Plantas amazônicas apresentam substâncias bioativas para medicamentos

Cerca de 400 extratos foram analisados e pelo menos quatro apresentaram bioativos promissores - Foto: Érico Xavier/Fapeam

Extratos do jucá (Libidibia ferrea), maracujá do mato (Passiflora nitida), piquiá (Caryocar vilosum) e breu-branco (Protium sp.), frutas e plantas amazônicas, apresentam substâncias bioativas que podem ser aplicadas na indústria cosmética e farmacêutica. Os resultados são de uma pesquisa científica, apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), que teve como objetivo descobrir novos bioativos com aplicação no mercado.


A pesquisa analisou cerca de 400 extratos de plantas e frutas amazônicas. Desse total, as quatro, citadas acima, apresentaram potencial antioxidante e na redução da obesidade. Coordenado pelo doutor em Farmácia, Emerson Lima, o estudo foi realizado no Laboratório de Atividade Biológica da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), no âmbito do Programa de Apoio à Núcleos Emergentes de Pesquisa (Pronem), edital N°009/2011.

Segundo ele, extratos das folhas do maracujá do mato, do fruto do jucá e do piquiá apresentaram atividades antioxidantes, ou seja, com substâncias capazes de combater os radicais livres, que são moléculas liberadas pelo corpo que podem causar o envelhecimento e a morte celular. Sendo o piquiá o fruto que apresentou melhor potencial antioxidante.

Cerca de 400 extratos foram analisados e pelo menos quatro apresentaram bioativos promissores – Foto: Érico Xavier/Fapeam

“A substância mais conhecida com esse potencial antioxidante é o ácido ascórbico, conhecida como vitamina C, presente em várias frutas. A aplicação dela se destaca como aditivos de alimentos, em cosméticos para tratamento da pele e em produtos de combate a esses radicais livres. Nosso projeto visou substituir a vitamina C por bioativos naturais em uma formulação cosmética antienvelhecimento”, explicou.

Redução da obesidade – O grupo de pesquisa também descobriu que uma substância isolada do breu, árvore da região amazônica, foi capaz de reduzir a obesidade. O resultado gerou uma patente apresentada a uma indústria farmacêutica multinacional que se interessou pelo estudo.

Já os resultados com os extratos das três frutas despertaram o interesse da indústria de cosméticos. A pesquisa realizada com maracujá do mato, por exemplo, fez com que uma empresa regional procurasse a universidade e firmasse contrato de transferência de tecnologia, para produção de um produto que deverá ser lançado, em breve, no mercado.

“A ideia é criar um creme antienvelhecimento capaz de clarear e remover manchas na pele. Atualmente, o processo se encontra na fase de registro do produto junto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Após isso, será possível colocar no mercado para fabricação de um produto”, informou.

Recursos Humanos – O projeto também possibilitou a formação de recursos humanos. No total, seis alunos de doutorado, oito de mestrado e 13 graduandos receberam orientação e participaram do estudo científico. Além disso, 20 artigos científicos, ligados diretamente à pesquisa, foram publicados.
“Acreditamos que foi um projeto exitoso com publicação de artigos científicos, formação de mestres e doutores e com produtos que podem gerar renda para o Estado”, enfatizou Lima.

Pronem – O programa apoia projetos de pesquisa científica, tecnológica e de inovação propostos por grupos de pesquisa emergentes, formados por pesquisadores com destaque na sua área de conhecimento e com experiência na coordenação de projetos, de modo a permitir a consolidação de linhas de pesquisa prioritárias para o Amazonas e induzir a formação de novos núcleos de excelência em pesquisa no Estado.

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