Os 100 dias de Governo Bolsonaro – por Carlos Santiago

Carlos Santiago é Sociólogo, analista político e advogado.

O governo do presidente Jair Bolsonaro completa 100 dias sem uma base política sólida no Congresso Nacional para aprovação de reformas necessárias ao Brasil, sem um plano para impulsionar o crescimento e o desenvolvimento econômico, sem uma coordenação interna de governo eficiente e capaz de promover uma interação entre órgãos, e de cobrar resultados positivos, além, de envolver-se em conflitos nacionais e internacionais desnecessários. Isso, e outros fatores, acendem um sinal de alerta nos rumos do atual governo que já possui baixa aprovação popular.


Bolsonaro foi eleito com 57 milhões de votos, pregando uma agenda liberal na economia e conservadora nos costumes. Contribuíram a seu favor o sentimento de revolta da sociedade contra a corrupção de políticos, a crise de confiança nos poderes da República, os altos índices de violência do País, os indicadores econômicos, além do crescente número de eleitores evangélicos e o aumento da cultura antipetista.

Após a posse, em janeiro, sem estratégia de aprovação das reformas da previdência e tributária, o governo lançou, em 16 áreas diferentes, 35 metas prioritárias para os 100 dias da nova gestão federal. Algumas metas são meros atos burocráticos que não contribuem em nada para a melhoria social e econômica do País, como a criação de condicionantes para a realização de concurso público, ou a ampliação da posse de armas de fogo. Na verdade, a única meta que vem trazendo alegria ao governo Bolsonaro e ao caixa do tesouro federal é a continuidade das concessões de portos e aeroportos que foram herdadas do governo Temer.

Carlos Santiago é Sociólogo, analista político e advogado.

Bolsonaro vem demostrando que não tem uma coordenação de governo eficiente. Aconteceram embates entre o presidente da Câmara dos Deputados e o ministro da Justiça e Segurança Pública, a disputa interna entre os seus aliados no Ministério da Educação já fragilizou o planejamento educacional do País. E no Congresso Nacional, o governo já sofreu derrotas, como a derrubada do decreto sobre sigilo de documentos e a Reforma da Previdência que não avança.

Além das metas dos 100 dias, o presidente realizou visitas aos governos dos Estados Unidos da América, do Chile e a Israel, buscando parcerias comerciais e afinidade ideológica, mas os resultados comerciais foram insignificantes, e ele ainda sofreu rejeições dos opositores desses governos, por suas declarações a favor de ditaduras e contra mulheres, negros e comunidades LGBTs.

Nos últimos dias, foram divulgados números negativos para a área econômica. A projeção do Produto Interno Bruto (PIB) para 2019 caiu, saindo de 2,4% para 1,9%, com um crescimento da produção industrial apenas em 0,7%, bem abaixo da previsão dos economistas, e a percentagem do desemprego chegando a 12,4%. Isso tudo levou a uma queda de 15 pontos na aprovação do governo, fazendo com que, segundo o Ibope, 34% dos brasileiros considerem a administração boa ou ótima. Portanto, está na hora do presidente organizar o governo e buscar melhorias para o Brasil.

Carlos Santiago é Sociólogo, Analista Político e Advogado.

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