A quem interessa o debate sobre a terapia “Cura Gay”? – por Carlos Santiago

Carlos Santiago é Sociólogo, Analista Político e Advogado

A quem interessa a defesa das terapias de reorientações sexuais denominadas de “Cura Gay” no ambiente político e religioso? Será que é a forma mais ilusória e fictícia de ganhar votos nas eleições, de conquistar ou de manter o Poder? Será que é uma estratégia farsante para ampliar o número de adeptos religiosos em um país movido por preconceitos, por violências e por ódio?


Sinceramente, alguém acredita que a homossexualidade é uma doença e é responsável pelas mazelas sociais, econômicas, educacionais, política e pela falta de moralidade na administração pública no Brasil?

Alguma pessoa em sã consciência acredita que a homossexualidade é responsável pelo crescimento da miséria de milhões de homens e de mulheres, pelo abismo social entre pobres e bilionários e também pelo desemprego de 8 (oito) milhões de jovens e adultos que existem no País?

Seria a homossexualidade a causa da crescente violência contra as mulheres, as crianças, os negros e os povos originários? Pela onda violenta de mortes no trânsito e do crescente número de homicídios nas grandes cidades que causam enormes inseguranças na população?

É a homossexualidade determinante para os problemas ambientais que acontecem na Amazônia, como o desmatamento, as queimadas, a poluição dos rios, o garimpo ilegal, grilagens de terras, as invasões de terras dos povos originários, as mortes de animais e a falta de ar saudável para os habitantes da cidade de Manaus?

Essa terapia de reversão sexual, chamada pela mídia de “Cura Gay”, é proibida desde 1999 por Resolução do Conselho Federal de Psicologia, além de ser contrária a posição da Organização Mundial da Saúde (OMS) que não considera a homossexualidade uma doença. Recentemente, a partir de um viés jurídico, o Supremo Tribuna Federal – STF validou a Resolução do Conselho Federal de Psicologia

As verdadeiras “doenças” materiais, históricas e morais que o Brasil precisa “curar” estão relacionadas a exclusão social, a falta de ética na política, ao desemprego de milhões, aos péssimos índices educacionais e a violência contra mulheres, crianças, índios, pobres e aos crimes ambientais causados pela ganância.

O debate sobre o “Cura Gay” interessa somente aos que pretendem o enriquecimento “vendendo” intolerâncias em cultos religiosos, aos políticos sorrateiros que ganham votos e adoradores incultos e aos que não querem superar ou acabar com as mazelas reais do Brasil.

A permanência de Cura Gay também pode estar relacionada a mortes de pessoas. Na última semana, os noticiários repercutiram o suicídio de uma jovem homossexual, que dias antes, anunciava que teria se submetida a terapia de reversão sexual e conversão religiosa.

É muito preocupante que a péssima política, o fanatismo religioso, a ignorância e a ganância ainda estão fortemente presentes na vida dos brasileiros, produzindo maldades e mortes aos homossexuais, que lutam por liberdade, pelo direito de ser, igualdade jurídica e social, num país que cultua ódio, a violência, o autoritarismo e o preconceito.

Carlos Santiago é Sociólogo, Analista Político e Advogado.

Artigo anteriorAltos gastos nas festas e pouco para merenda escolar em Tabatinga
Próximo artigoGoverno do Amazonas incentiva a profissionalização de agricultores

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui