‘Caixa 2 nas eleições é trapaça’, diz Sérgio Moro

“Empresas estão comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp e preparam uma grande operação na semana anterior ao segundo turno. A prática é ilegal, pois se trata de doação de campanha por empresas, vedada pela legislação eleitoral, e não declarada.” Diz a matéria - foto: recorte

A frase a seguir é de Sérgio Moro: “Temos que falar a verdade, o caixa 2 nas eleições é trapaça, é um crime contra a democracia”. A opinião de uma figura pública que tem insistido tão fortemente em construir para si a imagem do herói do combate à corrupção é especialmente importante no momento em que o combate à corrupção, de um lado, e a sua prática velada, de outra, se colocam no centro dos debates neste segundo turno.


Não são poucas as suspeitas de atividades ilícitas envolvendo o presidenciável do PSL e expostas em gravíssima reportagem do jornal Folha de S.Paulo nesta quinta-feira (18): há uma clara tentativa de fraude eleitoral por parte de Bolsonaro.

“Empresas estão comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp e preparam uma grande operação na semana anterior ao segundo turno. A prática é ilegal, pois se trata de doação de campanha por empresas, vedada pela legislação eleitoral, e não declarada.” Diz a matéria – foto: recorte

Acontece que o capitão é um apoiador entusiasmado de Moro e tem como marca de sua campanha a reiteração de sua suposta honestidade. Já o juiz de primeira instância não costuma aplicar o mesmo peso e a mesma medida para todos os investigados na Lava Jato, convertida em seu palanque.

O mesmo magistrado que condenou Lula sem provas, em um processo viciado e desmantelado por juristas de renome internacional, já se recusou a julgar um caso de corrupção no Paraná alegando estar “sobrecarregado” – convenientemente, o investigado era do PSDB, o mesmo partido com que Moro costuma ser visto em encontros sociais.

Juiz Sérgio Moro avalia que o caixa dois poderá atrapalhar o andamento dos processos eleitoral _ foto: Último Segundo

Ansiosos para um pronunciamento do juiz, lembramos sua fala para uma plateia de estudantes brasileiros na Universidade de Harvard em abril do ano passado: “Para mim, a corrupção para financiamento de campanha é pior que para o enriquecimento ilícito.

Se eu peguei essa propina e coloquei em uma conta na Suíça, isso é um crime, mas esse dinheiro está lá, não está mais fazendo mal a ninguém naquele momento. Agora, se eu utilizo para ganhar uma eleição, para trapacear uma eleição, isso, para mim, é terrível”.

Moro ressaltou que não estava se referindo a uma campanha eleitoral em específico, mas em geral. À época, não estava mesmo. Mas poderia – e deveria! – depois de a Folha de S.Paulo trazer denúncias gravíssimas de caixa 2 duplamente qualificado na campanha de Jair Bolsonaro.

Conforme o PT e a coligação O Povo Feliz de Novo têm denunciado incessantemente desde o início da campanha, o jornal comprova que há investimentos milionários por trás da indústria de fake news, mentiras e calúnias de Bolsonaro, e tais somas milionárias viriam de empresários.

Ou seja, a campanha estaria se beneficiando de doação de empresa por meio de serviço, o que é proibido pela legislação eleitoral, e doação não declarada, o que configura caixa 2.

Declarações de Sérgio Moro no Valor Econômico – foto: recorte

O triplex falsamente atribuído a Lula foi leiloado pela Justiça por R$ 2,2 milhões. A suspeita envolvendo Bolsonaro é de valores pelo menos seis vezes maiores: CADA pacote de disparo em massa comprado por empresários chega a custar R$ 12 milhões.

O caso é tão grave que juristas avaliam ser possível até mesmo a impugnação da candidatura de Bolsonaro.

Lembramos a opinião do juiz responsável pela Operação Lava Jato em Curitiba: “Caixa 2 nas eleições é trapaça”. O próprio diretor do Datafolha confirmou que há, sim, um “fenômeno claramente explicitado” de que a fraude ilegal e imoral de Bolsonaro no WhatsApp influenciou o resultado do primeiro turno. E essa nem sequer é a única suspeita que envolve a campanha do PSL.

Fica, então, a questão: o juiz manterá sua opinião e se posicionará de forma coerente diante de tão severa ameaça à democracia?

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