Dilma pede ao Senado que encerre impeachment, e diz que apoiará plebiscito

Dilma, se voltar, defenderá plebiscito/Foto: Divulgação
Dilma, se voltar, defenderá plebiscito/Foto: Divulgação
                            Dilma, se voltar, defenderá plebiscito/Foto: Divulgação

A presidente afastada, Dilma Rousseff, pediu, hoje, terça-feira (16), que o Senado encerre o processo de impeachment, que ela classifica como “golpe”, e disse que apoiará um plebiscito para a realização de novas eleições caso volte ao poder.
“Precisamos fortalecer a democracia em nosso país. E para isso será necessário que o Senado encerre o processo de impeachment em curso reconhecendo diante das provas irrefutáveis que não houve crime de responsabilidade. Que sou inocente”, disse.


“Não é legítimo, como querem os meus acusadores, afastar o chefe de Estado e de governo pelo conjunto da obra. Quem afasta o Presidente pelo conjunto da obra é o povo e, só o povo, nas eleições. Por isso, afirmamos que, se consumado o impeachment sem crime de responsabilidade, teríamos um golpe de Estado. A democracia é o único caminho para a construção de um pacto pela construção de um pacto nacional. Darei meu apoio irrestrito à convocação de um plebiscito, com o objetivo de consultar a população sobre a realização antecipada de eleições”, acrescentou a presidente.

O pronunciamento foi feito no Salão dos Estados do Palácio da Alvorada. O discurso, previsto para começar às 15h, só começou às 15h49, logo após a decisão por pênaltis do torneio de futebol feminino dos Jogos Olímpicos em que o Brasil foi desclassificado pela Suécia.

Dilma estava acompanhada dos ex-ministros Aloizio Mercadante, Jaques Wagner, Ricardo Berzoini, Eleonora Menicucci e Miguel Rossetto.

Na carta, Dilma também falou sobre economia e criticou o governo interino de Michel Temer.  “Todas as variáveis da economia e os instrumentos da política precisam ser canalizados para o país voltar a crescer e gerar empregos. Isso é necessário porque, desde o início do meu segundo mandato, medidas, ações e reformas necessárias para o país enfrentar a grave crise econômica foram bloqueadas e as chamadas pautas-bomba foram impostas sob a lógica irresponsável do ‘quanto pior, melhor'”, disse a petista.

Ao final da mensagem, Dilma disse ser honesta e citou sua prisão durante a ditadura militar. “Resisti ao cárcere e à tortura. Gostaria de não ter que resistir à fraude e à mais infame injustiça. Minha esperança existe porque é também a esperança democrática do povo brasileiro, que me elegeu duas vezes presidenta. Quem deve decidir o futuro do país é o nosso povo. A democracia há de vencer”, encerrou, sem abrir espaço para perguntas de jornalistas.
Plebiscito não tem apoio do PT

A defesa de um plebiscito como “saída” para a crise política confirma o que a própria presidente afastada já havia dito no início do mês.

A proposta, porém, não conta com o apoio do presidente nacional do PT, Rui Falcão. No último dia 4, ele disse ser contra a ideia. “Não vejo nenhuma viabilidade para esse tipo de proposta”, disse Falcão.

O pronunciamento de Dilma acontece após mais de dois meses de polêmica em relação ao conteúdo da carta.

Alguns integrantes do partido defendiam um tom mais ameno com a sinalização de que, se fosse mantida no cargo, Dilma poderia manter a equipe econômica montada pelo presidente interino, Michel Temer.

Outra ala do partido, porém, entendia que a reversão do impeachment seria extremamente improvável e que a carta deveria trazer mensagens e acenos para a militância de esquerda.

Dilma, que está afastada do cargo desde maio deste ano, é alvo de um processo de impeachment que tramita no Senado.

Ela é acusada de ter cometido crime de responsabilidade ao editar decretos de suplementação orçamentária sem autorização prévia do Congresso Nacional e por ter participação no episódio conhecido como pedaladas fiscais, nos quais o Tesouro Nacional teria atrasado intencionalmente o repasse de recursos a bancos (públicos e privados) e a autarquias (por exemplo, o INSS) para melhorar artificialmente as contas federais. A defesa da presidente alega que ela não cometeu os crimes dos quais é acusada e que, por isso, o processo de impeachment e o afastamento de Dilma são um “golpe”.

O julgamento da presidente no Senado começa na próxima quinta-feira (25) e está previsto para durar até cinco dias. Para que o impeachment seja aprovado, é preciso que 54 dos 81 senadores votem a favor da proposta.(UOL)

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