Floresta Amazônica ajuda a regular chuvas na América do Sul

Foto: Divulgação

Além de representar 7% de toda a superfície do planeta e ter 10% de toda a biodiversidade do mundo, a Floresta Amazônica é responsável diretamente por ajudar a controlar a quantidade de chuvas que atingem nosso país e mesmo os nossos vizinhos. Um estudo feito pelo professor Henrique Barbosa, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), aponta que 25% das chuvas nas regiões Sul e Sudeste são da região amazônica.


“A reciclagem da umidade é muito importante, boa parte das chuvas é devolvida pela floresta de volta para a atmosfera, evapora ou é transpirada de volta, é uma contribuição importante”, disse, em entrevista à CNN Rádio.

David Lapola, pesquisador do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (CEPAGRI), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explica que as árvores funcionam como uma espécie de canudo, puxando umidade do ar de camadas inferiores do solo e jogando vapor de água para a atmosfera, por meio da ‘transpiração’ das árvores.

“A quantidade de água que isso representa é enorme, até pelo tamanho da Floresta. Isso acaba reduzindo a temperatura. É como se fossem aqueles ventiladores com umidificadores unificados”, exemplifica.

Existe um segundo conceito, chamado de “rios voadores”. O pesquisador contou que isso acontece quando se forma um corredor de umidade que vai para o Sul e Sudeste — e, por isso, essa quantidade de precipitação representa um quarto do que chove nessas regiões. Tanto que Lapola considera que a Amazônia é “o radiador do mundo”, e não o pulmão, por não produzir tanto oxigênio assim.

Ricardo de Camargo, professor do Departamento de Ciências Atmosféricas do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, explica que o impacto positivo não se estende apenas ao Brasil, e reforça que essa “reciclagem” que a Floresta Amazônica faz é fundamental.

A estimativa é que pelo menos 20% da floresta brasileira (que representa 61,8% do total entre os oito países) já tenha sido desmatada. Mesmo que, eventualmente, isso fosse recuperado, Camargo considera que já há danos irreversíveis.

A divisão de Meteorologia do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) começou a apontar alguns desses efeitos: as chuvas previstas para Rondônia nesta semana, por exemplo, não aconteceram, por causa de uma massa de ar seco e calor.

“Quando há o desmatamento, a floresta perde a capacidade de retirar a umidade das camadas mais profundas do solo, e faz a evaporação acontece apenas com o que está na superfície”, acrescenta Lapola.

Um estudo liderado por Callum Smith, da Universidade de Leeds, publicado na revista Nature, coletou dados de precipitação por meio de satélite entre os anos de 2013 e 2017. Uma das conclusões é que o desmatamento atrapalha o ciclo da água e reduz significativamente as chuvas, principalmente nas estações chuvosas, e que a queda na quantidade de precipitações pode passar de 8% até 2050 na América do Sul.

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