Pecuaristas de Rondônia buscam a soja para recuperação de pastagem

Pecuaristas de Rondônia, em Dia de Campo/Foto:
Pecuaristas de Rondônia, em Dia de Campo/Foto:
Pecuaristas de Rondônia, em Dia de Campo/Foto:Divulgaçãoo

Enquanto o plantio da soja está consolidado no Cone Sul de Rondônia, nas demais regiões a expansão está ocorrendo, principalmente, sobre áreas de pastagens degradadas que apresentam baixos índices produtivos. De acordo com o pesquisador da Embrapa Rondônia, Vicente Godinho, estima-se que 70% das áreas de pastagem do estado estão com algum grau de degradação e a soja vem como uma alternativa para a recuperação destes solos, no sistema de integração lavoura-pecuária (iLP).
O pesquisador destaca ainda o avanço da soja para a região Norte do estado. “A estrutura fundiária com grandes áreas, a topografia adequada para a produção da soja e a proximidade com o porto de Porto Velho são algumas das vantagens que estão fazendo com que o grão chame a atenção dos produtores desta região. Para se ter ideia, o custo de uma saca de soja chega a ser de quatro a cinco reais menor pela proximidade com o porto”, afirma Vicente.


Estas vantagens chamaram a atenção de grande público que compareceu no último dia de campo de soja da Embrapa, realizado dia 3 de março em Porto Velho. “Eu preciso recuperar a pastagem das minhas terras e só com o preparo do solo e plantio do capim eu tenho muitos custos de investimento. O plantio de grãos então é vantajoso neste caso, porque conseguimos melhorar o solo e ter lucro com a venda dos grãos e a soja é uma boa alternativa. E a gente não tem outro caminho, não podemos mais desmatar, então precisamos recuperar as áreas que já utilizamos para a lavoura e depois retornar com capim e gado, só que podendo colocar mais cabeças por hectare”, conta o pecuarista Duilton Suckel, de Porto Velho, que quer investir na soja. Já o empresário Mário Português assumiu o desafio e aposta no plantio de grãos. No ano passado ele cultivou 1500 hectares de arroz e 1500 de soja e para este ano serão 3000 ha só de soja. “Eu estou muito satisfeito com os resultados. Ano passado tivemos uma produtividade de 48 sacas/ha e este ano vamos chegar aos 60. Isso impacta com certeza para mim e a região”, conta Português.

A soja na recuperação de pastagens degradadas

Uma das alternativas para a reforma, recuperação ou renovação de pastagens é por meio do sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF), ou suas variantes, como a que está sendo  mais adotada em Rondônia no momento, a integração lavoura-pecuária. Ela pode proporcionar uma série de benefícios, como a diversificação na produção da propriedade; redução no custo de formação das pastagens pela melhoria das condições do solo e renda com as culturas anuais; diminuição do risco de perda de renda do produtor, pois sua produtividade aumenta e não fica dependente de somente um produto; maior conservação do solo e, consequentemente, redução de perdas com erosão e menor impacto ambiental; melhor aproveitamento da propriedade rural. Após alguns anos, nova rotação de culturas anuais-pastagem pode ser feita para revitalizar o pasto, buscando a retomada da produtividade da pastagem com consequente aumento do número de animais por área e produção de pastagem em quantidade e qualidade.

A alta tecnologia empregada para o desenvolvimento adequado da lavoura de soja faz com que agregue mais valor a terra, além reinserir as áreas degradadas ao sistema produtivo, reduzindo a pressão sobre a floresta. O uso de grão, como a soja, ainda traz grande benefício para a atividade pecuária, pois o manejo adotado para esta cultura recupera o solo para uma pastagem com maior capacidade de suporte de animais por área, o que torna a soja atrativa para o estado.

Soja: principal produto agrícola de Rondônia

A soja é o produto agrícola que mais gera receita para o estado. Segundo dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE de dezembro de 2014, a soja gera uma receita de R$ 601 milhões. Além disso, a cultura da soja está se expandindo a cada ano em Rondônia, sendo cultivada em 26 dos 52 municípios do estado e ocupa uma área de aproximadamente 240 mil hectares (ha).

Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) 2015, houve um aumento de 20% na área plantada na safra 2014/15, sendo o estado com a maior expansão percentual de área de soja no país. Além disso, a soja em Rondônia possui produtividade média de 3.180 kg/ha (Safra 2013/14 – Conab, 2015), superior à média nacional que é de 2.854 kg/ha.  O pesquisador Godinho destaca ainda boas expectativas para este ano. “Com a regular distribuição de chuvas até o momento no estado nos leva a crer que teremos uma safra recorde, diferentemente de outras regiões do país onde a falta de chuvas pode ter prejudicado a produtividade”, afirma Vicente Godinho.

Dias de Campo se Soja 2015 e parcerias

Realizados pela Embrapa e com o apoio de parceiros, os Dias de Campo de Soja 2015 reuniram em quatro cidades do estado – Vilhena, Cerejeiras, Castanheiras e Porto Velho – cerca de 370 produtores, técnicos, empresários do agronegócio e estudantes que conheceram cultivares de soja convencional e transgênica da Embrapa, de alta qualidade e produtividade, com características agronômicas adequadas às necessidades dos sojicultores rondonienses. “A Embrapa busca estar em sintonia com o mercado e junto ao produtor para que ele tenha opções para fazer a melhor escolha na hora do plantio e continuar levando para os agricultores tecnologias competitivas”, argumenta o engenheiro agrônomo da Embrapa Rondônia, Frederico Botelho. A proposta da Embrapa para a soja em Rondônia é oferecer aos produtores tecnologias para que possam produzir mais em menor área, recuperando áreas degradadas e diminuindo a pressão sobre a floresta. Além disso, a tecnologia utilizada no cultivo da soja em Rondônia torna o estado muito competitivo no agronegócio internacional.

Os Dias de Campo de Soja 2015 em Rondônia foram uma realização da Embrapa e com o patrocínio da Central Agrícola, FMC, J&H Sementes, Bolsa de Sementes e Agonegócio (BS&A), Sementes Ouro Verde, Sementes Quati, Menegaz e Yara. Contou também com o apoio do Programa Soja Livre, Ifro, Epamig, Fundação Triângulo, Fundação BA, Idaron, Emater, CTPA, Aprosoja e Fundação Cerrados.

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