
Na Espanha, EUA e em outros países europeus pelo menos 33 companhias já adotam semana mais curta de trabalho, com três dias de folga. Empresa de tecnologia já reduzem jornada para 4 dias e dá vale de R$ 400 para lazer
Depois do trabalho remoto, a nova onda resultante dos impactos da Covid-19 é a semana de quatro dias úteis. Na Espanha, a gigante Telefónica inaugurou a prática em meados de 2021. E não é a única no país.
Confecções de moda, como a Desigual, de e-commerce, como a BigBuy, ou empresas de software, como a Delsol, fazem parte dessa lista cada vez maior. Uma lista que aumenta ao mesmo tempo que também cresce a polêmica sobre possíveis mudanças salariais.
Afinal, não estamos falando de um quinto dia fazendo trabalhando em casa, e sim de um dia livre para conviver com os filhos, passear com o cachorro ou jogar videogame. “Um dos principais benefícios da implementação desta medida é a melhoria do clima de trabalho.
Estamos convencidos de que um trabalhador feliz é um trabalhador mais produtivo e, portanto, fará a empresa crescer”, diz à “Folha de S.Paulo” Ana Arroyo, responsável pela seleção e desenvolvimento de pessoas na Delsol, empresa de software com 180 funcionários baseada na cidade de Mengíbar, na Andaluzia.
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“E a equipe está feliz em aproveitar esse tempo livre que lhes permite enriquecer suas vidas sociais e pessoais”, explica. Arroyo apresenta dados para corroborar que a felicidade pode caminhar de mãos dadas ao lucro. “A produtividade nem sempre é diretamente observável. Os melhores indicadores para conhecer nossa produtividade têm sido o faturamento anual, que cresceu quase 30%, referente ao ano de 2021, e a pesquisa de satisfação de nossos clientes, que fazemos anualmente, na qual a pontuação média tem sido 8,91 em 10.”
Dia útil às moscas?
Vale dizer que a empresa não ficaria com um dia útil às moscas, por exemplo, sexta-feira.
O que se faz é distribuir as pessoas e cada funcionário folga em um dia da semana, podendo ser alguns na segunda, outros na terça etc. “Uma clara desvantagem”, afirma Arroyo, “é que diariamente temos menos pessoas trabalhando e temos que fazer o mesmo trabalho com menos funcionários.
Implementamos um rodízio de folgas e todos os dias temos uma redução de 15% do quadro de funcionários. Isso é difícil de gerenciar quando eles precisam tirar licença médica ou qualquer tipo de ausência fora desse rodízio”.
A Espanha não está sozinha nessa. Há cerca de um mês, uma pesquisa realizada por um grupo de universidades americanas e europeias indicou que, entre 33 companhias que assumiram a semana laboral de quatro dias, nenhuma delas planejava voltar à semana cheia de cinco dias.
Dados dessa pesquisa dizem que as empresas também tiveram ganhos de produtividade e receita. “O fim de semana de dois dias não está funcionando para as pessoas”, disse a pesquisadora chefe Juliet Schor à Bloomberg, na ocasião da divulgação do trabalho.
O Tempo