Novo medicamento para tratamento de malária tem resultados positivos

Conferência Internacional sobre Pesquisa de Plasmodium vivax /Foto: Valdo Leão/SECOM

As pesquisas com a Tafenoquina, novo medicamento contra malária, apresentaram resultados positivos, na redução do tempo de tratamento da doença. Além disso, em 66% dos pacientes que fizeram uso do medicamento, não houve recaída da doença. Os resultados do estudo, realizado em cinco países (Brasil, Indonésia, Tanzânia, Peru e Tailândia) foram apresentados nesta segunda-feira (12), durante a 6ª Conferência Internacional sobre Pesquisa de Plasmodium vivax, evento que está sendo realizado pela primeira vez no Brasil.
A conferência foi promovida pela Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, sob a coordenação da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD).


No Brasil, a pesquisa com o novo medicamento contou com a participação da FMT-HVD e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), de Porto Velho. Segundo o diretor de Ensino e Pesquisa da FMT-HVD, Marcus Lacerda, coordenador do evento e responsável pelos testes com o novo medicamento, em Manaus, uma das grandes preocupações em relação à malária é o abandono do tratamento. Isso acontece, disse ele, principalmente porque o paciente, ao sentir melhora dos sintomas, acredita que já está curado e não conclui o tratamento pelo período indicado.

Atualmente, o tratamento da Malária é feito com a terapia combinada de dois antimaláricos (Cloroquina e a Primaquina). “A Tafenoquina vai substituir a Primaquina e passa a ser administrada em dose única. Isso é um grande avanço, já que, sendo um único comprimido, pode ser tomado ainda na unidade de saúde, sob a supervisão da equipe médica”, detalha Lacerda.

O pesquisador ressalta que, quando não concluído o tratamento de forma correta, as chances de recaída da doença são muito altas. Por isso, a importância de se ter um medicamento que garanta a adesão e conclusão do tratamento pelo paciente.

Tempo de permanência no organismo – De acordo com ele, a diferença entre a Primaquina e Tafenoquina é o tempo de permanência no organismo. A Primaquina é eliminada mais rapidamente pelo organismo e, por isso, precisa ser ingerida por um período longo. Já a Tafenoquina permanece agindo por vários dias, mesmo o indivíduo tomando apenas uma dose.

A partir de agora, a medicação será submetida ao registro da Agência Nacional de Vigilância em Saúde (Anvisa). Esse processo deve durar cerca de três anos, para então ser disponibilizado no Sistema Único de Saúde (SUS). O estudo com a nova droga foi coordenado pelas empresas Medicines for Malaria Venture (MMV) e Glaxo Smith Kline (GSK), e financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates.

Conferência Internacional sobre Pesquisa de Plasmodium vivax /Foto: Valdo Leão/SECOM

Evento – A 6ª Conferência Internacional sobre Pesquisa de Plasmodium vivax acontece até quarta-feira (14), na Àrea de Convenções do Tropical Hotel, das 9h às 19h30. Participam do evento mais de 400 cientistas de 33 países, que estão debatendo os desafios e estratégias para o controle e eliminação do Plasmodium vivax, parasita transmissor do tipo mais incidente de malária no mundo.

Os pesquisadores estão discutindo os desafios para que seja alcançada a meta estabelecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), para eliminação da doença, em pelo menos 35 países, até 2030. Outros temas em pauta são: o acesso ao tratamento, a epidemiologia e vigilância, o mapeamento e novas intervenções em transmissão, imunidade e o desenvolvimento de vacinas.

Avanço das pesquisas – A diretora-presidente da FMT-HVD, médica infectologista Graça Alecrim, ressalta a importância do evento para o avanço das pesquisas sobre a malária e para o estabelecimento de novas estratégicas para o combate à doença. “Ser sede de um evento desse porte fortalece ainda mais o caráter estratégico que a FMT assumiu nas últimas décadas, no cenário da pesquisa internacional”, destacou.

O trabalho de pesquisa e assistência aos pacientes com malária, na FMT, segundo ela, tem se destacado, especialmente, na contribuição para inserção de novos métodos terapêuticos, no âmbito do sistema único de saúde. “A Fundação tem atuado fortemente junto ao Ministério da Saúde, prestando assessorias técnicas na terapêutica e para controle da malária no País”, afirmou.

 

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