Covid-19 mobiliza ciência por solução – por Osíris Silva

Escritor e economista Osíris Silva/Foto: Divulgação

A epidemia do novo coronavírus vem causando estragos mundo afora. Perdas materiais e humanas, com forte impacto sobre famílias que se fragmentam e, sem horizontes, não encontram razão objetiva sobre o que exatamente vem ocorrendo. Mas, num olhar ao longo da história, outras pandemias já golpearam a humanidade, talvez até mais mortíferas, como são os casos da Peste Negra, ou Bubônica, ocorrida no século XIV. A pandemia mais devastadora registrada, tendo resultado na morte de 75 a 200 milhões de pessoas na Eurásia, atingindo o pico na Europa entre os anos de 1347 e 1351, quando dizimou um terço da população. A Gripe Espanhola (1918-1919) ceifou a vida de 50 a 100 milhões de indivíduos, número superior às mortes da I Guerra Mundial. Segue-se, por níveis de contaminação, câncer e AIDS, que infectou 35 milhões entre homens e mulheres no mundo, dos quais 1,5 milhão morrem anualmente; a malária, por sua vez, alcança entre 300 milhões a 500 milhões de pessoas  todos os anos, e, em menor intensidade, sarampo e varíola.


O  coronavírus (Covid-19) é uma doença infecciosa, cujo vírus é transmitido principalmente por meio de gotículas geradas quando uma pessoa infectada tosse, espirra ou exala. Sendo as gotículas muito pesadas para permanecerem no ar, são rapidamente depositadas em pisos ou superfícies. O ser humano pode ser infectado ao inalar o vírus se estiver próximo de alguém acometido pela doença ou ao tocar uma superfície contaminada e, em seguida, passar as mãos nos olhos, nariz ou boca. As estatísticas são alarmantes. Segundo a OMS, com base em dados de 20 de fevereiro passado, o total de casos no mundo ultrapassa a 113 milhões de indivíduos, com aproximadamente 64 milhões de pacientes recuperados e 2,5 milhões de mortes. No Brasil, são mais de 10 milhões de casos, dos quais 9,3 milhões recuperados, e mais de 250 mil óbitos por Covid-19 desde o início da pandemia.

O Amazonas contabilizou, em 25/2, segundo a FVS, 2.147 novas ocorrências de Covid-19, totalizando 309.311 casos, dos quais 263.580 recuperados. O Estado passou a assumir o status de hospedeira de nova mutação da doença, a dita cepa Manaus. Um desafio a mais para a Ciência, que, por outro lado, enfrenta pesada concorrência de bailes funks, pancadões e aglomerações desprotegidas de toda ordem. Segundo o médico cearense Pedro Negreiros, “tal como o vírus do resfriado, o  Covid veio para ficar, com novas mutações surgindo a cada ano, dizimando populações inteiras. Mas, cabe perguntar: por que tantos morreram em Manaus? Uma hipótese óbvia: Manaus é uma cidade extremamente aglomerada, onde a maioria da população,  ricos e pobres, usa ar condicionado. E o ar condicionado em ambientes fechados é, como todos sabem, um prato cheio para a multiplicação do Covid”.

Negreiros pressupõe estar na “hora de um grande mutirão, do setor público e privado, para rearborizar Manaus, o que servirá inclusive para dar empregos em massa para a população. E também reduzir drasticamente de residências, repartições e até de hospitais aparelhos de  ar condicionado desnecessários, substituindo-os, na medida do possível, pelos velhos e prosaicos ventiladores. E entender que o meio ambiente é um problema universal, de ricos e pobres. Pois o vírus, uma instituição extremamente democrática, ataca a todos, indistintamente”.

A maior vítima desse “liberalismo” é sobretudo o Brasil menos educado, além de expressivas parcelas da população que não respeitam direitos, dos outros e aos seus próprios (no momento em que não usa máscara e se aglomera, está pondo em risco, além de si, o vizinho). Observe-se, a propósito, o que acontece das favelas à Zona Sul do Rio, das periferias aos Jardins em S. Paulo e assim por quase todo o país. O brasileiro, regra geral, em momento de baixa dos casos de internações e mortes, de pronto assume que o vírus nos esqueceu, o que, na realidade, é ilusório. Ao menor descuido volta com força total, não respeitando nada nem ninguém.

Manaus, 1 de março de 2021.

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