O Nordeste dando as cartas – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Professor Universitário

Não se costuma dizer que o Congresso reflete o Brasil, é a cara do Brasil? Daí então, sociológica e eticamente, em grande parte, o Brasil é o baixo clero, a cara do Brasil é a do baixo clero. Cabe assim, para dar pelo menos um afetado toque de classe, convocar o Jacinto De Thormes (Maneco Muller, aliás, é o seu verdadeiro nome,) para escrever a crônica atual dos notáveis brasileiros. Assim escreveria De Thormes: Le dernier cri (o último grito da moda) é ser nordestino.


Para a estação do inverno que já está chegando, não em Manaus, como de resto, espera-se, para os próximos dois anos, o Nordeste como a tendência do último grito da moda. Ser Silva ou Ferreira da Silva (Lula e Maria do Carmo, a senhora de Pernambuco), Cavalcanti – de preferência Severino, não é mesmo, João Cabral de Melo Neto? – e Calheiros e Lira das Alagoas, é o must para os modelos que toda a Imprensa irá referir-se, fotografar, e “filmar” para a televisão.

Da semana passada para cá o Nordeste, competindo infelizmente com as mortes brutais no Pará, tomou conta dos jornais, rádios e televisões. Ouvi por uma rádio de cobertura nacional, pelo menos duas entrevistas com sociólogos radiofônicos, tentando explicar para o resto do Brasil o que seriam as elites nordestinas. Tem havido uma nordestinização do Brasil por estes dias. Até um muito interessante artigo sobre a eleição da Câmara dos Deputados foi escrito por um nordestino de Pernambuco, o Francisco Oliveira publicado na Folha de São Paulo quinta-feira passada.

Oliveira, que já reside no sul faz muitos anos, se diz no artigo ser “recifense roxo” e já foi afiliado do PT. O título do seu artigo é O paradoxo Severino.. O que tanta nordestinada pode vir a significar? Que avaliação passarão a receber as elites políticas nordestinas? Como ouvirão os ouvidos dos jornalistas de São Paulo, Brasília e Rio os termos e o sotaque do-que-ninguém-esperava atual do presidente da Câmara dos Deputados? Ele já é uma caricatura folclórica do regionalismo, ou ainda vai se tornar durante suas falas contundentes do seu trono? Para mim não é seu jeito de falar; mas suas posições sobre moral, relações sociais e propostas corporativas para a Casa que preside, que vão sinalizar e moldar aquilo que irão passar a dizer dele.

Dele, e quem sabe, do Nordeste e de Alagoas em particular. Já houve um outro Presidente da Câmara, este do Ceará, que, assumindo interinamente a Presidência da República, cometeu extravagância que entrou no anedotário achincalhador da política brasileira: (Deputado Paes de Andrade, se não me engano de um município cearense denominado Mombasa, parece).

Pois é. De repente, surpreendentemente, mesmo sem carnaval, esta festa residual, o Nordeste virou le dernier cri. E de maneira lamentável. Mesmo eu não sendo nem vagamente um nordestino (e muito menos recifense roxo – mas que expressão mais vulgar, meu Deus!) espero que passadas as semanas de euforia daquela sessão da aprovação do arcabouço fiscal a Câmara do Deputados (quando todos os congressistas se conduziram de modo vergonhoso) o senso digno e as avaliações civilizadas entrem e se instalem em todas as cabeças.

E que essa moda nordestianíssima não pegue e nem vigore por muito tempo. Por que, moda não; mas um modo de vida bom e feliz (como a da Escandinávia) é o que nossa população brasileira carece. Só que isto não vai ser conseguido com um presidente fraco e desorganizado como o Lula da Silva. No seu governo no hay banda ni maestro.

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