Nove lideranças do Movimento Etno Cultural de Mobilização do Amazonas (MECMAN), estiveram reunidas, pela primeira vez, com o deputado Vicente Lopes (PMDB), presidente da Comissão de Assuntos Indígenas e Cidadania, para pleitear um encontro com o governador José Melo (Pros), para tratar sobre a especulada extinção da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (SEIND).
Eles, também, demonstraram insatisfação com a atual administração da Seind, outro questão que pretendem levar ao governador e pediram ao deputado para intermediar um encontro com o chefe do poder Executivo.
Vicente Lopes declarou-se solidário com a reivindicação dos líderes indígenas e está encaminhando ofício ao governo, solicitando a audiência. “A nossa defesa é incondicional e irrestrita à manutenção da Seind. Esta é a minha posição e a posição oficial do meu partido”, afirmou o deputado, ao final da reunião, realizada na sala da Comissão.
Os líderes indígenas apresentaram a ata de criação do MECMAM, do dia 4 de fevereiro deste ano. Eles representam diversas etnias de vários municípios e disseram não aceitar que a Seind passe a ser um departamento da Secretaria de Ação Social. Relataram as dificuldades encontradas em suas comunidades, muitas delas muito distantes das sedes dos municípios.
Uma das dificuldades citadas diz respeito ao repasse de recursos financeiros para a melhoria de vida dos indígenas, mas que são repassados às prefeituras. “Dinheiro que dá para fazer melhoria cai nas mãos erradas: cai nas prefeituras”, afirmou Eledilson Corrêa Dias, com o nome indígena Kauixe, da etnia kaixana, de Santo Antônio do Içá (a 880 km de Manaus em linha reta). Explicando que não fala muito bem o português, Eledilson Kauixe disse que os indígenas não podem ficar de braços cruzados diante da possibilidade de extinção da Seind. “Agora é a nossa vez. Antigamente era arco e flecha: hoje nós temos a Constituição. Somos cidadãos”.
Apoio ao governador
Todos os líderes indígenas se manifestaram no encontro com Vicente Lopes, insistindo na necessidade de conversar com o governador José Melo, a quem apoiaram na eleição 2014. “Nós fomos esquecidos. Somos porta-vozes dos indígenas. Que o sr. faça essa ponte com o governador, que todos aqui trabalhamos para ele”, disse, por exemplo, Paulo Mendes, o Paulo Tikuna, presidente da Federação Indígena de Tabatinga, dirigindo-se a Vicente Lopes. Outros fizeram questão de esclarecer que não receberam nenhum dinheiro para trabalhar na campanha do governador.
