PA: cadáver é largado em quarto com dois pacientes

Com 68 leitos, o Pronto-Socorro Municipal (PSM) Humberto Maradei, no Guamá, está funcionando com uma demanda três vezes acima do limite, o que pode colocar em risco a segurança do atendimento aos pacientes. O alerta foi dado ontem, pelo presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Pará (Coren-PA), Mário Antônio Moraes, durante fiscalização realizada pela manhã (14). As fotos enviadas pela assessoria de comunicação do Coren mostram o caos: pacientes atendidos nos corredores, macas espalhadas pelo chão, doentes gemendo em cadeiras. A imagem mais chocante mostra um cadáver dentro de um saco, em cima de uma cama, entre dois pacientes do hospital.


Mário Moraes explicou que a superlotação do PSM coloca em risco a segurança do atendimento. Sem classificação de risco, os que chegam ficam aglomerados em um mesmo ambiente. “Nós vimos uma situação muito difícil do ponto de vista assistencial relacionado à segurança do paciente”, disse. Ele destacou que, anteriormente, na entrada do hospital havia o setor de acolhimento, que recentemente deu lugar a um consultório médico. Moraes destacou, ainda, que a área próxima ao antigo setor de acolhimento foi transformada em enfermaria. “Com isso, o paciente fica internado fora de leitos hospitalares, em macas e cadeiras. Há um cenário de negligência, imprudência e imperícia no atendimento prestado aos pacientes. Ficam todos amontoados.”

Destacando que a situação do atendimento no PSM do Guamá piorou após o incêndio ocorrido no Pronto-Socorro Municipal Mário Pinotti, na travessa 14 de Março – o que fez com que a maior parte dos atendimentos fosse concentrada no PSM do Guamá -, Mário Moraes também falou de deficiências no que diz respeito à correta internação das pessoas no pós-operatório. “O paciente que recebe o atendimento cirúrgico não tem setor de recuperação pós-anestésico. Ele fica na mesma sala. Dali, como não tem um leito de retaguarda, acaba ficando nas enfermarias, para esperar a transferência. Isso é uma falha grave”, ressaltou. O presidente do Coren observou, ainda, que o prédio do PSM do Guamá foi construído há 14 anos e que, na época em que o hospital foi inaugurado, estava dimensionado para uma população de média complexidade. “Hoje, o PSM atende a um público de média e alta complexidade, mas a estrutura física não acompanhou essa mudança. A rede de gases, por exemplo, perde eficiência sempre que se liga um equipamento a mais, o que dificulta ainda mais a assistência aos pacientes”, declarou.

SEM RESPOSTAS

Entre os objetivos buscados pelo Coren durante a fiscalização realizada na manhã de ontem, também estava a identificação da quantidade de enfermeiros e técnicos de enfermagem que atuam no hospital. Para essa questão, porém, o Conselho continua sem respostas da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). “Solicitamos a quantidade de enfermeiros e o número de procedimentos que estão sendo feitos, mas nada nos foi passado”, disse Moraes. “A gestão pensou em fazer o redimensionamento e trazer os profissionais do outro PSM para cá, mas a gente encontra essa dificuldade de os profissionais virem para cá e se adaptarem a um novo espaço que é pequeno”, destacou.

Segundo ele, toda essa situação transmite uma insegurança na equipe que trabalha atualmente no PSM. “O que se observa hoje é um estresse muito grande dos funcionários, que têm dificuldade de prestar assistência aos pacientes”, concluiu.

(Diário do Pará)

 

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