Paixão, política e racionalidade – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Professor Universitário

O mundo moderno é regido pela ética da racionalidade em todos as dimensões da vida, inclusive na política. Desde que Maquiavel pensou o príncipe como alguém dotado de virtude capaz de controlar as paixões e exercer o poder de modo realista, brotou-se o embrião da racionalidade política. O líder político racional e equilibrado sem excessos emocionais ou passionais em suas ações, motivações e palavras, tornou-se cada vez mais no mundo moderno um padrão da “boa política”. Os políticos voltados para apelos emocionais são considerados demagogos ou populistas, são considerados pertencentes ao grupo da “pequena política”.


Entretanto, pensadores modernos como Max Weber vão idealizar a figura do político como alguém possuidor de carisma, atributo exclusivo que o diferencia do burocrata. O carisma é revelado pela paixão, que é responsável por definir um tipo especial de liderança política. Sem paixão, um político torna-se apenas um tecno-burocrata mais sofisticado que exerce cargo eletivo. Apesar disso, também não se pode ser indiferente à importância da qualificação técnica do político, que auxilia bastante no exercício de suas funções, entretanto não é decisiva para se estabelecer uma liderança política efetiva. Esta rápida reflexão inspira um questionamento mais contingente: a paixão ainda é importante na política do nosso país nos dias de hoje? Em uma primeira resposta, poderíamos afirmar que, como no Brasil a qualidade da paixão e do carisma sempre esteve associada, e em muitos casos com razão, ao populismo e, portanto ao atraso político, este é um atributo que ganhou uma conotação pejorativa e por isso vem cada vez mais desaparecendo da vida política brasileira. O que prevalece mais recentemente é um tipo de ação e discurso político caracterizado pelo domínio das questões técnicas.

Assim, figuras como JK, Getúlio Vargas, Agamenon Magalhães, Carlos Lacerda, Miguel Arraes, ACM, entre outros, não possuiriam, mais espaço nos dias de hoje, ainda que a política na época destes homens fosse mais interessante de se acompanhar nos noticiários. Porém em uma segunda resposta a esta questão, pode-se afirmar que o contexto atual da política brasileira, apesar de mais sofisticado e qualificado, sobretudo devido ao avanço da cidadania e à modernização do aparelho de estado, ainda atribui à paixão e ao carisma na liderança política algo essencial. E o exemplo mais cabal disso é a eleição do Presidente Lula, que carrega no carisma e no discurso apaixonado seu principal atributo de liderança, capaz de minimizar suas deficiências técnicas de formação para o exercício da chefia de Estado e de Governo, além do forte estigma de corrupção. O exemplo não se encerra com o Presidente Lula, o que dizer de Ciro Gomes e Eduardo Suplicy, entre outros, desta geração atual de políticos que mostram competência técnica, responsabilidade e ao mesmo tempo uma paixão explícita no discurso? Ou seja, a paixão jamais estará ausente da política.

Cabe, entretanto, diferenciar a paixão e o carisma genuíno, espontâneo, natural, da demagogia populista e da imagem vazia, enganadora, sem conteúdo. Por mais que os meios televisivos ajudem a dotar figuras inexpressivas a tentar aparentar alguma paixão, esta é algo que só pode ser percebida subjetivamente, ou melhor, só pode ser sentida. Quando a paixão e o carisma se aliam a uma proposta política bem formulada, encontra-se o termo exato para a vitória eleitoral e para um debate político mais emocionante.

O Governo atual infelizmente, só tem carisma para uma bolha, e ficará na história como o pior governo existente em nosso país, com autoritarismo e sem conseguir gerir a nação que precisa além de identidade republicana sem corrupção, um planejamento para o Estado não chegar como chegou com mais de trinta milhões de pessoas passando fome. Sem paixão e sem capacidade. Se analisarmos as entrevistas exibidas pela Rede Globo, veremos a diferença entre o atual Presidente e os outros três candidatos. Frágil, mentindo e sem mostrar as propostas se eventualmente fosse reeleito.

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