Paixões

Professor Flávio Lauria (AM)

Flávio Lauria


Sou um apaixonado pela vida, por suas vicissitudes, por seus descaminhos, por seus desencontros, pelo lado árido, pelo lado doce e por sua imprevisibilidade, talvez por isso resolvi escrever sobre paixões e amor.
Para início de conversa, convém dizer que não existe uma teoria sobre o amor. Defini-lo, nem pensar, fazê-lo caber dentro de um conceito, não tem como. Os poetas usam a linguagem figurada, plena de metáforas para representar o amor. Tentam encontrar o seu significado através de comparações e imagens. Algumas pessoas podem te amar mais em um ano do que outras poderiam te amar em cinquenta anos. Algumas pessoas podem ensinar-lhe mais em um único dia do que outras durante toda a sua vida.

Frases feitas, mas servem para falar de paixão. Mas para falar sobre o tema as palavras fogem. E apenas há ressonâncias sinalizando a eventualidade das sílabas nos lábios. Escrever sobre paixões, incluindo os jovens e nós mesmos os mais velhos, não é tarefa fácil. Demorei muito tempo para ter a certeza de que a paz de espírito não tem preço e que a felicidade plena nada tem a ver com vícios e/ou riquezas.

O maior patrimônio que o homem constrói na vida é, sem nenhuma dúvida, o equilíbrio. Sem o equilíbrio pouco ou nada o homem fará na vida. Uma vida equilibrada pode surpreender até os mais céticos quando conseguem chegar a esse estágio. As paixões, são as doenças da alma, dizia René Descartes, e todos sofrem em busca de um amor perfeito que não existe.

Existe sim, tesão, atração, companheirismo, admiração, lealdade, mas amor em relacionamento afetivo, não existe. Amor é algo sublime e harmonioso, bem diferente da proposta dos relacionamentos. Os casais se apaixonam e desapaixonam diversas vezes durante o relacionamento, pois se apaixonados ficassem muito tempo, enlouqueceriam devido à cumplicidade.

Esses moços de hoje em dia, possuem visão imediatista, e acabam desperdiçando ótimas oportunidades de construir alicerces para uma vida feliz. Se pudesse voltar ao tempo, priorizaria infinitamente a busca do equilíbrio a qualquer outra coisa. Sabemos que  múltiplas são as tarefas bonitas que a existência proporciona a quem vive atento às intensidades do seu próprio estar-no-mundo.

Cada época da vida, cada estágio vivido, anda sempre grávido de ações e emoções que, se forem percebidas e vividas, nos fazem emergir do fundo de nós mesmos. Mas, se ao contrário, elas passarem despercebidas em nosso dedilhar cotidiano, a vida perde em intensidade e encantos. Há sentimentos em nós que não precisam ficar claros para existir.

Estão aí, precisam apenas ser contactados. Eles moram em nós como um fóssil de significação, aguardando o tempo de serem compreendidos e vividos. As vezes alguns morrem sem compreender. Na verdade todos os amores são vitais e indispensáveis. Se não, como explicar a sensação de morte, quando eles se vão? Mas esses amores, que quando eclodem, mudam nossos referenciais, e na alucinação de cada descoberta nos transformam outra vez em adolescentes inseguros e sonhadores, esses amores são todos condicionais.(Flávio Lauria é Professor Universitário e Consultor de Empresas – [email protected])

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