma até 2018, mesmo com a quebradeira geral e o descrédito do Brasil junto aos organismos internacionais. Não há governo que resista à irresponsabilidade lulopetista na administração da crescente dívida interna e das contas públicas, com reflexos negativos e profundos sobre a economia. E qualquer projeto de recuperação demandará um grande esforço e ingentes sacrifícios do povo brasileiro, com a falência de metas de estabilidade e princípios de política econômica duramente conquistados em passado recente com o Plano Real.< /p>

Com a inflação fora de controle e com cerca de três milhões e quinhentos mil desempregados em 2016, todos os benefícios sociais obtidos com os programas de redistribuição de renda descem pelo ralo e provocam o retorno da nova classe média a níveis de penúria, segundo índices insuspeitos de órgãos do próprio governo. Na melhor das hipóteses, as previsões apontam um crescimento pífio do Produto Interno Bruto, para os anos seguintes, sem levar em conta a crise política, com tendência de agravamento, pelo apetite fisiológico e insaciável da tropa aliada n o Congresso, a ser alimentada pela presidente, como única alternativa para manter-se à testa do governo.

Apesar dos pesares, ainda alimento esperanças, afinal não se vive sem acreditar no futuro. Cuido que a Operação Lava-Jato, sob a liderança do juiz Sérgio Moro, passe realmente uma vassourada nessa gente toda, como vem fazendo, mesmo com as pedras aqui e ali postas em seu caminho pelas instâncias superiores da Justiça brasileira.

Impossível levar o país a sério – e neste ponto Charles De Gaulle tinha razão –, com Renan Calheiros na presidência do Senado e do Congresso, mantida a Câmara Federal sob a regência de Eduardo Cunha. As provas contra ambos são contundentes. Como diz a historieta popular, com rabo de leão, juba de leão, pata de leão, pelo de leão e rujo de leão, ainda assim, não será o leão?

Renan, aliando-se a Dilma e Lula, espera escapar do cutelo, enquanto Cunha vai  ao fundo do poço, com punição inafastável. Minhas dúvidas ainda residem na atuação do Supremo Tribunal Federal, hoje com o pior colegiado da história da Corte, com uma ou outra exceção. Lamento a ausência do ministro Joaquim Barbosa. Mas o imprevisível às vezes acontece.(Paulo Figueiredo – Advogado, Escritor e Comentarista Político – [email protected])

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