Piqueniques de até R$ 26 mil no Parque Villa-Lobos geram reclamações de frequentadores

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A inauguração de uma área de piquenique dentro do Parque Villa-Lobos com cobrança de R$ 6,8 mil a R$ 26 mil para a realização de festas e encontros particulares tem gerado polêmica entre os frequentadores do parque, na Zona Oeste de São Paulo.


O serviço chamado “Vila Picnic” começou a ser oferecido em meados de agosto pela empresa Cia do Tomate, que investiu cerca de R$ 1,2 milhão para reformar o espaço dentro do parque – que é público, mas foi concedido à iniciativa privada em setembro de 2022.

Os frequentadores reclamam que, desde quando foi repassado à concessionária Novos Parques Urbanos, o Villa-Lobos começou a receber inúmeros eventos privados com cobrança de ingressos, mas teve pouco investimento e melhoria nos espaços de uso público geral.

“A concessão completou um ano e a empresa sequer reformou e ampliou os banheiros e melhorou a sinalização, que eram as demandas urgentíssimas do parque. Eles têm lotado o Villa-Lobos de eventos privados onde a população tem que pagar pelo acesso, e não têm investido o prometido para melhoria do local”, disse a presidente da Associação de Amigos de Pinheiros (SAAP), Maria Helena do Amaral Osorio Bueno.

Nova área de piquenique dentro do Parque Villa-Lobos, na Zona Oeste de São Paulo, inaugurada em agosto. — Foto: Divulgação
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O estopim das reclamações, segundo a SAAP, foi justamente a inauguração da nova Vila Picnic. A empresa responsável pelo novo espaço conta com uma área de 1.200 m² e afirmou no comunicado distribuído à imprensa que pode realizar até quatro festas simultâneas, com o limite de 50 pessoas cada evento.

As festas, segundo a Cia do Tomate, têm duração de 4 a 6 horas. Nelas, são oferecidos, além do mobiliário como pallets, guarda-sóis, cestas de picnic e toalhas, um cardápio variado de comidas e bebidas para os convidados, a exemplo do que já acontece nos buffets infantis da cidade. O custo dos eventos depende justamente do pacote adquirido pelo cliente.

“Todo mundo está reclamando dessa ação. Porque ela foi tomada sem explicações detalhadas ao conselho do parque e ocupa uma área enorme, que fica cercada para o público. Eles dizem que qualquer um pode fazer piquenique se não houver festa por lá no dia. Mas a pequena entrada – sem avisos – intimida os visitantes e afasta a população. Estranha também só uma empresa estar habilitada para explorar a espaço”, disse Maria Helena Bueno.

A reportagem do g1 esteve nesta sexta-feira (15) no parque e constatou que a área que hoje funciona a Vila Picnic, que antes era aberta, agora está totalmente cercada por cordas e tem apenas uma entrada principal aberta durante todo o tempo de funcionamento do parque.

Única entrada da área de piquenique do Parque Villa-Lobos — Foto: Rodrigo Rodrigues/g1
Única entrada da área de piquenique do Parque Villa-Lobos – Reprodução

Rogério Dezembro é CEO do Consórcio ‘Novos Parques Urbanos’, novo responsável pela administração do parque. Ele disse que os visitantes não estão proibidos de fazer piqueniques no Villa-Lobos durante a realização dos eventos privados.

“Implementamos um serviço de piquenique pago, mas ao lado desta área existe uma área três vezes maior, também destinada a piquenique, que continua com acesso público e sem custo. Se você quiser ter a opção de comprar um pacote de piquenique com alimentos e bebidas, porque é um aniversário, uma data especial, existe essa possibilidade. Se você quiser fazer um piquenique como sempre foi feito lá, você levando a as os seus alimentos e bebidas, sem pagar absolutamente nada por isso”, declarou.

Segundo o administrador, os eventos privados que têm acontecido no Villa-Lobos são necessários para que a empresa possa fazer os investimentos contratuais firmados com o governo de SP.

“Os eventos são parte importante da equação econômica para a gente continuar fazendo melhorias. O que nós estamos tentando fazer ali é um espaço mais democrático possível. Nós negociamos uma cota de ingressos sociais que nós distribuímos para as ONGs que são apoiadas pelas associações de moradores do bairro. Isso foi feito com eventos como do Frozen, do Monet e Marvel. Mas nós temos vários eventos gratuitos também, como o Rocky Spirit, que é um festival de cinema gratuito. Tivemos show recente do Diogo Nogueira, duas semanas atrás, também de graça”, lembrou.

A Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística disse que o uso de forma privada do Parque Villa-Lobos é autorizado pelo contrato de concessão, mas que o lugar continuará a ter áreas livres de cobrança para a população.

“Contratos de concessão de parques, incluindo o dessa unidade, permitem a exploração comercial da área com a locação de imóveis, oferta de serviços, atrativos ou de atividades especiais nas quais haja controle de acesso. Vale lembrar que as receitas obtidas são revertidas em manutenção e melhorias na infraestrutura”, declarou (ver a íntegra da nota abaixo).

Nova área de piqueniques privados no Parque Villa-Lobos, na Zona Oeste de SP. — Foto: Rodrigo Rodrigues/g1
Nova área de piqueniques privados no Parque Villa-Lobos, na Zona Oeste de SP – Reprodução

Nota do governo de SP

“”A Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística esclarece que o Parque Villa-Lobos continuará a ter áreas livres de cobrança para uso da população. Contratos de concessão de parques, incluindo o dessa unidade, permitem a exploração comercial da área com a locação de imóveis, oferta de serviços, atrativos ou de atividades especiais nas quais haja controle de acesso. Vale lembrar que as receitas obtidas são revertidas em manutenção e melhorias na infraestrutura.

O prazo da concessionaria para concluir a reforma dos sanitários é setembro de 2024. Em 13/09, a Semil aprovou o novo projeto apresentado para os sanitários. A concessionária responsável deve implementar a primeira intervenção para o sanitário próximo à biblioteca.

No momento, executa serviços de Sinalização e Comunicação, Sistemas de Monitoramento Eletrônico e Requalificação da entrada principal contemplando ainda adequação do bolsão de embarque e desembarque.

Importante esclarecer, ainda, que os eventos com expectativa de mais de 5 mil pessoas, 10 mil m² e com prazo acima de 30 dias, são submetidos a aprovação do Conselho Consultivo do Parque, formado por representantes da sociedade civil, incluindo moradores da região, e Estado. Os eventos, passam pela avaliação de impacto sonoro pela Prefeitura de São Paulo, que emite alvará de liberação, considerando os parâmetros legais”.

g1

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