Juros altos: o Banco Central deve voltar a ser decisivo para o Brasil, diz Vagner Freitas

Porta de entrada do Banco Central do Brasil, em Brasília - foto: recorte/arquivo

A hora e a vez de o Banco Central baixar os juros e voltar a ser uma instituição decisiva para o esforço que o governo vem fazendo para o crescimento e desenvolvimento do Brasil, escreve Vagner Freitas


A entrega do projeto de lei pelo governo ao Poder Legislativo, o já famoso arcabouço fiscal, é marco importante para o Brasil e pode mudar a dinâmica econômica do país. Também derrubará o principal argumento do Banco Central em manter a taxa Selic em 13,75%, que torna o Brasil o campeão mundial de taxas de juros reais.

A inflação, que está em trajetória de queda, mostra que a manutenção da taxa Selic elevada pode não ser necessária. Aliada a uma política fiscal séria e comprometida com o desenvolvimento do país, exige que o Banco Central inicie processo de diminuição da taxa de juros.

Vagner Freitas: Juro alto aumenta desemprego e não derruba inflação – foto: divulgação/CUT

Outros países centrais do mundo também vivem no contexto de inflação anuais altas. Por exemplo, os EUA têm uma inflação anual de 6,5% com uma taxa de juros de 4,5%, e a Alemanha tem uma inflação de 9,2% com uma taxa de juros de 2,5%.

Modelo BC é antigo

O BC tem mantido a taxa de juros elevada para tentar reprimir a inflação, mas essa estratégia pode não ser a mais adequada para o momento.

O modelo do BC é antigo e desatualizado em relação aos adotados nos países centrais, o que pode prejudicar o crescimento do país.

Há opções para o Banco Central, em especial agora. Ao tomar as expectativas de inflação de 2 ou mais anos à frente, o BC pode adotar uma estratégia gradualista, o que ainda seria pouco, em vez de uma estratégia de choque.

Além disso, o crescimento econômico é a única saída para equacionar a relação dívida pública/PIB e produzir ambiente mais favorável para a retomada das decisões empresariais de produção e investimento, e a consequente retomada do emprego.

É hora de abandonarmos certezas que até ontem eram sólidas e nos libertarmos das amarras impostas pelo modelo excludente vigente no país até o final de 2022. O Brasil não pode continuar refém de miragens teóricas e institucionais que estão deslegitimadas socialmente.

É preciso que o BC volte a ser uma instituição decisiva para o esforço de crescimento e desenvolvimento do Brasil, como ele já foi no passado, compreendendo o novo momento político e econômico que o país vive.

Texto: Vagner Freitas (57), é presidente do Conselho Nacional do Sesi. Foi bancário e é ex-presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores).

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