Região Norte tem maior incidência de mulheres com câncer do colo do útero

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Segundo dados de 2016 do Ministério da Saúde (MS) e do Instituto Nacional de Câncer, a Região Norte está na primeira posição no índice de incidência de câncer do colo do útero no país, doença causada pela infecção transmitida pelo vírus do papiloma humano (HPV). A estimativa é que a cada 100 mil mulheres, 24 são vítimas da neoplasia maligna na região que compreende os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.


A região fica na frente do Nordeste e Centro-Oeste, ambas em segundo lugar, com a estimativa de 19 e 21 mulheres infectadas com a doença a cada 100 mil, respectivamente. Em terceira posição está a Região Sul, com 16 mulheres a cada 100 mil e por último a Região Sudeste, com 11 mulheres a cada 100 mil.

Apesar dos dados alarmantes, Roraima é o estado da região com o menor índice de mortalidade da doença, com apenas 6,24% a cada 100 mil mulheres infectadas. Dentre o ranking nacional de mortes, o Estado também apresenta boa colocação, estando em 23º lugar na lista das 27 unidades federativas. A primeira posição fica com o Acre, com 13,91% mulheres falecendo pelo câncer do colo do útero.

DADOS MUNDIAIS – Já as estatísticas mundiais, com base no Jornal Internacional do Câncer de 2010, a avaliação é que o câncer do colo uterino é a terceira neoplasia mais incidente entre as mulheres com 529 mil novos casos por ano, sendo responsável por 275 mil mortes em todo o mundo anualmente.

As vítimas são normalmente mulheres de uma população menos favorecida na questão educacional, socioeconômica e em regiões com menos condições de assistência médica. “Nesse caso, nós estamos falando de África, América do Sul e do Brasil”, explicou Júlio César Possati Resende, coordenador do Programa de Rastreamento de Câncer Ginecológico do Departamento de Prevenção do Hospital de Câncer de Barretos.

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“Quando a gente vê os indicadores de câncer do colo uterino no país, nós estamos dentro do grupo com os piores índices no mundo. O Brasil é o quarto país no mundo com o maior número de casos de câncer do colo uterino, perdendo somente para Índia, China e Indonésia, com 18 mil novos casos todos os anos”, acrescentou.
MOTIVOS – Segundo informou Júlio Possati, durante evento promovido esta semana em São Paulo pelo Instituto Oncoguia, onde apresentou os dados de câncer na última década no Brasil, os números não têm diminuído.
“Desde a década de 1980 até 2010, nós não conseguimos ter sucesso com a questão da prevenção”, explicou.

“Tem muitas coisas que a gente acerta, mas muitos momentos em que a gente falha no atendimento das pacientes com câncer do colo uterino”, disse Júlio. “Em primeiro lugar, o nosso programa é de rastreamento oportunístico, o que indica que a cobertura dos testes é insuficiente no Brasil como um todo, além de uma desigualdade muito grande na qualidade dos exames oferecidos, com carência de profissionais e atendimento humanizado e, por fim, uma dificuldade no seguimento e tratamento dos casos alterados”, reforçou.

Além disso, o especialista ainda salientou a questão do preconceito, do constrangimento em procurar atendimento médico e a desconfiança com a principal arma de combate ao HPV, que é a vacinação. “Temos o preconceito pela questão ainda de termos um padrão de comportamento machista da sociedade, pois a mulher acaba sendo julgada por ter uma lesão do colo uterino. A lesão é comumente associada a uma doença sexualmente transmissível (DST) e isso traz uma carga onde ela vai ter que responder sobre questões relacionadas à promiscuidade e número de parceiros sexuais”.

Para Júlio, uma forma de reduzir os índices seria alterar a forma de rastreamento do público alvo da doença, ou seja, dos 25 aos 64 anos, e ter um sistema que não dependesse somente da boa vontade da paciente em procurar por atendimento médico. “O sistema não consegue identificar a mulher de uma forma específica, mas isso é muito pouco. A gente precisa detalhar mais os indicadores, saber quem é a mulher que não fez o exame, bater na porta da sua casa e a convidando com argumentos inteligentes e bem definidos para fazer o exame de rastreamento”. (P.C.)

Fonte: Folha BV

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