Não erro se afirmar estar a maioria dos leitores interessada neste clamoroso assunto do toma á da cá, dos cargos do governo e dos efeitos malcheirosos da lama que escorre por entre os desvãos do poder, atingindo as instituições republicanas com ingredientes mortais. Não se fala em outra coisa. Em qualquer roda, nos concílios familiares, nos clubes, nas ruas o assunto é um só.
Televisão, rádios e jornais testemunham os fatos e ampliam as repercussões das denúncias, cada um deles formando elos de uma cadeia sistêmica de corrupção que entristece a nação. A leitura dos principais jornais do País do fim de semana aponta páginas e páginas dedicadas à mesma toada.
Pela mesma forma, as revistas semanais. De nada adiantarão ações para encobrir os pedintes e os que negociam. Basta ler o Novo Testamento e certificar o que sobre isso falaram os evangelistas. Lucas (8,17 e 12,2): “Não há nada oculto que não venha a descobrir-se e nada há escondido que não venha a ser conhecido”. Repetindo idênticas palavras, Mateus (10,26): “Nada há de escondido que não venha à luz, nada de secreto que não se venha a saber”. De nada valerão os esforços de quantos tentam impedir a divulgação dos embustes praticados. A opinião pública está atenta e vigilante.
Em razão dessa abundância de noticiário sobre, falcatruas, desvios de comportamento, abastardamento da vida pública, tudo espalhado pela imensidão do solo pátrio, o cronista ficou em dificuldades na escolha do tema para a crônica semanal. Não voltaria a falar no mensalão e outras porcarias para fadigar o leitor. Às vezes, padece de total carência de inspiração para abordar a amplitude dos fenômenos que acontecem à sua volta. É um sofrimento. Fico a matutar como um, cronista político, consegue diariamente um assunto novo, tratando-o com a maestria de sempre. Imagino como sofrem outros obrigados a garimpar no dia-a-dia temas nem sempre apetitosos, edulcorando-os para agrado do leitor cada vez mais exigente.
