Manaus e a tarifa abusiva dos transportes coletivos – por Rodrigo Furtado

Rodrigo Furtado
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A população Manauara já conhece a existência de uma lenda, a de que todos os anos a tarifa do transporte coletivo de Manaus deve aumentar, uma obrigação inadiável. Todas as famosas prosas são sustentadas não só pelo Sindicato das Empresas dos Transportes do Amazonas (SINETRAM), como também, pelo próprio poder público municipal, no caso a Prefeitura de Manaus, que insiste em concordar com a lenda. Especula-se um aumento das passagens de ônibus na capital amazonense, nos próximos dias. O valor é de R$ 3,20 ou qualquer outro acima do atual preço da tarifa, que hoje vale os R$ 2,75 por passageiro.


“Desde muito tempo atrás”, aguarda-se a promessa da melhoria do serviço prestado pelas empresas dos coletivos, que a anos não saem do papel, dos discursos de políticos e nem dos empresários dos transportes, que em inúmeras audiências públicas já ocorridas nas casas legislativas municipal e estadual, não se furtaram em momento algum em dizer e fazer as juras pelos serviços de qualidade à toda sociedade.

Seguimentos da sociedade como os estudantes, trabalhadores e diversos movimentos sociais e de juventude já se manifestam contra o possível aumento. O atual Prefeito de Manaus Arthur Virgílio (PSDB) e o SINETRAM tem conhecimento desses movimentos, resta saber se vai aceitar ou se vai empurrar mais uma vez com a barriga as reivindicações dos estudantes.

Os movimentos sociais já sinalizam e prometem o início de inúmeros protestos nas ruas de Manaus, manifestando-se contra o dito “aumento abusivo” dado por eles, é o que relata um pouco o estudante do ensino médio da Escola Estadual Júlio César de Moraes Passos (Victor Castro), que também é secretário geral da União Municipal dos Estudantes Secundaristas a UMES/Manaus: ” Não podemos aceitar esse aumento de forma alguma, ouvimos essa promessa anualmente que o aumento tem que ser dado
em troca de um possível sistema de qualidade em benefício de todos nós! Isso nunca aconteceu! Nunca se melhorou nada, vivemos tristemente com um sistema caótico e um trânsito horrível na nossa cidade, não temos alternativas de transporte coletivos! Será mesmo, que é agora que vamos ter um transporte de qualidade? Eu acho que não. Destacou o líder estudantil.

Fora o relato do estudante, a insatisfação parte também de uma boa parcela da sociedade em relação ao valor da tarifa, dado o desserviço que as empresas de ônibus prestam aos amazonenses que são pessoas com deficiência física.

Nos últimos dias, vimos os Jornais “Diario do Amazonas” e o “A Crítica”, noticiarem as mazelas e a situação precária, que vivem os usuários do sistema do transportes em Manaus, onde é denunciado, que as empresas não estendem os serviços aos 100% da frota para pessoas com deficiência, conforme estabelece o Decreto Federal de número 5.296 da Presidência da República do ano de 2004, que estipula que todos os ônibus dos transportes urbanos tenham itens que promovam a acessibilidade.

De toda a frota operacional de Manaus, que equivale a 1.405 ônibus em circulação, 1008 veículos possuem a plataforma elevatória para o embarque e desembarque de cadeirantes, porém nenhuma delas funciona, é denunciado também a falta de treinamento de motoristas e cobradores que é insuficiente para garantir a acessibilidade dos deficientes nos ônibus, fora que, dos 5 terminais de ônibus em Manaus existentes, 2 deles a exemplo dos T2 (Terminal de ônibus do bairro da Cachoeirinha) e o T1 (Terminal de ônibus da Constantino Nery) não possuem rampas de acesso, mas já recebem futuras promessas de reformas.

Diante de todo esse sofrimento vivido pela sociedade, dada a precariedade, má qualidade e descaso com o serviço público de ônibus, a pergunta que não quer calar é: VALE A PENA MESMO O PREFEITO DAR O AUMENTO DA TARIFA?

*Rodrigo Furtado é militante dos Movimentos Sociais do Amazonas e cronista do portal Correio da Amazônia.

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