Tefé, minha saudade: As festas religiosas – NATAL, a origem

Professora Raimunda Gil Schaeken

Professora Raimunda Gil Schaeken


Segundo alguns historiadores, no ano 274, o imperador Aureliano introduziu, em Roma, o festival pagão do Sol Invictus – sol invencível e inconquistável – exatamente no dia 25 de dezembro, data do solstício de inverno.

Essa festa do Sol invencível era uma homenagem ao sol, a maior fonte de luz e calor que, nesse dia, parecia tão fraco a ponto de quase morrer, e, imperceptivelmente, tornando-se forte e brilhante, provando ser invicto e inconquistável.

Era bastante importante o símbolo do Sol, pois nos países da Europa e de todo hemisfério norte, o astro-rei parecia enfraquecer-se e ir diminuindo sua luz e calor entre os meses de dezembro a março. Dessa maneira, os povos pagãos realizavam festas e cultos religiosos, marcando a comemoração do solstício de inverno a 25 de dezembro a fim de que o Sol não morresse mas, ao contrário, renascesse na primavera e trazendo novamente o seu calor para o homem e a terra. Acendiam fogueiras, erguiam altares nas casas, ornamentavam com flores e galhos as ruas e tudo faziam para agradar aos deuses de sua mitologia. Pediam um inverno  ameno e um Sol redivivo.

Isto, naturalmente, levou a Igreja Romana a contrapor-lhes a festa cristã do Natale de Cristo, o verdadeiro Sol da Justiça. Assim, a festa litúrgica do natal de Nosso Senhor Jesus Cristo já era celebrada no mesmo dia 25 de dezembro, também em Roma pelos cristãos, a partir do ano 336, fixado pelo papa Júlio I. Esta festa  cristã logo se estendeu por todo o Ocidente, não tardando, com o correr dos tempos, a ser adotada por todas as igrejas cristãs orientais.

Com a conversão cada vez maior dos povos pagãos ao Cristianismo, a Igreja  não vendo como eliminar aquelas comemorações, soube, com sabedoria, em sua caminhada de evangelização, transformar algumas  dessas festas pagãs  que estavam profundamente arraigadas no sentimento nativo.

Dessa forma, dentre elas, a comemoração do dia 25 de dezembro (celebrada em honra ao deus-Sol), passava a ser a festa do nascimento (Natal) de Nosso Senhor Jesus Cristo, o verdadeiro Sol da justiça. Assim, o natal não indica a época do ano em que Cristo nasceu,  embora o evangelista São Lucas tenha o cuidado de situar esse acontecimento em um momento preciso da História: quando Quirino era governador da Síria, aproximadamente entre os anos 8 a 6 a.C.

No século VI, Dionísio, o Pequeno, monge sírio, criou o nosso método de dividir o tempo em anos a.C. (antes de Cristo) e d.C. (depois de Cristo). Sem querer, ele fixou o nascimento de Cristo alguns anos mais tarde do que o fato ocorrera. Desse modo, de acordo com estudos mais recentes, Jesus tinha pelo menos cinco anos de idade no ano 1 d.C.

A instituição da festa foi importante para desligar os convertidos ao cristianismo dos costumes pagãos e defender a fé diante das heresias que negavam a divindade de Jesus Cristo.

Não há festa religiosa que se tenha entranhado com mais nos costumes e na vida das mais diferentes nações do que o Natal.

Acredita-se que foi o Imperador Constantino I, o Grande (274-337; reinou de 306 a 337), já no final do seu reinado (ano 336), quem determinou que o nascimento de Jesus Cristo deveria ser celebrado no dia 25 de dezembro em todo o Império Romano. Segundo a tradição, esse acontecimento ocorreu quando Constantino construía uma basílica sobre o túmulo de São Pedro, na própria colina do Vaticano, justamente no local privilegiado do culto solar.

O NATAL também tem sua origem na Bíblia, pois os evangelistas Mateus e Lucas nos contam a penosa viagem do casal José e Maria, quando ela estava prestes a dar a luz.  Eles eram judeus e moravam em Nazaré, um vilarejo da Galiléia.Toda a região estava sob o domínio dos romanos e o imperador César Augusto ordenara o recenseamento da população, exigindo que cada família se inscrevesse em sua cidade de origem. Como as famílias deles eram de Belém, cidadezinha da Judéia, precisavam viajar ás pressas para cumprir a ordem do imperador (cf. Lucas 2,1-14).

Que todos os Natais sejam de união, fraternidade, paz, fé, esperança e muito amor entre todos os homens! E que o Menino Deus abençoe a cada uma das nossas famílias!

FONTE DE PESQUISA: -Sociedade Bíblica Católica Internacional. Bíblia Sagrada, Ed Pastoral, São Paulo, Paulus, 1990.
-Tradições cristãs, Douglas Michalany, São Paulo, 1997.

(RAIMUNDA GIL SCHAEKEN, tefeense, professora aposentada, católica praticante, sócia titular da Associação dos Escritores do Amazonas (ASSEAM) e membro efetivo da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas – ALCEAR).


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