Mediocridade – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Professor Universitário

Cidadão brasileiro que não se angustiar com o que está acontecendo no Brasil contemporâneo, é cínico, cúmplice ou disleriado civicamente.


Estudante universitário abilolado é flagrado tirando onda com a polícia, programas de televisão onde o nível neuronal máximo exigido é o asinino, assassinato em praça pública não registrado porque a geringonça eletrônica não estava funcionando, presidiário eleito deputado e frequentando sessões da câmara com ares de socialmente comprometido, filho de ex-presidente afirmando que os milhões de dólares depositados pelo genitor no exterior eram destinados à prática da caridade, arroto de baixo-clero parlamentar dizendo que vai para o outro lado se não lhe derem benefícios, aumento de 0,1% nos salários dos civis e militares federais e de 50% nas representações dos gabinetes da Câmara Federal, armas e munições recolhidas apenas de cidadãos respeitados, vice-prefeito sendo enchilindrado por descarada falsificação, bolsa-família beneficiando milhares de não-pobres e nepotismo descaradamente praticado e justificado diante de milhões de brasileiros, popuzudas de baixas e altas rendas, imaginando que curriculum é remelexer o traseiro para câmaras de televisão postas ao rés do chão, para bem focar o tubo de imagem, e os penduricalhos de orelhas e sobrancelhas ostentados por jovens e bruacas consumidoras de calças modelo pentelhil, cuja concorrência está a favorecer o empurramento do cós para bem perto da entrada do cofrinho.

Para não falar dos milhões de ouvintes de rádio e televisão que se anestesiam com as infelicidades dos outros, as chifrudagens gravadas sob os olhares “furiosos” do corno fingido, não percebendo todos que tudo é muito bem programado para ampliar o faturamento comercial dos patrocinadores, alienando tudo, a família e os bons costumes. Embora à merda sempre se deva mandar os moralismos idiotas e os faniquitismos nostálgicos. Vivemos na era das pulhas as mais diferenciadas.

Que independem de sistemas econômicos, escolaridade e renda, raça e religião, sexo e ideologia. Ilude-se hoje abertamente, utilizando os mais diferenciados meios e métodos de enganação, da praça pública à televisão a cabo, passando pela internet, ensino superior e organizações não-governamentais, algumas delas já descaradamente neo-governamentais. Na lista das pulhas mais destacadas, os histerismos de ideologias que já se descoloriram, religiões que oferecem mundos e fundos e homeopatias e alopatias que prometem levantar até o que amoleceu ad perpetuam rei memoriam.

Para não citar o besteirol dos dirigentes da área esportiva. É chegada a hora da parte saudável da sociedade civil brasileira se manifestar, através de intensas pressões democráticas. Pela sobrevivência do nosso amanhã como nação civilizada, nunca sendo olvidada a advertência feita pela jovem Anne Frank, trucidada pelas forças da estupidez: para nós, jovens, é duas vezes mais difícil manter nossas opiniões numa época em que os ideais são estilhaçados e destruídos, quando o pior da natureza humana predomina, quando todo mundo duvida da verdade, da justiça e de Deus.

Recentemente, uma revista de circulação nacional dirigida pelo Mino Carta, através de uma reportagem – O Vulgar Para Todos – destacou a ultrapassagem de alguns limites. E quando a vulgaridade de uma classe média se amplia, perde-se o senso do ridículo, gerando irresponsabilidades sociais dos mais diferenciados calibres, para ter ibope valendo até fotografar-se se arreganhando imitando tocar guitarra. Uma classe média que já não se respeita é sinal evidente de que algo de podre está contaminando tudo, reduzindo as expectativas a um salve-se quem puder autofágico, para Bil metido-a-cavalo-do-cão nenhum botar defeito, pois já não mais se enxerga coisa decente pela frente. Busquemos erradicar a mediocridade dos não-pobres.

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