Os partidos progressistas no Amazonas estão na condição de “nanicos” nas ações e nas eleições – por Carlos Santiago

Carlos Santiago é Sociólogo, Analista Político e Advogado

Os partidos progressistas ou de espectro de Esquerda já elegeram um prefeito de Manaus e dez outros prefeitos no interior do Estado, deputados federais mais votados, uma bancada significativa de deputados estaduais e uma senadora da República, mas hoje não passam de siglas eleitorais nanicas e, produzem ou contribuem para o pior da política.


Partidos como o PT, o PDT, o PSB, o PC do B e até o antigo PCB, eram parte dos debates públicos nos Movimentos Sociais, nas Instituições de Ensino, na mídia e nas reivindicações populares por saúde, por moradia, por transporte para estudantes, pelo orçamento participativo e contra a corrupção nas administrações públicas.

Hoje, os denominados partidos de Direita ou de Centro-Direita se multiplicaram e tiveram um crescimento nos espaços de Poder do Amazonas. O União Brasil, o PP, o Republicano, o PSD, o PSDB, o PRD, o Podemos e o PL, são os que detém nas suas fileiras a maioria dos deputados, dos prefeitos, dos vereadores, o cargo de governador e outros nas administrações públicas.

Por que, então, do enfraquecimento dos partidos progressistas ou de espectro de Esquerda se os grandes problemas sociais e econômicos dos últimos 20 anos continuam os mesmos, no Amazonas?

O desemprego continua com índice alto, a pobreza só cresceu, povos tradicionais e originários continuam sofrendo preconceitos, a política pública para o Meio Ambiente quase não existe, mortes por violências ainda assustam, o saneamento é uma calamidade, os escândalos de corrupção persistem, os indicadores de educação são vergonhosos, a saúde pública é sinônimo de morte e a mobilidade urbana sucumbe sem planejamento.

As respostas estão relacionadas ao crescimento mundial dos ideais conservadores e da Direita; ao esvaziamento dos movimentos sociais ou o sufocamento deles por eternos dirigentes; à falta de mudança nas direções partidárias; o fim da hegemonia do embate classista na política; o envolvimento de dirigentes em crimes de corrupção e o afastamento de Dilma Rousseff.

Existem, ainda, os desgastes por conta de composições eleitorais com caciques da política local; a falta de um modelo de comunicação digital; a falta de diálogo com novos sujeitos políticos das cidades, como evangélicos, pequenos empreendedores e trabalhadores de aplicativos; a Direita política domina bem as novas formas de comunicação com abordagens simplistas e ancoradas na cultura conservadora do povo brasileiro.

Os desafios para saírem dessa atual situação não são fáceis: as mudanças nas direções partidárias são muito difíceis. Viraram uma espécie de capitanias hereditárias de grupos e famílias; apostar em novas lideranças com pautas concretas para a vida da coletividade; ampliar a interação com os novos sujeitos do processo político (trabalhadores de aplicativos, igreja evangélica, comércios de bairros).

E, também, melhorar a comunicação com a sociedade por meio das mídias digitais e envolvimento e opiniões com pautas do cotidiano; unidade de ação e investir em candidaturas proporcionais e majoritárias com propostas concretas para resolver os problemas das cidades e do Estado.

Não indico mudanças a curto prazo nas ações dos ditos partidos progressistas, pois os interesses de pequenos grupos e de seus familiares continuam definindo os atos das direções partidárias que buscam parcerias com os governantes caciquistas do estado ou com velhas práticas, envolvendo festas e entrega de brindes, bem distantes das soluções dos reais problemas sociais. Enquanto isso, os partidários da Direita política ganham força política e corações do eleitorado.

Carlos Santiago é Sociólogo, Advogado e pós-graduado em Ciência Política.

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