PIM perde mais de 200 empresas em dez anos

Azevedo, Evangelista e Loredo(Corecon-Am)/Foto: Divulgação
Azevedo, Evangelista e Loredo(Corecon-Am)/Foto: Divulgação
Azevedo, Evangelista e Loredo(Corecon-Am)/Foto: Divulgação

Mais de 200 empresas fecharam as portas no Polo Industrial de Manaus (PIM) no período de 2005 a 2014, segundo um estudo realizado pelo economista e conselheiro consultivo do Conselho Regional de Economia do Amazonas (Corecon-AM), José Laredo. O estudo vem como um alerta do Corecon-AM sobre uma grave desaceleração no crescimento do modelo.
Segundo  o levantamento feito por Laredo, o PIM fechou 2014 com 482 fábricas em operação contra 690 de 2004.  “Algumas instituições informam que existem mais de 600 fábricas no Polo Industrial. Isso é conversa. Hoje, efetivamente são 482 funcionando com o laudo técnico em dia”, afirmou.


José Laredo junto com o presidente do Corecon-AM, Marcus Evangelista, realizaram nos últimos dois anos mais de dez seminários e congressos para alertar o  Poder Público e a iniciativa privada sobre a necessidade de repensar o modelo Zona Franca e realizar um novo planejamento de gestão do PIM. “Apesar de todos os estudos apresentados e as nossas sugestões para que o modelo recebesse maior atenção, não vimos um retorno concreto por parte dos governos em todas as suas esferas”, ressaltou Evangelista.

Os dois economistas se mostraram preocupados com a constante queda na redução de empresas existentes no Polo Industrial e a falta de perspectiva do modelo, reduzindo assim a confiança de novos investidores.  “O modelo tem 47 anos e nós temos menos de 500 empresas em funcionamento no PIM. Com todos os incentivos que damos aos empresários, deveríamos ter mais de 5 mil, mesmo com o custo de logística”, disse Evangelista. “Há um desaquecimento do modelo líquido e certo, comprovado com números”, completou Laredo.

Ainda de acordo com ele, em um levantamento feito nos últimos dez anos (2005 a 2014), também ficou constatada uma queda de 11,27% nos projetos de implantação, o que provocou uma queda de 8,67% nos projetos de diversificação, ampliação e modernização de fábricas do PIM. “Isso denota que não estão vindo novas fábricas para cá na velocidade que estavam vindo antes”, concluiu.

Além da queda na implantação e nos projetos das fábricas já existentes no período de 2005 a 2014, o economista apresentou como preocupante os números do setor de serviços do PIM. “O setor de serviços, que implanta serviços de transportes, distribuição de carga e descarga, também caiu quase 16% (15,89%)”, ressaltou.

Para o vice-presidente do Corecon-AM e também vice-presidente da Federação das Indústrias do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo, é necessário que os economistas se unam para trabalhar em um choque de gestão do modelo. “Isso significa que precisamos criar estratégias de marketing para ‘vender’ o modelo para a indústria em todo o mundo e com isso  elevar a taxa de natalidade de novas fábricas”, disse.

Crítica à Prefeitura

O economista José Laredo questionou o trabalho da Prefeitura de Manaus sobre a participação no desenvolvimento do PIM. Para ele,  o município “está de costas para o modelo há 47 anos”. Na opinião do economista, a prefeitura, que arrecada 25% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) recolhido das indústrias incentivadas, deveria administrar uma parcela do modelo e se empenhar na captação de novas fábricas. “Como  a prefeitura tem assento Conselho de Desenvolvimento do Amazonas (Codam) e no Conselho de Administração da Suframa (CAS), poderia com toda certeza apresentar seu próprio modelo de captação”.

Governo cobrado

Ontem, empresários da Fieam cobraram o governador José Melo sobre uma medida efetiva para conter a crise no Polo Industrial de Manaus. O presidente da Fieam, Antônio Silva,  disse que a prorrogação da Zona Franca não é um passe de mágica para resolver os problemas que emperram o modelo de desenvolvimento do Estado.

“Sem assegurar autonomia, infraestrutura de transporte não é possível. A Suframa foi atrofiada. Perdemos a autonomia para aplicar os recursos do setor produtivo e verbas de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento). Não podemos ficar reféns do voluntarismo político da união”, afirmou.

Pelo levantamento da Fieam, o contingenciamento acumulado de recursos da Zona Franca de Manaus, que deveriam ser investidos na região, é da ordem R$ 3 bilhões. “As verbas, que hoje são retidas pelo governo federal e empregadas para compor o superávit primário da União, deveriam ser aplicadas em ações para desenvolver a infraestrutura e melhorar as condições sociais da região”, afirmou Silva.

Artigo anteriorMais de 150 kg de drogas apreendidas são incinerados, em Humaitá no Am
Próximo artigoMarinha abre 2.200 vagas para quem possui apenas o Ensino Fundamental

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui