Mudanças e permanências – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Professor Universitário

Ano de eleição para Prefeitos e vereadores. Mudança é palavra de ordem em todos os campos da atividade humana. Especialmente agora, quando assistimos à troca de prefeitos, quando é preciso – no entender de cada um – imprimir mudanças radicais em relação ao governo anterior, sobretudo quando não há mais a possibilidade de reeleição e aparece outro candidato de ideologia política diferente. Independente disto, em qualquer outra função, a nova gestão que se instale vai promover mudanças, até por questão de identidade e concepções.


Cada novo dirigente quer imprimir mudanças que tragam benefícios à coletividade, que são sempre bem-vindas e até necessárias para motivar as pessoas e oxigenar os organismos sociais. Mas, agora vamos para o plano da educação, que lida com a formação das pessoas e preparação do ser humano para a plenitude da vida. E é natural que a escola seja o desaguadouro da repercussão de todas as mudanças sociais que estão se processando, gerando dúvidas e inquietações com relação ao que deve ser validado e o que deve ser rejeitado e até combatido. E aí passamos da inquietação para o impasse, já que a torrente de mudanças coloca em xeque valores fundamentais que balizaram a educação ao longo de milênios, criando verdadeiro caos na educação familiar e “alimentando as escolas com duvidosas teorias de pedagogia de revista” passando de um extremo para o outro. Quem nos pode ajudar um pouco neste impasse é a pedagoga espanhola Juana Sancho, que afirma que a educação lida com mudanças e permanências.

Se a mudança é contingência irreversível da vida humana – e a própria natureza nos ensina isto – então é preciso olhar com serenidade para as permanências: o que não pode ser jogado fora, por conta de modernismo inconsequente. Eu creio que família, igreja e escola são instituições responsáveis por ensinar os valores fundamentais da vida. É tarefa que precisa ser assumida (ou reassumida) com coragem e sem concessões gratuitas, e muito menos receio de ser quadrado, cafona ou algo semelhante.

Sem respeito, disciplina, hierarquia e valores a sociedade corre perigo, porque se validam procedimentos bárbaros, que levam à perversidade e à degradação da vida. Pelo que está acontecendo por aí, será que estou vendo fantasmas, ou são sinais da deterioração social, e aí quem paga o preço é a vida, o bem mais precioso que recebemos. Coragem, pais, professores e religiosos! Homens de bem, uni-vos! Não receiem em assumir a vocação profético-missionária para salvar a humanidade do caos. Proclamemos com firmeza inabalável os valores fundamentais, baseados em princípios bíblicos, e eduquemos as crianças e jovens com amor, limites e diálogo, aceitando o desafio de Levítico 10.10: “Vocês devem estar em condições de fazer a diferença entre o que é e o que não é sagrado.” Finalmente, como pais, saber que “não precisamos nos preocupar em terminar a obra, mas não temos o direito de nos retirar dela”.

O mundo clama por pais amorosos e firmes, mães virtuosas, professores sábios e religiosos humildes e fiéis à promessa que os consagrou para, em conjunto e à base do diálogo, trabalharmos diuturna e incansavelmente pela formação das crianças e dos jovens, para que não cresçam com a falsa percepção de que as mudanças impliquem ausência total de permanências.

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